domingo, 30 de dezembro de 2007

Sagrada Família


Ainda no clima do Natal a liturgia nos apresenta a FAMÍLIA SAGRADA onde essa criança cresceu e viveu como exemplo e modelo para todas as famílias.

As leituras bíblicas fornecem indicações práticas para nos ajudar a construir famílias felizes que sejam espaços de encontro, de partilha, de fraternidade, de amor verdadeiro.


A 1ª Leitura, desenvolve e explica o 4º Mandamento. Lembra os deveres dos filhos para com os pais. Essa observância é desejada e abençoada por Deus (Eclo 3,3-7.14-17a).

A 2ª Leitura, mostra o espírito que deve reinar numa família: "Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, mansidão e paciência, suportando-vos e perdoando-vos mutuamente." (Cl 3,12-21) E acrescenta um recado às Esposas, aos Maridos, aos Filhos e aos Pais.

O Evangelho nos apresenta a FAMÍLIA SAGRADA em três momentos da Infância de Jesus: Belém, Egito, Nazaré. (Mt 2,13-15.19-23)

Nessas migrações, JESUS é conduzido por Deus e protegido pelos seus Pais.

A FAMÍLIA DE NAZARÉ é uma família como qualquer família de ontem, de hoje ou de amanhã, que se defronta com crises, dificuldades e contrariedade, no entanto É uma família unida e solidária. Nela existe verdadeiro Amor e solidariedade. Não hesita enfrentar os perigos do deserto e o desconforto do exílio, quando um de seus membros corre risco.

É uma família que escuta a Palavra de Deus e nessa escuta consegue vencer as contrariedades, superar os riscos e descobrir os caminhos para assegurar a seus membros a vida e o futuro.

JOSÉ aparece atento às indicações de Deus, e aceita a sua vontade. Tudo sacrifica em defesa da vida daquele menino, que Deus lhe confiou.

É uma família que obedece a Deus! Diante das indicações de Deus, não discute nem argumenta; mas cumpre à risca os desígnios de Deus. E é, precisamente, no cumprimento obediente dos projetos de Deus que assegura a esta família um futuro de vida, de tranqüilidade e de paz.

A Sagrada Família, modelo da família cristã. Costuma-se dizer que a Sagrada Família é modelo da família cristã, não tanto em seu contexto sócio cultural e histórico, mas quanto em seus valores fundamentais, especialmente o Amor, que lhe deram coesão, significado e missão de salvação nos planos de Deus.

"a família é a fonte da vida e o berço da fé."
João Paulo II

Família, instituição em crise ou em mudanças? A família está em crise, ou é um modelo já superado? Sem dúvida a família é a célula base da Igreja e da sociedade, mas está passando por uma transformação profunda.

Na Família do Passado, primava a relação vertical: uma instituição fechada, de cunho patriarcal. O PAI detinha a autoridade e era responsável na parte econômica; A MÃE atendia aos afazeres domésticos e cuidava dos Filhos; os filhos submetidos à autoridade paterna. Dava-se muito valor à AUTORIDADE.

A Família Atual, prima as relações horizontais dentro da família. Dá-se preferência ao DIÁLOGO, à co-responsabilidade, à igualdade, ao companheirismo e à amizade entre marido e esposa, entre pais e filhos. Contudo a família sofre hoje muitas influências negativas e muitos fatores de desagregação...

Quais os valores permanentes na família? Comunhão inter-pessoal de Amor e de Vida. O Amor fiel, único, exclusivo e para sempre. Os Filhos não são vistos como propriedade ou bens adquiridos, mas como vida e prolongamento vital de um amor pessoal, que educa e orienta para a liberdade responsável.

Comunidade aberta aos valores do mundo de hoje: A solidariedade, a responsabilidade, a fraternidade e o compromisso com os direitos humanos...

Igreja doméstica: Só assim a família cristã testemunhará a fé, a esperança e a caridade. Uma igreja doméstica que contribui para a santificação do mundo.

E a Nossa Família, como vai? À moda antiga ou atual?


Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa

30.12.2007

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Santos Inocentes

"Os meninos inocentes foram mortos por causa do Cristo. Eles seguem o Cordeiro sem mancha, e cantam: Glória a ti, Senhor"!

Somente a monstruosidade de uma mente assassina, cruel e desumana, poderia conceber o plano executado pelo sanguinário rei Herodes: eliminar todas os meninos nascidos no mesmo período do nascimento de Jesus, para evitar que vivesse o Rei dos judeus. Pois foi isso que esse tirano arquitetou e fez.

Impossível calcular o número de crianças arrancadas dos braços maternos e depois trucidadas. Todos esses pequeninos se tornaram os "Santos Inocentes", cultuados e venerados pelo povo de Deus. Eles tiveram seu sangue derramado em nome de Cristo, sem nem mesmo poderem "confessar" sua crença. Quem narrou para a História foi o Apóstolo Mateus, em seu Evangelho. Os reis magos procuraram Herodes, perguntando onde poderiam encontrar o recém-nascido Rei dos judeus para saudá-lo. O rei consultou então os sacerdotes e sábios do reino, obtendo a resposta de que o Ele teria nascido em Belém de Judá, Palestina.

Herodes, fingindo apoiar os magos em sua missão, pediu-lhes que depois de encontrarem o "tal Rei dos judeus", voltassem e lhe dessem notícias confirmando o fato e o local onde poderia ser encontrado, pois "também queria adorá-lo". Claro que os reis do Oriente não traíram Jesus. Depois de visitá-lo na manjedoura, um Anjo os visitou em sonho avisando que o Menino-Deus corria perigo de vida e que deveriam voltar para suas terras por outro caminho. O encontro com o rei Herodes devia ser evitado.

Eles ouviram e obedeceram. Mas o tirano ao perceber que havia sido enganado, decretou a morte de todos os meninos com menos de dois anos de idade nascidos na região. O decreto foi executado à risca pelos soldados do seu exército.

A festa aos Santos Inocentes acontece desde o século IV. O culto foi confirmado pelo Papa Pio V, agora Santo, para marcar o cumprimento de uma das mais antigas profecias, revelada pelo profeta Jeremias: a de que "Raquel choraria a morte de seus filhos" quando o Messias chegasse. Esses pequeninos inocentes de tenra idade, de alma pura, escreveram a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e mereceram a glória eterna segundo a promessa de Jesus. A Igreja preferiu indicar a festa dos Santos Inocentes para o dia 28 de dezembro por ser uma data próxima à Natividade de Jesus, uma vez que tudo aconteceu após visita dos reis magos. A escolha foi proposital, pois quis que os Santinhos Inocentes alegrassem com sua presença a manjedoura do Menino Jesus.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Bem-aventurada Aquela que acreditou

"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre"

Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor”. (Lucas 1,39-45)


“Bem-aventurada Aquela que acreditou”:

Maria é bem-aventurada, como lhe diz sua prima Isabel, não apenas porque Deus a olhou, mas porque acreditou. A sua fé é o mais belo produto da bondade divina. Mas foi necessário que a arte inefável do Espírito Santo poisasse sobre Ela, para que tanta grandeza de alma se unisse a tanta humildade no segredo do seu coração virginal. A humildade e a grandeza de alma de Maria são, como a sua virgindade e a sua fecundidade, semelhantes a duas estrelas que se iluminam mutuamente, porque em Maria a profundidade da humildade em nada prejudica a generosidade da alma, e reciprocamente. Julgando-se a si mesma de forma tão humilde, Maria nem por isso foi menos generosa na sua fé na promessa que lhe tinha sido feita pelo anjo. Ela que apenas se considerava uma pobre serva, não duvidou de que tivesse sido chamada a este mistério incompreensível, a esta união prodigiosa, a este segredo insondável. E acreditou imediatamente que se tornaria de facto a Mãe de Deus encarnado.

É a graça de Deus que produz esta maravilha no coração dos eleitos; a humildade não os torna receosos e timoratos, como a generosidade de alma os não torna orgulhosos. Pelo contrário, nos santos, estas duas virtudes reforçam-se uma à outra. A grandeza de alma, não só não abre a porta ao orgulho, como é sobretudo ela que permite avançar no mistério da humildade. Com efeito, os mais generosos ao serviço de Deus são também os mais penetrados pelo temor do Senhor e os mais reconhecidos pelos dons recebidos. Reciprocamente, quando está em jogo a humildade, cobardia alguma se insinua na alma. Quanto menos tem o hábito de presumir das suas próprias forças, mesmo nas coisas mais pequenas, mais a pessoa se confia ao poder de Deus, mesmo nas maiores
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Sermão para a oitava da Assunção, sobre as doze prerrogativas de Maria São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja

sábado, 15 de dezembro de 2007

Jesus lhes falava de João Batista

"O destino cruel reservado ao Batista revelou a leviandade dos esquemas religiosos e políticos de seu tempo".

Ao descerem do monte, os discípulos perguntaram a Jesus: "Por que os mestres da lei dizem que Elias deve vir primeiro?" Jesus respondeu: "Elias vem e colocará tudo em ordem. Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles". Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista. Palavra do Senhor! (Mt 17, 10-13)

Questionando uma doutrina

Os mestres da Lei prenunciavam a vinda de Elias como sinal de realização das esperanças messiânicas. Esta doutrina fundava-se na crença de que haveria uma restauração gloriosa de Israel, por obra do Messias. Este triunfalismo foi questionado por Jesus.

A tarefa atribuída ao profeta Elias - "colocar tudo em ordem" - fora desempenhada por João Batista. Sua vida humilde e ascética impediu que os triunfalistas o reconhecessem. Só os simples foram capazes de perceber a importância da pregação do Precursor, e se deixaram batizar por ele, confessando seus pecados, dispostos a se converterem.

O destino cruel reservado ao Batista revelou a leviandade dos esquemas religiosos e políticos de seu tempo. Esperando uma manifestação espalhafatosa de Deus, que a eximisse da responsabilidade de estar sempre vigilante e em discernimento, a liderança religiosa fez-se surda aos apelos de quem exigia dela uma decisão responsável e livre. Desta forma, ela desprezou a oportunidade oferecida por Deus.

O caminho trilhado por Jesus foi idêntico ao do Batista. Despojado de qualquer pretensão mundana, fez-se solidário com os pobres e marginalizados, os deserdados deste mundo. Por isso, quem cultivava a mesma mentalidade triunfalista dos adversários do Batista jamais poderia confessá-lo como Messias. Só quem entendia que a obra de Deus acontece na contramão da mentalidade humana estava em condições de tornar-se discípulo.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Vigia e Orai...


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do homem". Palavra da Salvação! (Lc 21, 34-36)

VIGIAI E ORAI

O grande perigo das pessoas em relação à escatologia é a dissipação do coração. Os atrativos e prazeres da vida, o acúmulo exagerado de bens materiais, a liberação dos instintos egoístas são todos elementos que corrompem o coração humano, impedindo-o de se preparar para o encontro com o Senhor.

Jesus recomenda vigilância e oração como as formas melhores de nos colocarmos em clima de espera. Vigiar é ser capaz de detectar tudo quanto possa desviar nossa atenção do fim almejado, acabando por nos afastar dos caminhos de Deus. São muitas as formas com que o mau espírito procura atuar, para alcançar o seu fim. Quem cochila, acaba caindo na armadilha para pegar os incautos. Só os vigilantes conseguem safar-se das investidas do maligno.

A oração, por sua vez, coloca-nos em contínua ligação com Deus, de quem recebemos luz e força para permanecer em pé, vigilante à espera do Senhor. Ela predispõe-nos para escutar os apelos divinos e deixar-nos guiar por eles. Sensibiliza-nos para realizar o projeto de Deus. Mantém-nos sempre atentos à prática do bem, como faz o Pai em benefício da humanidade.

Portanto, perseverar na espera requer uma atitude de atenção à história e de comunhão profunda com Deus.