sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Oitava de Natal


Estamos no período da Oitava do Natal, período este que se inicia em 25 de dezembro e se prolonga até o dia 01 de janeiro. Porém o Natal é uma festa que não tem data para terminar. Devemos fazer com que ele se estenda durante todo o ano, que não seja apenas uma simples festa de confraternização entre colegas de trabalho, amigos e familiares, mas uma festa no verdadeiro sentido que esta palavra encerra: o dia do Nascimento de Jesus Cristo, Senhor nosso.

Mas é isso que sempre acontece todo ano. O Natal não é apenas uma época de confraternização universal, mas a data que mais impulsiona os negócios no mundo inteiro. Por trás das comemorações, há uma grande cadeia produtiva e comercial que movimenta praticamente todos os setores da economia.

É uma época em que as pessoas gastam dinheiro, e decorar suas casas, trocar presentes, está se tornando mais e mais importante, relegando em segundo plano o grande protagonista da festa. Até em países sem histórico religioso, os habitantes estão começando a ver o Natal como uma festa familiar bonita e interessante e se sentem estimulados a fazer dele uma festa do consumismo. A tradição de enfeitar a casa, reunir a família para a ceia e a troca de presentes, se mantém mesmo em tempos de crise, e os consumidores não abrem mão disso.

Mas em meio a toda essa onda de consumismo desenfreado ainda há uma preocupação em se proporcionar um Natal digno às pessoas mais carentes. Graças a esse "espírito" do Natal, elas podem receber a atenção merecida daqueles que durante o ano ignoraram as suas existências. Não fosse as instituições não-governamentais, a Igreja e pessoas de boa vontade que durante todo ano deram-lhes a devida assistência, passariam despercebidas pela grande maioria que nesta época tentam diminuir o peso de suas consciências, presenteando-as.

Que todos nós possamos fazer de nossas vidas um perene Natal. Que em 2009 possamos ser melhores do que fomos em 2008. Que Ele, o aniversariante, nasça e renasça em nós todos os dias.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Onde e quando nasceu Jesus?


Perguntemos a Maria de Madalena, onde e quando nasceu Jesus. E ela nos responderá: - Jesus nasceu em Betânia. Foi certa vez, que a sua voz, tão cheia de pureza e santidade, despertou em mim a sensação de uma vida nova com a qual até então jamais sonhara.

Perguntemos a Pedro quando se deu o nascimento de Jesus. Ele nos responderá: - Jesus nasceu no pátio do palácio de Caifás, na noite em que o galo cantou pela terceira vez, no momento em que eu o havia negado. Foi nesse instante que acordou minha consciência para a verdadeira vida.

Perguntemos a Paulo de Tarso, quando se deu o nascimento de Jesus. Ele nos responderá: - Jesus nasceu na Estrada de Damasco quando, envolvido por intensa luz que me deixou cego, pude ver a figura nobre e serena que me perguntava: "Saulo, Saulo porque tu me persegues?" E na cegueira passei a enxergar um mundo novo quando eu lhe disse: " Senhor, o que queres que eu faça?!"

Perguntemos a Francisco de Assis o que ele sabe sobre o nascimento de Jesus. Ele nos responderá: - Ele nasceu no dia em que, na praça de Assis entreguei minha bolsa, minhas roupas e até meu nome para segui-lo incondicionalmente, pois sabia que somente ele é a fonte inesgotável de amor.

Perguntemos a Joana de Cusa onde e quando nasceu Jesus. E ela nos responderá: - Jesus nasceu no dia em que, amarrada ao poste do circo em Roma, eu ouvi o povo gritar: "Negue! Negue!" E o soldado com a tocha acesa dizendo: "Este teu Cristo ensinou-lhe apenas a morrer?" Foi neste instante que, sentindo o fogo subir pelo meu corpo, pude com toda certeza e sinceridade dizer: "Não me ensinou só isso, Jesus ensinou-me também a amá-lo."

"Perguntemos, a Maria de Nazaré onde e quando nasceu Jesus. E ela nos responderá: - Jesus nasceu em Belém. Foi quando O segurei em meus braços e senti se cumprir a promessa através daquele Menino que Deus enviara ao mundo, para ensinar aos homens o amor".

E você?...Não sabe ainda?.... Tens dúvidas e questionamentos?... Peça então em oração e ele nascerá para você.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Como viver o Evangelho no momento presente?


Se a Escritura ensina a fazer bem as pequenas coisas, esta é exatamente a característica de quem nada mais faz, com todo o coração, senão o que Deus lhe pede no presente.

Se alguém vive no presente Deus vive nele e se Deus está nele, nele está a caridade. Quem vive o presente é paciente, perseverante, manso, é pobre de tudo, é puro, misericordioso, porque possui o amor na sua expressão mais alta e genuína; ama a Deus verdadeiramente, com todo o coração, a alma e as forças; é iluminado interiormente, é guiado pelo Espírito Santo e portanto não julga, não pensa mal, ama o próximo como a si mesmo, tem a força da loucura evangélica de apresentar a outra face, e caminhar por duas milhas...

Muitas vezes encontra-se na posição de dar a César o que é de César, porque em muitos momentos deverá viver plenamente a sua vida como cidadão... e assim por diante.

Quem vive o presente está em Cristo Verdade.

E isto sacia a alma, que sempre anseia possuir tudo, em cada instante da sua vida.

(de Essere tua Parola, Città Nuova Editrice - 2008 p. 51)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Descer para subir

«Jesus veio para reunir, para curar, para criar laços, para reconciliar.
Ele partilhou a nossa angústia para que, através dela, fôssemos capazes de reencontrar o caminho para Deus.
Jesus desceu para subir. "Esvaziou-se de si mesmo... rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome..." (Fl 2, 7-9).

Tudo em mim quer subir. A mobilidade descendente com Jesus choca radicalmente contra as minhas inclinações, contra os conselhos do mundo que me rodeia e contra a cultura da qual faço parte. Para onde quer que me vire sou confrontado com a minha forte resistência a seguir Jesus no seu caminho para o calvário, e com os meus incontáveis modos de evitar a pobreza, quer material, quer intelectual, quer emocional.
Só Jesus, no qual reside a plenitude de Deus, poderia escolher livremente ser inteiramente pobre

(Henri Nouwen, em "A Caminho de Daybreak")

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Paraíso em nós e entre nós


Jesus dirigindo aos apóstolos garantiu-lhes, entre outras coisas, que haveriam de vê-lo novamente, porque ele se manifestaria àqueles que o amam.

Porém Ele explica que a sua manifestação não se daria de modo espetacular e externo. Seria uma simples, mas extraordinária “vinda” da Trindade ao coração do fiel, vinda que se realiza lá onde existe fé e amor.

A sua presença, portanto, pode acontecer desde já nos cristãos e no meio da comunidade; não é necessário esperar o futuro. O templo que acolhe essa presença não é tanto um templo feito de paredes, mas o próprio coração do cristão, que se torna, assim, o novo tabernáculo, a morada viva da Trindade.

Mas como pode o cristão chegar a isso? Como conter em si o próprio Deus? Qual o caminho para entrar nesta profunda comunhão com Ele?

É o amor para com Jesus.

Um amor que não é mero sentimentalismo, mas que se traduz em vida concreta e, mais precisamente, na observância da sua Palavra.

É a este amor do cristão, comprovado pelos fatos, que Deus responde com o seu amor. E a Trindade vem morar nele.

E quais são as palavras que o cristão é chamado a guardar?

No Evangelho de João, a expressão “as minhas palavras” é quase sempre sinônimo de “os meus mandamentos”. O cristão, portanto, é chamado a observar os mandamentos de Jesus. Estes, porém, não devem ser entendidos como um compêndio de leis. Pelo contrário; é preciso vê-los todos sintetizados naquilo que Jesus ilustrou com o lava-pés; o mandamento do amor recíproco. Deus ordena que cada cristão ame o outro até a doação total de si mesmo, como Jesus ensinou e fez.

E como poderemos viver bem esta Palavra? Como chegar ao ponto em que o próprio Pai nos amará e a Trindade virá habitar em nós?

Atuando com todo o nosso coração, com radicalidade e perseverança, o amor recíproco entre nós.

É principalmente nisto que o cristão encontra também o caminho daquela profunda ascese cristã que o Crucificado exige de nós. É justamente o amor recíproco que faz florescer no seu coração todas as virtudes e é nesse amor que se coloca à prova, com segurança, a própria santificação.


É, enfim, no amor recíproco que Jesus está presente, como Ressuscitado, no coração dos cristãos e no meio deles.


Chiara Lubich









quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Não seja feita a minha vontade, mas a tua.


Você se lembra? É a oração que Jesus dirige ao Pai no Horto das Oliveiras e que dá sentido à sua paixão, depois da qual veio a ressurreição. Essa frase exprime em toda a sua intensidade o drama que se passa no íntimo de Jesus. Revela a ferida interior provocada pela repugnância profunda da sua natureza humana diante da morte que o Pai quis para ele.

Mas Cristo não esperou esse dia para adequar a sua vontade à vontade de Deus. Ele fez isso durante toda a vida. Se foi essa a conduta de Cristo, essa deve ser a atitude de cada cristão. Também você deve repetir na sua vida:

“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”

Talvez você ainda não tenha pensado nisso, mesmo sendo batizado, mesmo sendo filho da Igreja. Talvez você tenha reduzido essa frase a uma mera expressão de resignação, que se pronuncia quando não se pode fazer mais nada. Mas essa não é a sua verdadeira interpretação. Veja bem. Na vida você pode escolher uma destas duas direções: fazer a própria vontade ou optar livremente por fazer a vontade de Deus.

Então você terá diante de si duas possibilidades: a primeira, que será logo decepcionante, porque você vai querer escalar a montanha da vida com suas idéias limitadas, com seus próprios recursos, com seus pobres sonhos, somente com as suas forças.

A partir daí, mais cedo ou mais tarde, virá a experiência da rotina de uma existência marcada pelo tédio, pela mediocridade, pelo pessimismo e, às vezes, pelo desespero.
A partir daí virá a experiência de uma vida monótona – apesar dos seus esforços para torná-la interessante – que nunca chegará a satisfazer suas exigências mais profundas. Isso você tem que admitir, não pode negar. A partir daí, no final de tudo, ainda virá uma morte que não deixará rastro algum, mas apenas algumas lágrimas e depois o esquecimento inexorável, total e universal. A segunda possibilidade é aquela em que também você repete:

“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”

Veja bem: Deus é como o sol. Do sol partem muitos raios que atingem cada homem: representam a vontade de Deus para cada um. Na vida, o cristão, e também todo homem de boa vontade, é chamado a caminhar rumo ao sol, na luz do seu próprio raio, diferente e distinto de todos os outros. Assim realizará o projeto maravilhoso, pessoal, que Deus preparou para ele.
Se também você agir assim, vai se sentir envolvido numa divina aventura, nunca sonhada. Você será ao mesmo tempo ator e espectador de algo grandioso que Deus realiza em você e, por meio de você, na humanidade.

Tudo o que lhe acontecer, como sofrimentos e alegrias, graças e desgraças, fatos de relevo (como sucessos e sorte, acidentes ou mortes de entes queridos), fatos corriqueiros (como o trabalho do dia-a-dia em casa, no escritório ou na escola), tudo, tudo vai adquirir um significado novo porque lhe será oferecido pelas mãos de Deus que é Amor. Tudo o que ele quer, ou permite, é para o seu bem. E se, de início, você acreditar nisso somente com a fé, depois enxergará com os olhos da alma como que um fio de ouro a ligar acontecimentos e coisas, a tecer um magnífico bordado, que é o projeto que Deus preparou para você.

Talvez você se sinta atraído por esse modo de ver as coisas, talvez queira sinceramente dar à sua vida o sentido mais profundo. Então ouça. Antes de tudo vou lhe dizer quando você deve fazer a vontade de Deus. Pense um pouco: o passado já se foi e você não pode mais alcançá-lo; só lhe resta colocá-lo na misericórdia de Deus. O futuro ainda não chegou; você vai vivê-lo quando ele se tornar atual. Apenas o momento presente está em suas mãos. É justamente nele que você deve procurar viver a frase:

“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”

Quando você viaja – e também a vida é uma viagem –, permanece sentado tranqüilamente em seu lugar. Nem lhe passa pela cabeça a idéia de ficar caminhando para frente e para trás no ônibus ou no vagão do trem.

Essa atitude seria de quem quisesse viver a vida sonhando com um futuro ainda inexistente, ou pensando no passado que jamais voltará. Não, o tempo caminha por si mesmo. É preciso concentrar-se no presente; então chegaremos à plena realização de nossa vida terrena.

Você me perguntará: mas como posso distinguir entre a vontade de Deus e a minha?
No presente não é difícil saber qual é a vontade de Deus. Vou lhe indicar um caminho: preste atenção à voz do seu íntimo, uma voz sutil, que talvez você tenha sufocado muitas e muitas vezes, e que se tornou quase imperceptível. Mas, procure ouvi-la bem – é voz de Deus (Jo 18,37; Ap 3,20).

Ela lhe diz que este é o momento de estudar, ou de amar algum necessitado, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou outro dever de cidadão. Ela o convida a dar ouvidos a alguém que lhe fala em nome de Deus, ou a enfrentar corajosamente situações difíceis...

Ouça, ouça. Não sufoque essa voz. É o tesouro mais precioso que você possui. Siga-a. E, então, você construirá momento por momento a sua história, que é ao mesmo tempo história humana e divina, porque feita por você em colaboração com Deus. E você verá maravilhas. Verá o que Deus pode realizar numa pessoa que diz com toda a sua vida:

“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”


Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em agosto de 1978.