domingo, 17 de janeiro de 2010

As Bodas de Caná



“Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galileia, e achava-se ali a mãe de Jesus.” 
(Jo. 12, 1)

A Aliança entre Deus e os homens sempre foi representada como um casamento. No Antigo Testamento, Deus é apresentado como o esposo e o povo de Israel, a esposa. Na Nova Aliança realizada em Jesus Cristo, é continuada a imagem das bodas, agora entre Deus e a Igreja. Nas bodas de Caná, os noivos não recebem destaque. Nem sabemos quem são. Os personagens que se destacam são Jesus e Maria.

As bodas entre Deus e a humanidade teve seu ápice em Maria. Nossa Senhora foi a esposa do Espírito Santo. Nela foi gerado o Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Tomando nossa carne no ventre de Maria, Deus estabelece com a humanidade a Sua nova e eterna Aliança que será selada por seu sangue, o vinho novo que nos é dado. A Igreja se torna a Esposa imaculada de Jesus Cristo, uma só carne com Ele. Portanto, mantenhamo-nos na Una e única Igreja de Cristo.(João 2, 1-12)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jesus e a Samaritana - surpreendente aproximação


"Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?"



Será que ele se esqueceu de onde estava?

Será que ninguém contou para ele?

Será que ele é um alienado e não conhece o básico da história desta gente?

Esta gente de Samaria.

Descendentes dos desviados israelitas, que sucumbiram, por castigo de Deus, nas mãos dos assírios incircuncisos...

De como foram levados em cativeiro e nunca mais voltaram?

Que, dos miseráveis que restaram, foram misturados com outros gentios.

Que, além de mestiços, sua religião é misturada, e ainda têm a audácia de competir conosco no que se refere aos lugares sagrados?

Que eles nós não cumprimentamos...

Que para eles não vendemos...

Não nos misturamos...

Não lhes damos nossas filhas em casamento?...

Vosso Rabi não sabe nada disso?

A religião desta mulher é maldita; herética, desviada...

Até ela se espantou...

Mas estava ele lá...

Pedindo, justamente a ela... a ela...

Água para beber...

Tão antigo.

Tão moderno.

Tão próximo.

Mas tão distante.

Surpreendentes são...

Os passos de Jesus...

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Batismo de Jesus


“Quando todo o povo ia sendo batizado, Jesus o foi. E estando a orar, o céu se abriu.”
(Lc. 3, 21)

Jesus não tinha pecado, portanto, não era necessário ser batizado, nem mesmo no batismo de arrependimento de João Batista. Assumindo nossa carne, Jesus quer se colocar entre os pecadores, e, já em Seu batismo, começa a receber sobre Si todos os nossos pecados para nossa salvação, a qual será consumada no batismo de sangue no alto da cruz.

Ao ser batizado, o céu se abriu. O paraíso que estava fechado graças ao pecado de Adão, o que impedia de o homem entrar na glória de Deus é aberto pelo segundo Adão, Jesus Cristo. Pela Sua morte e ressurreição, Jesus nos restituiu a justificação e a graça que nos é dada em nosso batismo. Em nosso batismo, nos tornamos templos de Deus, ungidos pelo Espírito, filhos do Pai. Façamos, então, a vontade de Deus, crendo no Seu Filho amado para mantermos a graça que recebemos no santo batismo.
(Lucas 3, 15-16.21-22)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Não há espinhos sem rosas


É doloroso pensar que a vida de tantos homens não é vivida! Não vivem porque não vêem. E não vêem porque olham o mundo, as coisas os familiares, os homens, com seu próprios olhos.

Para ver bastaria seguir cada acontecimento, cada coisa, cada homem com os olhos de Deus.
Vê quem se insere em Deus, quem sabendo ser Ele "Amor", crê nesse amor e raciocina como os santos: "Tudo o que Deus quer e permite é para minha santificação".

Por isto, alegria e dor, nascimento e morte, angústia e júbilo, fracasso e vitória, encontros, amizades, trabalho, doença e desemprego, guerras e flagelos, sorrisos de criança, carinhos de mãe, tudo, tudo é matéria-prima de nossa santificação.

Em torno do nosso ser, gira um mundo de valores de toda espécie, mundo divino, mundo angélico, mundo fraterno, mundo amável e também mundo adverso, dispostos por Deus para nossa divinização, que é nosso verdadeiro fim. E neste mundo, cada um é o centro, porque a lei de tudo é o amor.

E, se para o equilíbrio divino e humano de nossa vida nós temos, por vontade do Altíssimo, de amar, amar sempre o Senhor e os irmãos, a vontade e a permissão de Deus, os demais seres - quer saibam, quer não - servem, movem-se em sua existência, por nosso amor. De fato, para aqueles que amam, tudo concorre para o bem. Com os olhos enevoados e incrédulos, não vemos, freqüentemente, que cada um e todos foram criados como um dom para nós e nós como um dom para os outros.

Entretanto, é assim. E um misterioso vínculo de amor liga homens e coisas, conduz a história, dispões o fim dos povos e de cada ser, no respeito a mais alta liberdade. Mas, depois de algum tempo que a alma, abandonada em Deus, escolheu como lei de sua vida: "crer no amor", Deus se manifesta, e ela, adquirindo nova visão, vê que de cada prova colhe novos frutos; que a cada batalha segue-se uma vitória, que de cada lágrima desabrocha um novo sorriso; sempre novo, porque Deus é a Vida, que permite o tormento, o mal, por um bem maior.

Compreende que o Caminho de Jesus não culmina na paixão e na morte, mas na ressurreição e na ascensão ao Céu.

Então, o modo de observar as coisas "humanamente" perde cor e sentido, e o amargor não turva mais as breves alegrias de sua vida terrena. Para ela, nada exprime o provérbio cheio de melancolia: "Não há rosas sem espinhos", mas, pela onda da revolução de amor em que Deus a envolveu, dá-se precisamente o contrário: "Não há espinhos sem rosas".

Chiara Lubich

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Jesus e a Samaritana - Rompendo Paradigmas


"Neste ponto, chegaram os seus discípulos e se adiraram de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Porque falas com ela?..." (João 4.27)

Jesus...

Um mestre...

Um rabi...

Falando com uma mulher?...

Mas não diz uma velha oração...

Graças a Deus, Senhor, porque não nasci...

...nem gentio...

...nem cachorro...

...nem mulher?

Os rabinos não ensinaram que era pecado ensinar uma mulher?....

E ainda uma samaritana!....

Ai já é demaiis!!!

E ele chega tão perto dela...

Mas quem ousa lhe fazer pergunta?

Quem ousa tomar lhe satisfações?

Mas isso é estranho...

Muito estranho...

Algo talvez diferentemente novo estava ocorrendo ali...

Jesus quebrou paradigmas... Talvez mais do que muitos poderiam suportar...

E, nós? Quebramos também?

Ou repetimos os mesmos atos sedimentados pela cultura, e pelo costume?

Seria Jesus muito "moderno"? Muito "inovador" para o seu tempo? Muito ousado?...

(...)

Precisamos sempre meditar...

...nos passos de Jesus...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Jesus e a mulher samaritana - Uma lição de humildade


"Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber" (João 4:7)

Jesus.

Um judeu.

Dirige-se a uma mulher.

Uma mulher samaritana.

E lhe pede de beber...

Ele, homem, o filho de Deus...

Coloca-se em uma posição de dependência em relação à mulher samaritana...

Ela se espanta com tal pedido.

Os discípulos se espantam com tal diálogo.

Mas Jesus... Ele é supreendente.

Faz coisas que, para época, ninguém poderia imaginar.

Se dirige a uma mulher, a uma mulher samaritana, e ainda pede água para ela, que, era, para ela, um poço sagrado.

Jesus nos dá uma belíssima lição de aproximação ao outro, ainda que tão diferente de nós...

Estamos nós andando nos passos de Jesus?...

É preciso ir adorá-lo



“Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.” 
(Mt 2, 12)

Aqueles magos vindos do Oriente puderam através dos sinais da natureza serem guiados até Cristo. Neste mundo onde se rejeita Deus e se idolatra a tecnologia, o cientificismo domina as mentalidades e considera-se ignorantes àqueles que creem em Deus, os sábios do Oriente mostram que Deus pode ser encontrado através da razão por aqueles que O procuram. Mas não basta encontrá-Lo pelos estudos, formular uma teoria sobre Ele. É preciso ir adorá-lo, mover-se, mudar de vida, andar por outro caminho. O evangelho não é uma ideologia, mas o encontro pessoal com Jesus Cristo. Herodes também convocou os sábios do Reino. Pela razão também pode descobrir o Cristo. Porém, seu orgulho e o temor de perder o trono fez com que quisesse eliminar Jesus. Quantos filósofos e pensadores não pretenderam e pretendem fazer isto quando se sentem incomodados pela existência de Deus.
(Mateus 2, 1-12)

Por Rodrigo Castellani

sábado, 2 de janeiro de 2010

“Deus vai morar junto deles. Eles serão o seu povo.”



A Palavra de Deus deste mês nos interpela. Se quisermos fazer parte do seu povo, devemos deixar Deus viver entre nós. Mas de que forma isso será possível e como fazer para desfrutar um pouco, antecipando já nesta Terra, daquela alegria sem fim, procedente da visão que teremos de Deus?
Foi justamente isso que Jesus revelou; é precisamente este o sentido da sua vinda: comunicar-nos a sua vida de amor com o Pai, para que também nós a vivamos.

Nós, cristãos, podemos viver esta frase desde já e ter Deus entre nós. Para tê-Lo entre nós, são necessárias certas condições, como afirmam os Padres da Igreja. Para Basílio, é viver segundo a vontade de Deus; para João Crisóstomo, é amar como Jesus amou; para Teodoro Estudita, é o amor mútuo e para Orígenes, é o acordo de pensamento e de sentimentos a fim de alcançar a concórdia que “une as pessoas e contém o Filho de Deus” .

No ensinamento de Jesus está a chave para fazer com que Deus habite entre nós: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. (Jo 13,34b). A chave da presença de Deus é o amor mútuo. “Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós” (1Jo 4,12) porque: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20), diz Jesus.

“Deus vai morar junto deles. Eles serão o seu povo.”

Portanto, não está tão longe e não é inatingível o dia que assinalará a realização de todas as promessas da Antiga Aliança: “Minha morada estará junto deles. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Ez 37,27).
Tudo isso já se realiza em Jesus, que continua, para além da sua existência histórica, presente entre aqueles que vivem segundo a nova lei do amor recíproco, ou seja, segundo a norma que constitui o povo de Deus como um povo.

Essa Palavra de Vida é, portanto, um convite insistente, sobretudo para nós, cristãos, a testemunharmos com o amor a presença de Deus. “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). O mandamento novo vivido dessa forma coloca as premissas para que se atue a presença de Jesus entre os homens. Não podemos fazer nada, se essa presença não estiver garantida; presença que dá sentido à fraternidade sobrenatural que Jesus trouxe à Terra para toda a humanidade.

“Deus vai morar junto deles. Eles serão o seu povo.”

Mas cabe especialmente a nós, cristãos, mesmo pertencendo a diferentes comunidades eclesiais, dar ao mundo um espetáculo de um só povo composto por todas as etnias, raças e culturas, por adultos e crianças, por pessoas doentes e sadias. Um único povo sobre o qual se possa dizer, como se dizia dos primeiros cristãos: “Vede como se amam e estão prontos a dar a vida uns pelos outros”.

É esse o “milagre” pelo qual a humanidade anseia para poder ainda ter esperança. (...) É um “milagre” que está ao nosso alcance, ou melhor, ao alcance Daquele que, morando entre os seus que estão unidos por meio do amor, pode transformar os destinos do mundo, levando a humanidade inteira à unidade.

Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em janeiro de 1999