Comentário o Evangelho João 20, 24-29
A incredulidade de Tomé chama a atenção para os bloqueios para se chegar à fé. Ele estava bloqueado pelo materialismo, exigindo tocar, com o próprio dedo, nas marcas da crucificação deixadas no Ressuscitado. Existiam, porém, outros tipos de bloqueios. De tipo filosófico: o pensamento grego pregava a morte como um ideal. Falar em ressurreição, seria um contra-senso por significar a volta a um tipo de vida desprezível. De tipo religioso: Deus não podia ressuscitar uma pessoa submetida à morte dos malditos. De tipo sociológico: que importância tinha a vida do carpinteiro galileu, a ponto de merecer tal atenção de Deus?
O aspecto mais importante da incredulidade consiste nas suas conseqüências práticas. Quem não acredita na ressurreição, dificilmente crê na possibilidade da vitória da vida sobre a morte, mesmo em algumas experiências simples. Não acredita no valor da vida em comunidade e no valor da união, em vista de lutar pela construção por um mundo melhor. Não acredita que, afinal, a violência não tem sentido e é importante criar uma sociedade baseada no respeito e no entendimento entre todos. Pensando noutra direção: os incrédulos dobram-se diante da maldade, da opressão e da injustiça, e capitulam quando se vêem desafiados a fazer-lhes frente.
A ordem de Jesus a Tomé - "Não sejas incrédulo, mas tenha fé" - vai além da simples denúncia de uma incredulidade teórica, e questiona seu modo de viver, ao se recusar a aceitar que o Mestre estava vivo. Portanto, a conversão do discípulo incrédulo passava, necessariamente, por uma mudança radical do seu agir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário