segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cristãos dormentes.

Antigamente ensinava-se que os membros da Igreja Católica formavam três grandes grupos: o militante, que “peregrina” na Terra, trabalhando pelo Reino; o padecente, formado por aqueles que, depois da morte, estão purificando-se para poder entrar na Vida Eterna; e o triunfante, formado por aqueles bem-aventurados que já estão na presença do Pai. 

Pois bem, hoje poderíamos acrescentar outra categoria a mais: a Igreja dos cristãos dormentes.

Pertencem a este grupo os que batizam seus filhos na Igreja e gostam de convocar um montão de sacerdotes para celebrar o funeral do pai ou da mãe (pois até isto quantificam e tomam por critério de distinção e classe), mas passam o resto de sua vida ignorando a Igreja a que dizem pertencer. Espiritualistas no domingo, de meio-dia a meio-dia e meio, e materialistas no resto da semana, vivem com desânimo tudo o que soe a religioso.

Mudam ritos por segurança, buscam precauções, prudências, virtudes adornadas de soníferos. Falsos crentes, sua tibieza levou-os a considerar virtuoso que não é senão uma dimensão de si mesmos. E assim, acabam por chamar mansidão à debilidade de caráter, humildade à sua impotência, resignação à sua covardia. E são os que, no final, acabam por protestar e enfadar-se quando Deus não se rende à sua vontade: Faça-se a minha vontade assim no céu como em minhas terras.

Lembram-se da Igreja-instituição só para criticá-la. E nisto, andam bem atentos em destruir. São especialistas em criticar o Papa: se viaja, porque viaja; se não, porque não viaja. Se é velho, porque é velho. E se é velho e viaja, pior ainda. E criticam o bispo, o pároco da paróquia, a este ou aquele movimento. Só eles, para além do bem ou do mal, parecem estar com a verdade sobre o que a Igreja deveria ser. Mas, enquanto criticam, não movem um dedo sequer par fazer bem as coisas. E nem para fazê-las mal. E a quem faz, alvejam-no, submetem-no a todo o tipo de críticas, reprimendas, corretivos e sermões. Nem fazem, nem deixam fazer. Não querem compromissos, mas não suportam o compromisso dos outros. E a partir do seu espelho, criticam, queixam-se, exigem e apontam ex catehedra.

Acordam só para assistir, entediadamente, a alguma procissão, à celebração de algumas bodas, ou à “Primeira Comunhão” da criança (que consiste cada vez mais na copiosa festa pós-sacramental do que no mesmo sacramento, não faltando nunca quem aconselhe ao pároco que termine rapidinho, pois há pessoas que os esperam no restaurante).

Assistem “religiosamente” à partida de futebol do sábado e do domingo, mas à Eucaristia, participarão se estiverem com vontade, e se tudo estiver bem. Sonolentos no sábado e no domingo, e estressados durante a semana, colocarão todos os tipos de desculpas para não assistirem a alguma reunião de formação. Mas sempre terão tempo para alguma viagenzinha de fim de semana, para conseguir descontos ou para fazer alguma hora extra na empresa. Dinheiro é dinheiro.

Recusam toda opinião que venha da “hierarquia católica” como “imposição intolerável”, mas se abrirão de par em par, a crítica e tolamente a qualquer opinião alheia, dita por qualquer pessoa em qualquer lugar, especialmente a aqueles que atacam sua própria Igreja, sem fazer o mínimo esforço para buscar nas fontes a verdade do que se disse. Sempre atentos aos desmandos do pároco de tal ou qual cidade, nunca terão olhos nem ouvidos para reconhecer o trabalho intenso e fecundo feito pelos católicos militantes.

Cristãos tíbios, sem fascinação, tristes, porque já não crêem em nada, não conhecem a alegria da Salvação, porque nada querem saber de salvação nem de “kerigmas”.

Esta Igreja dormente perdeu seu primeiro impulso, seu entusiasmo, seu vigor. Não é nem fria, nem quente. Já não sabe quem é, nem se recorda do que recebeu. É uma Igreja de corações covardes e mãos débeis. Não luta, nem faz penitência, nem se alegra. 

José Manuel Domínguez Prieto
In: Almudi.org

És Tu Senhor, meu único bem

Diante de uma dor física ou espiritual, diante de um imprevisto, de urna desgraça, de uma incompreensão familiar ou social, diante de tudo aquilo que nos incomoda e nos sentimos mal é necessário concentrar-se e, com a alma, pôr-se diante de Deus que está em nós e dizer-lhe: “Esta dor não é aquilo que parece, isto é, falta de paz, de luz, de alegria, de compreensão, de companhia, não é aquele Pecado, aquela traição etc., esta realidade és Tu”. 

De fato todo o negativo de cada homem, todo o negativo do mundo, Jesus tomou sobre si, revestiu-se disso, compenetrou este negativo e a tudo redimiu. O Filho, transformado naquele horror, pareceu não ser reconhecido pelo Pai e Jesus não sentiu mais o amoroso olhar paterno sobre si e não mais gritou: “Meu Pai”, mas: “Meu Deus”. Aquelas palavras de Jesus parecem um grito de revolta, de desespero. Ele é Deus que sabe tudo e, no entanto, pergunta: “Por que?!" Queria doar-nos o Pai e por isso, num certo momento, não mais o viu, não sentiu sua presença. Por isso nós, apenas reconhecemos precisamente a sua realidade naquela nossa dor, depois de dizer-lhe “Es Tu”, o amávamos. 

Todo sofrimento e toda dor era, portanto, um encontro com ele. Era como se Jesus naquele particular sofrimento se manifestasse a nossa alma e nos perguntasse: “Você me ama também nesta circunstância?”. Então lhe dizíamos: “Eu não quero a saúde, a paz, a alegria, a solução, a luz etc., mas eu quero o que me faz sofrer porque és tu”. E, tendo abraçado Jesus Abandonado, voltávamos ao trabalho, ao descanso, as atividades daquele dia, ancorados nele, projetados nele, sem considerar aquele nosso pequeno sofrimento que talvez tinha atingido a todos. E depois de um pouco víamos clarear-se o céu de nossa alma.

Doriana Zamboni

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.

“E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.” (Lc. 4, 23)

Após Sua pregação na cidade de Nazaré, onde cresceu e viveu a maior parte de Sua vida, Jesus é rejeitado pelo povo. A familiaridade com Jesus, o conhecimento de Suas origens, vida simples e de Sua família fizeram com que o povo nazareno não acreditasse que Ele era o Messias. A rejeição foi tamanha e se indignaram tanto que resolveram matar Jesus. Era uma pequena amostra da grande rejeição da maioria do povo judaico – rejeição que perdura até hoje. Jesus cita exemplos de como o povo de Israel rejeitou e desacreditou nos profetas enviados por Deus e como estes se voltaram para os gentios. A rejeição do povo de Israel abriu as portas da Igreja e da salvação aos outros povos. Diante do processo de descristianização do Ocidente e aumento da rejeição de Cristo não estamos tomando o mesmo caminho dos judeus? (Lucas 4, 21-30)