sábado, 12 de janeiro de 2008

Orai continuamente


“Orai continuamente.”
(1Ts 5,17)

Este ano a “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos” comemora o seu centenário. O “Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos” foi celebrado pela primeira vez de 18 a 25 de janeiro1 de 1908. Sessenta anos mais tarde, em 1968, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foi preparada em conjunto pela Comissão Fé e Constituição (do Conselho Mundial de Igrejas) e pelo Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (da Igreja Católica). Assim, desde então, todos os anos, cristãos católicos e de diversas outras Igrejas se reúnem para preparar um pequeno livro com sugestões para a celebração da Semana de Oração.

A Palavra escolhida este ano, por um amplo grupo ecumênico dos Estados Unidos, vem da Primeira Carta de são Paulo aos cristãos de Tessalônica, na Grécia. Era uma comunidade pequena, jovem, e Paulo sentia a necessidade de que a unidade entre seus membros fosse cada vez mais firme. Por isso, convidava-os a “conservar a paz”, a ser pacientes para com todos, a não retribuir o mal com o mal, mas a procurar sempre o bem entre eles e para com todos, e também a “orar continuamente”, como que salientando que a vida de unidade na comunidade cristã só é possível quando existe uma vida de oração. O próprio Jesus orou ao Pai pela unidade dos seus: “Que todos sejam um”2.


“Orai continuamente.”

Por que “orar continuamente”? Porque a oração é essencial para a pessoa enquanto ser humano. Fomos criados segundo a imagem de Deus, como interlocutores, como um “tu” de Deus, capazes de estar numa relação de comunhão com Ele. Portanto, a relação de amizade, o diálogo espontâneo, simples e verdadeiro com Ele – isso é oração – é realidade constitutiva do nosso ser, que tornar possível sermos pessoas autênticas, na plena dignidade de filhos e filhas de Deus.

Tendo sido criados como um “tu” de Deus, podemos viver em constante relação com Ele, com o coração cheio de amor derramado pelo Espírito Santo e com aquela confiança que se tem diante do próprio Pai: aquela confiança que nos leva a falar freqüentemente com Ele, a expor-lhe todas as nossas coisas, as nossas preocupações, os nossos projetos; confiança que nos faz esperar com impaciência o momento dedicado à oração – entrecortada durante o dia por outros compromissos de trabalho, de família –, para nos colocarmos em contato profundo com Aquele que nos ama.

Precisamos “orar sempre”, não somente pelas nossas necessidades, mas também para colaborarmos na edificação do Corpo de Cristo e para contribuirmos com a plena e visível comunhão na Igreja de Cristo. Este é um mistério que podemos de certo modo intuir quando pensamos nos vasos comunicantes: ao acrescentarmos água num deles, o nível do líquido sobe em todos eles. O mesmo acontece quando alguém ora. A oração é uma elevação da alma a Deus para adorá-lo e agradecer-lhe. Analogamente, quando uma pessoa se eleva, elevam-se também as outras.


“Orai continuamente.”

Como podemos “orar continuamente”, sobretudo quando nos encontramos no corre-corre da vida de cada dia?
“Orar continuamente” não significa multiplicar os atos de oração, mas orientar a alma e a vida para Deus, viver cumprindo a sua vontade: estudar, trabalhar, sofrer, repousar e até morrer por Ele. A tal ponto que não mais conseguimos viver no dia-a-dia sem termos antes nos colocado de acordo com Ele.
Então, a nossa vida se transforma numa ação sagrada, e o nosso dia se torna uma oração.
Pode nos ajudar o fato de oferecer a Deus cada ação realizada, dizendo: “Por ti, Jesus!”; ou então, nas dificuldades: “O que importa? Amar-te importa!”. Assim, transformaremos tudo num ato de amor.
E a oração será contínua, porque contínuo será o amor.


Chiara Lubich

1) No Hemisfério Norte, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é celebrada de 18 a 25 de janeiro. No Brasil é celebrada entre a Ascensão e Pentecostes (neste ano será de 4 a 11 de maio); 2) Jo 17,21.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Epifania : Manifestação de Deus aos homens


"Vimos e Viemos"

Celebramos hoje a festa da EPIFANIA. É a conclusão do tempo litúrgico do Natal, lembrando a adoração de Jesus pelos Magos, representantes das pessoas do mundo inteiro

A palavra "Epifania" significa: Manifestação de Deus aos homens. A Liturgia desse domingo leva-nos à manifestação de Jesus.

Ele é uma "Luz", que se acende na noite do mundo, ilumina os caminhos dos homens e os conduz ao encontro da Salvação.

A 1ª Leitura anuncia a chegada da Luz salvadora do Senhor, que transfigurará Jerusalém e atrairá a ela todos os povos. (Is 60,1-6) Esta Jerusalém nova representa a Igreja, comunidade dos que aderiram a Jesus e acolheram a Luz salvadora.

A 2ª Leitura apresenta o projeto salvador de Deus, que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos, numa mesma comunidade de irmãos, a comunidade de Jesus. (Ef 3,2-3a.5-6)

No Evangelho, vemos a concretização da promessa da 1ª leitura. (Mt 2,1-12) Guiados pela Estrela, os Magos vêm ao encontro de Jesus. Representam todos os povos da terra, que atentos aos sinais, procuram com esperança o Messias até encontrar.

A narrativa não é uma reportagem jornalística, mas uma CATEQUESE sobre Jesus e sua Missão.

A ESTRELA inventada por São Mateus, não é um astro no céu, mas a pessoa de Jesus. Ele é a "Luz" anunciada pelos profetas.

Os MAGOS representam todos os povos, que vão ao encontro de Jesus e se deixam guiar pela sua mensagem de paz e de amor.

A Intenção de Mateus era apresentar Jesus como o NOVO MOISÉS...

O ungido de Deus, recusado pelos judeus e aceito pelos pagãos, que formarão o novo Israel, o novo povo de Deus: a Igreja.

S. Mateus resume: "Vimos e Viemos"

ATITUDES diante da estrela:

- ADORAÇÃO: os Magos viram a "estrela", deixaram tudo e puseram-se a caminho. Diante dele, reconheceram a Luz do mundo, se ajoelharam e o adoraram.

- INDIFERENÇA: Os Sacerdotes o conheciam bem nas Escrituras. Sabiam até o lugar onde deveria nascer, mas não perceberam o sinal da chegada, nem se preocuparam de ir ao seu encontro. Estavam muito seguros de sua sabedoria... e por isso não tiveram a alegria de encontrar e adorar o Salvador.

- REJEIÇÃO: Herodes tentou até apagar esta Luz. Isto simboliza os grandes”, que temem a sua chegada. Poderia roubar-lhe o trono. Todos viram: um menino recém-nascido,mas as opções foram diferentes...

Com quem nos assemelhamos?

- Com os MAGOS, atentos aos sinais, capazes de ler os acontecimentos da vida e do mundo à luz de Deus?

- Com os SACERDOTES, orgulhosos do saber, mas acomodados?

- Com HERODES, que procura matar o menino?

O itinerário seguido pelos magos reflete o processo que os pagãos seguiram para encontrar Jesus:

- Estão atentos aos sinais (estrela);

- percebem que Jesus traz a Salvação;

- põem-se a caminho para o encontrar;

- perguntam aos judeus, que conhecem as Escrituras, o que fazer;

- encontram Jesus e o adoram...

Um caminho a seguir à procura de Deus...

Nesse relato, descobrimos as etapas do nosso caminho à procura de Jesus:

- Sensibilidade em distinguir os sinais de Deus…

- Generosidade de aceitar...


"Os magos viram a estrela e vieram adorá-lo".

Os magos não perderam a esperança:

- na incompreensão dos contemporâneos…

- nas dificuldades da longa caminhada…

- na maldade de Herodes…

- no ambiente rústico do presépio do Rei dos judeus...

Se olharmos o mundo e os homens com os olhos da fé… tudo será uma perene EPIFANIA...

Os magos não vão de mãos vazias!

Ofereceram as suas riquezas: ouro, incenso e mirra...

- O que temos nós a oferecer?


Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa CS
06.01.2008