quarta-feira, 22 de abril de 2009

Human Life International premia Arcebispo de Olinda e Recife


Dom José Cardoso Sobrinho foi premiado pela organização internacional por seu desempenho a favor da vida.


A noite de 16 de Abril foi marcante para a Igreja de Olinda e Recife. Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo desta arquidiocese, foi condecorado com sua equipe pela Organização Human Life International (HLI - Vida Humana Internacional), uma associação pró-vida. A cerimônia ocorreu no auditório do Colégio Damas entre as 20 e 23 horas e reuniu cerca de 1200 pessoas, vindas de todos os lugares.

Dom José ganhou notoriedade da Igreja no mundo inteiro ao se empenhar e lutar pela vida dos dois gêmeos nascituros da menina grávida de apenas 9 anos de idade, encontrando oposição e crítica tanto dentro como fora da Igreja.

O episódio ocorreu quase um ano depois de Dom José colocar seu cargo de Arcebispo à disposição do Vaticano por ocasião do seu 75º aniversário, conforme exige o código de direito canônico. Desde então, aguarda em exercício o anúncio de um sucessor.

A cerimônia de premiação teve início com o hino nacional e, em seguida, a leitura do Evangelho, que concluía com a afirmação de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Eu vim para que todos tenham vida" (Jo 10,10). Este teve o comentário do Pe. Moisés, que enfatizou que "a missão da Igreja é a mesma dos Apóstolos: testemunhar a vitória da vida sobre a morte". Que "o papel dos pastores é defender a vida e o evangelho da vida". Concluiu lembrando que "o rei da vida foi morto mas reina glorioso".

Em seguida, o Pe. José Edson, aquele padre de Alagoinha que recorreu a Dom José em busca de apoio, discursou sobre a realidade vivida pelo povo de seu pequeno município. Falou que mesmo em tempo de Páscoa, o povo luta entre dores e sofrimento. Com gratidão declarou: "Dom José abraçou a causa sem imaginar os desfechos, diante de uma mídia que apedreja quem defende a vida e aplaude quem mata!"


Na sequência, Márcio Miranda - advogado da Arquidiocese - discorreu cronologicamente os dramáticos acontecimentos, do momento em que o Pe. Edson recorreu a Dom José até a descoberta do procedimento do aborto, o que chamou de "assassinato brutal de dois bebês". Concluiu enfatizando que "não iremos nos subjugar àqueles que defendem a cultura da morte".

Tomando a palavra, Raymond de Souza - diretor da HLI para os países de língua portuguesa - discorreu sobre a cultura da morte no mundo inteiro e o papel da Igreja frente a esta realidade. Comentou, por exemplo, que enquanto o atentado do 11 de Setembro deixou quase 3000 vítimas, no mundo inteiro realiza-se o aborto 4000 vezes por dia. Constatou ainda que há um esforço político mundial voltado à contracepção e ao incentivo ao aborto e à eutanásia, e que quando conseguirem esse objetivo, nada os impedirá de agirem diretamente pela "desfiguração e destruição da Igreja".

Quanto à realidade da Igreja no Brasil, maravilhou-se ao perceber o compromisso assumido pelos bispos segundo o documento de Taubaté, que pode ser resumido em seus últimos parágrafos. Mas, ao mesmo tempo, com pesar reconheceu que poucos bispos efetivamente têm assumido este compromisso com a seriedade devida, e alguns deles simplesmente ignoram o documento.

Citou o martírio de tantos homens e mulheres da Igreja ao longo dos séculos em fazer valer a lei de Deus sobre a dos homens. E com tristeza constatou que muitos bispos hoje cedem às pressões políticas.

Antes da entrega das condecorações, o Monsenhor Ignacio Barreiro-Carámbula apresentou a HLI em sua origem, desafios e propósitos, concluindo com o conhecimento e a escolha de Dom José para receber o prêmio.

Por fim, Dom José tendo recebido o troféu com sua equipe, dedicou a homenagem às três crianças (os gêmeos abortados e a criança de nove anos ex-gestante). Em seu discurso final, agradeceu a toda a sua equipe e a todos os que, no mundo inteiro, manifestaram seu apoio.

Era o momento de reconhecer que Deus consegue tirar coisas boas dos piores acontecimentos. Dom José Cardoso lembrou que, mesmo não tendo conseguido evitar o aborto dos gêmeos, pôde perceber claramente que o episódio produziu bons frutos, pois despertou a consciência dos católicos sobre a necessidade de colocar a lei de Deus acima de qualquer lei humana.

No período de Quaresma, a semente morreu e, na Páscoa, produziu frutos. Através destes últimos acontecimentos, Deus ofereceu ao Arcebispo de Olinda e Recife, em fim de mandato, a oportunidade de imortalizar-se na História da Igreja pela fidelidade ao Evangelho da Vida. Ao mesmo tempo, concedeu ao povo desta Igreja - sobretudo aos críticos - a oportunidade de reconhecer com que coragem e destemor seu pastor luta pelos valores de sua Igreja.

Dom José, não obstante a incompreensão e a falta de apoio dos membros de sua própria Igreja, permaneceu fiel. Mas e os críticos membros desta Arquidiocese, será que, ainda que tardiamente, foram capazes de render graças a Deus pelo Dom que lhes foi entregue? Em tempo: também foram condecorados com medalhas o Monsenhor Edvaldo Bezerra (Vigário Geral), o chanceler Pe. Cícero Ferreira, o Pe. Moisés Ferreira (reitor do Seminário Menor), o Pe. José Edson e Márcio Miranda.



Por Anderson Pontes (texto e imagens)

sábado, 11 de abril de 2009

Sábado Santo


O verbo fez-se silêncio...
E no silêncio continuamos a ouvir as últimas palavras de Jesus...
"Tudo está consumado"
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O que estava consumado?
O plano da redenção do homem, longo como a história, estava consumado. A mensagem de Deus para o homem havia terminado. As palavras de Jesus como homem na terra não mais se repetiriam. A tarefa de escolher discípulos terminara. O trabalho estava terminado. A canção fora cantada. O sangue derramado. O sacrifício feito. O aguilhão da morte fora removido. Tudo acabara. Mas, algo novo se iniciava... O Sopro de Deus, o novo Sopro começa na cruz. É um sopro silencioso. Jesus dá tudo de si mesmo, consome-se. Ele se torna nada, para doar tudo: “Emitiu o sopro”. O seu Espírito.

Haverá uma nova vida pelo mundo. Jesus agirá em nós, encontrará pessoas renovadas, mortas no homem velho. E por nosso meio falará, evangelizará, curará a humanidade. Isso irá acontecer, porém, no silêncio do sepulcro. A nós cabe-nos rezar, amar e deixar o Espírito agir.


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Fonte: Eu estou aki..

quinta-feira, 9 de abril de 2009

5ª feira Santa

"Cristo verdadeiro e único sacerdote, se ofereceu como vítima de salvação e nos mandou perpetuar esta oferenda em sua comemoração".

Tão sublime Sacramento, adoremos neste altar,
Pois o Antigo Testamento deu ao Novo seu lugar.
Venha a Fé, por suplemento os sentidos completar.
Ao eterno Pai cantemos e a Jesus, o Salvador.
Ao Espírito exaultemos na Trindade, Eterno Amor.
Ao Deus Uno, e Trino demos a alegria do louvor.
Amém, Amém.

Agradeçamos a Jesus a instituição da Eucaristia, memorial, atualização do sacrifício da cruz, presença salvífica de Jesus em nosso meio, alimento espiritual e garantia de vida eterna. Rezemos pelos nossos sacerdotes e pelas vocações sacerdotais para que não nos falte santos qualificados e numerosos ministros para anunciar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos e servir o povo de Deus.

Na Última Ceia, Jesus lavou os pés de seus apóstolos. Na Quinta-feira Santa acontece a cerimônia do lava-pés para lembrar o gesto de Jesus, que simboliza a humildade.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A Igreja é uma Democracia?

“A Igreja é um projeto nascido no coração do Pai”
(CIC §759).


Algumas pessoas, ás vezes até teólogos, muito enganados, querem fazer da Igreja Católica uma democracia como as demais. Um exemplo disso partiu de alguns católicos austríacos que publicaram em 1998 o Manifesto “Nós somos Igreja”. O Manifesto pedia mudanças na disciplina da Igreja, a abolição do celibato sacerdotal, a ordenação de mulheres, e outras coisas.

Em 20/11/98 em um discurso aos bispos da Áustria no Vaticano, O papa João Paulo II explicou com clareza que:

“Sobre a Verdade Revelada nenhuma «base» pode decidir. A verdade não é o produto de uma «Igreja que vem de baixo», mas um dom que vem «do alto», de Deus. A verdade não é uma criação humana, mas dom do céu. O próprio Senhor a confiou a nós, sucessores dos Apóstolos, a fim de que - revestidos de «um carisma da verdade» (Dei Verbum, 8) - a transmitamos integralmente, a conservemos com zelo e a exponhamos com fidelidade (cf. Lumen gentium, 25)”.

A Igreja não pode ser considerado como uma democracia igual às outras e “as bases” não podem decidir através da maioria ou de pesquisa de opinião, porque a verdade Revelada, confiada à Igreja, é um dom do Alto confiado à hierarquia, e não nascida do povo. Em outras palavras, a Igreja veio do Pai, através do Filho, guiada, assistida e conduzida pelo Espírito Santo. O povo não pode tomar o lugar de Deus na Igreja; por isso não tem sentido a tão propalada “Igreja Popular”. Aliás, sobre isso, é interessantíssimo ler o livro com esse título, de D. Boaventura Kloppenburg, grande bispo emérito de Novo Hamburgo no RS; que teve grande participação no Concílio Vaticano II.

A Igreja não é uma república democrática; “é um mistério”; um sacramento, através do qual Cristo “toca”, pelos sacramentos, cada ser humano para salvá-lo. “Para o Concílio o mistério da Igreja consiste no fato que, através de Cristo, nós temos acesso ao Pai num só Espírito, para participarmos assim da mesma natureza divina (cf. Lumen gentium, 3-4; Dei Verbum, 1)”,disse o Papa.

Falando aos bispos da Áustria, ele se referiu a alguns pontos especiais, disse por exemplo: “mesmo se a maior parte da sociedade decidisse diferentemente, a dignidade de cada ser humano continua inviolável desde o início da vida no seio materno até seu fim natural, desejado por Deus”. E ainda: apesar das contínuas manifestações, como se se tratasse de uma questão disciplinar, “a Igreja não recebeu do Senhor a autoridade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres”. O Papa já tinha declarado isso na Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis (22 maio 1994). Eis o que disse:

“Para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição da Igreja divina, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”.

Outro aspecto que o Papa abordou com os bispos da Áustria foi a questão mal interpretada do “Povo de Deus”. Disse:

“A expressão bíblica “povo de Deus” (Iaós tou Theou) foi entendida no sentido de um povo estruturado politicamente (demos) de acordo com as normas válidas para todas as sociedades. E, como a forma de regime mais próxima da sensibilidade atual é a democracia, difundiu-se entre um certo número de fieis a exigência de uma democratização da Igreja. Vozes neste sentido se multiplicaram também em seu país, como além de suas fronteiras”.

Neste discurso o Papa lembra que há dois vocábulos gregos para designar “povo”, “laós” e “démos”. Todavia os escritos do Novo Testamento usam exclusiva o termo “laós” quando descrevem o povo santo de Deus. De “laós” deriva-se o adjetivo “lailós”, leigo, membro do povo santo de Deus, povo santo que corresponde à “qahal” do Antigo Testamento. Esse povo santo tem sua organização hierárquica instituída pelo próprio Deus, diferente da constituição democrática do “demos” ou do povo civil. (D. Estevão Bettencourt)

Assim, a Igreja não é nem república nem monarquia; é “um mistério”, um sacramento, uma realidade divino-humana, que tem seu princípio de autoridade em Jesus Cristo, e não no povo. Se a Igreja tivesse nascida do povo e fosse mantida por ele, já teria sucumbido há muito tempo como os reinos que passaram pela terra. A Igreja é infalível (cf. Cat. §891/2) e invencível (cf. Mt 16,18) é porque é divina. Cristo se faz representar por ministros que Ele escolhe, tendo à frente o sucessor de Pedro ou o Papa. Entretanto, o Papa governa a Igreja com o colegiado dos Bispos, mas isso não quer dizer nem de longe que a Igreja seja uma mera democracia. É muito mais, é transcendente, por isso não é entendida pelos homens e mulheres mundanos, que a querem “adaptada aos modismos”.

A Igreja usa o voto para decidir muitas coisas, inclusive a eleição do Papa, e muitas outras decisões importantes, mas nada que se refere à Revelação; às verdades básicas da fé, pode ser decidido no voto do clero ou do povo. O nosso Credo tem dois mil anos e jamais será modificado, porque foi Revelado por Deus e não inventado pelo povo. Se dependesse do voto do povo já teria sido despedaçado e sumido.

Da mesma forma o ministério dos Bispos e presbíteros não dispensa a participação dos leigos, ao contrário, cada vez a valoriza mais, como fez o Concilio Vaticano II (L G nº 32); mas o governo da Igreja é diferente dos governos civis, o poder sagrado vem de Jesus Cristo e não do povo. A visão de fé da Igreja supera as normas de qualquer república democrática moderna; a colegialidade que Cristo desejou para a Igreja transcende os esquemas humanos. E isso é a garantia da Igreja ser infalível (em fé em moral) e invencível. Se ela fosse conduzida pelo povo as Promessas do Senhor não poderiam ser cumpridas.

Na Igreja o Papa exerce o poder supremo e incontestável porque isso é vontade de Cristo. A Pedro Ele disse: “tudo o que você ligar na terra eu ligo no céu” (Mt 16,19) e lhe deu “as chaves” da Igreja, “germe do Reino de Deus” (LG 4). Da mesma forma disse aos Apóstolos: “tudo o que vocês ligarem na terra eu ligo no céu“ (Mt 18,18). E mais: “quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10,16). /e os enviou em seu Nome: Ide!

Esta é a lógica de Deus para a salvação do mundo: O Pai enviou o Filho, e o Filho enviou a Igreja. A Igreja vem do Alto e não de baixo, como querem alguns. Isto seria a sua total ruína. Aos bispos da Áustria o Papa disse em 1998:

“Ao Sucessor de Pedro foi confiada a missão de confirmar na fé os seus irmãos (Lc 22, 32) e de ser, na Igreja, «o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (LG, 18), pela qual, aliás, todos os Bispos, juntamente com ele, são a modo próprio responsáveis”.

“Uma Igreja concebida exclusivamente como comunidade humana não seria capaz de encontrar respostas adequadas à aspiração humana e a uma comunhão capaz de sustentar e dar sentido à vida. As suas palavras e ações não poderiam resistir diante da gravidade das questões que pesam sobre os corações humanos”. “A Igreja como mistério consola-nos e, ao mesmo tempo, encoraja-nos. Ela transcende-nos e, como tal, pode tornar-se embaixadora de Deus”. “Ai da Igreja se estivesse muito empenhada nas questões temporais, e não encontrasse o tempo para se ocupar das temáticas que se referem ao eterno!”

Graças a Deus a Igreja nasceu de Deus e é por Ele mantida; não queiramos mudar isso. O Catecismo diz que “A Igreja é um projeto nascido no coração do Pai” (§759).

Prof. Felipe Aquino –
Editora Cleofas

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Vigiai, pois não sabeis quando virá o Senhor


Já observou que geralmente você não vive, mas vai levando a vida na espera de um “depois” que lhe traria a “felicidade”?

Na verdade, um “depois-feliz” realmente chegará, mas não será aquele que você espera.
Um instinto divino faz você esperar por alguém ou por alguma coisa que possa satisfazê-lo. Talvez, então, você pense nos dias de festa, ou no tempo livre, ou num encontro especial… Essas coisas, porém, não o deixam satisfeito, ou, pelo menos, não plenamente. E volta a monotonia de uma existência vivida sem convicção, sempre na expectativa de alguma coisa.

A verdade é que, entre os fatores que compõem a sua vida, existe um do qual ninguém pode escapar: é o encontro frente a frente com Deus que vem. É essa a “felicidade” pela qual você inconscientemente anseia, pois você existe para ser feliz. E a felicidade plena somente Deus lhe pode dar.
E Jesus, conhecendo o quanto é difícil – para você e para mim – encontrar o caminho que conduz a ela, nos adverte:

“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”

Vigiai. Estai atentos. Permanecei acordados.
Porque, se no mundo há muitas coisas que podem ou não acontecer, existe uma sobre a qual não resta a menor dúvida: um dia também você vai morrer. E isso para o cristão significa apresentar-se diante de Cristo que vem.

Pode ser que você seja como a maioria das pessoas, que esquecem a morte deliberadamente, de propósito. Você tem medo daquele momento e vive como se ele nunca fosse chegar. Diz com a sua vida terrena, com o apego cada vez maior a ela: a morte me amedronta, portanto não existe. Mas esse momento chegará. Porque Cristo vem com certeza.


“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”

Com essas palavras, Jesus quer referir-se à sua vinda no último dia. Assim como Ele subiu ao céu em meio aos apóstolos, da mesma maneira haverá de voltar.

Todavia, essas palavras querem exprimir também a vinda do Senhor no fim da vida de cada pessoa. Afinal, quando o homem morre, para ele o mundo terminou.
E uma vez que você não sabe se Cristo virá hoje, esta noite, amanhã, ou daqui a um ano ou mais, é preciso vigiar. Exatamente como aqueles que ficam acordados, por saberem que os ladrões virão saquear sua casa, mas desconhecem a hora.

E, se Jesus vem, quer dizer que esta vida é passageira. Por isso, ao invés de menosprezá-la você deve dar-lhe a máxima importância, deve preparar-se para esse encontro com uma vida digna. (…)

“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”
Sem dúvida, é preciso que também você vigie. A sua vida não é apenas uma sucessão pacífica de ações. É também uma luta. E as mais variadas tentações, como a da vaidade, a do apego ao dinheiro, a da violência, as de caráter sexual, são os seus primeiros inimigos.

Se você vigiar sempre, não se deixará apanhar de surpresa. Mas somente quem ama vigia bem. Vigiar é próprio do amor. Quando se ama uma pessoa, o coração vigia sempre, e cada minuto transcorrido à sua espera é vivido em função dela.

É assim que se comporta uma esposa amorosa nas tarefas diárias ou quando prepara alguma coisa para o marido ausente: faz tudo em função do seu esposo. E quando ele chega, na saudação exultante com que ela o recebe, está presente toda a riqueza do trabalho do dia.

É assim que se comporta uma mãe, quando faz seu pequeno descanso enquanto assiste o filhinho doente. Ela dorme, mas o seu coração vigia.
É assim que se comporta quem ama Jesus. Faz tudo em função dele, encontra-o nas simples manifestações da sua vontade em cada momento, e o encontrará solenemente no dia em que Ele vier.

É o dia 3 de novembro de 1974.
Conclui-se, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, um encontro espiritual de 250 pessoas, sobretudo moças, muitas das quais provenientes da cidade de Pelotas.

O primeiro ônibus, com 45 pessoas, está partindo: muitos cantos, muita alegria. A certa altura da viagem, algumas jovens rezam juntas os mistérios dolorosos do terço e pedem a Nossa Senhora que as ajude a ser fiéis a Deus, até a morte.

Numa curva, por causa de um defeito mecânico, o ônibus sai da pista e rola num precipício de uns cinquenta metros de profundidade. Morrem seis moças.
Uma das sobreviventes diz: “Vi a morte de perto, mas não senti medo, porque Deus estava ali presente”.

E uma outra: “Quando percebi que podia locomover-me entre as ferragens, olhei para o céu estrelado e, ajoelhada entre os corpos das minhas amigas, rezei. Deus estava ali conosco...”. O pai de uma das vítimas contou que a filha costumava dizer: “Morrer é uma coisa bacana, papai, a gente vai se encontrar com Jesus”.


“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”

As jovens de Pelotas, porque amavam, vigiavam e, quando o Senhor veio, elas foram ao seu encontro com alegria.

Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em dezembro de 1978