domingo, 31 de maio de 2009

Recebei o Espírito Santo


“Depois dessas palavras, sobrou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados. Ser-lhe-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes. Ser-lhe-ão retidos.”
(Jo 20, 22-23)

Já no domingo da ressurreição, Jesus Cristo, aparecendo aos apóstolos dá a eles o Espírito Santo soprando sobre eles. Este sopro alude ao sopro de Deus na criação de Adão, dando-lhe a vida. Jesus restitui nossa vida da alma na graça de Deus, derramando sobre nós o Seu Espírito. O Espírito Santo vem em Pentecostes e assim nasce a Igreja, permanecendo perenemente nela e esta continuará a missão de Cristo levando a remissão dos pecados a todos os povos.

Se em Babel, a humanidade orgulhosa que tentava chegar ao céu por forças próprias é dividida pelas diferentes línguas, na Igreja, nesta construção divina, pessoas de todas as raças, nações, povos e línguas serão reunidas numa só família. Abramos nosso coração para que o Espírito Santo que recebemos no batismo e na crisma nos santifique a cada dia

sábado, 30 de maio de 2009

A FLOR DE MARACUJÁ



A palavra maracujá é de origem tupi e significa alimento em forma de cuia. Os índios já a conheciam muito antes dos colonizadores chegarem ao Brasil.

Os jesuítas foram os responsáveis pelo seu descobrimento e catalogação, bem como a divulgação do seu sabor e propriedades calmantes.

Todavia ainda não haviam vislumbrado o que o maracujá, a fruta da paixão, tem de mais belo, a sua flor.

Missionários espanhóis do século XVI viram a flor do maracujá e ficaram em êxtase. Acharam que sua estrutura representava a Paixão de Cristo. As pétalas e sépalas representavam os apóstolos, as anteras simbolizavam as chagas de Cristo, os três estigmas faziam referência aos três pregos na cruz, e os filamentos a coroa de espinhos....As flores seriam manchadas de roxo em virtude do sangue de Cristo.

A flor do maracujá é mesmo mágica, foi cantada em verso e prosa ao redor do mundo. Quando a vi pela primeira vez tive uma sensação de tristeza e alegria ao mesmo tempo, algo que me provou que sentimentos opostos podem sim conviver num mesmo corpo. (André Luiz Aquino)

O nosso Catulo da Paixão Cearense, cantou em versos, na ingenuidade da linguagem sertaneja, toda a beleza e sim-plicidade dessa mística religiosa, como veremos a seguir:

A FLOR DO MARACUJÁ
Catulo da Paixão Cearense

Encontrando-me com um sertanejo,
perto de um pé de maracujá,
eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo...
Porque razão nasce roxa
A flor do maracujá?

Ah, pois então eu lhi conto,
a istória que ouvi contá...
A razão pru que nasci roxa,
a frô do maracujá.

Maracujá já foi branco,
eu posso inté lhe ajurá...
Mais branco qui caridadi,
mais branco do que o lua...

Quando a frô brotava nele,
lá pros cunfim do sertão,
maracujá inté parecia
um ninho de argodão

Mais um dia, há muito tempo,
num meis que inté num mi alembro,
si foi maio, si foi junho,
si foi janero ou dezembro...

Nosso sinhô Jesus Cristo,
foi condenado a morrê...
Numa cruis crucificado,
longe daqui como o quê...

Pregaro Cristo a martelo...
E ao vê tamanha crueza,
a natureza inteirinha,
Poisse a chorá di tristeza...

Chorava us campu,
as foia, as ribera...
Sabiá também chorava
Nus gaio da laranjera...

E havia junto da cruis,
um pé de maracujá...
Carregadinho di frô,
aos pé de nosso Sinhô...

I o sangui de Jesus Cristo,
sangui pisado di dô,
nus pé du maracujá,
tingia todas frô...

Eis aqui seu moço,
a istoria que eu vi contá,
a razão pruque nasce roxa...
A frô do maracujá
.

LOR DO MARACUJÁ
Catulo da Paixão Cearense


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Administradores da graça de Deus


Edite, uma jovem cega de nascença, vive numa instituição para deficientes visuais. Ali, o capelão, paralítico, não consegue mais celebrar a Missa e por esse motivo foi proposto retirar Jesus Eucaristia da casa. Edite pede que o bispo autorize a permanência da Eucaristia porque, essa é a única luz em suas trevas. E ela consegue não só essa permissão mas também a licença para distribuir ela mesma a comunhão para o próprio sacerdote e para as outras companheiras que vivem com ela.

Sempre querendo ser útil, Edite consegue ainda dispor de um programa diário de várias horas numa rádio local. Ela se utiliza desse meio para oferecer aquilo que tem de melhor – conselhos, pensamentos, esclarecimentos de ordem moral – a fim de encorajar com a sua experiência as pessoas que sofrem. Edite… e poderíamos contar ainda outras tantas coisas a seu respeito. Ela é cega e foi o sofrimento que a iluminou.

Mas teríamos ainda muitos outros exemplos de outras pessoais para citar! O bem existe mas não faz estardalhaço.

Edite vive concretamente como cristã. Ela sabe que recebeu dons, como cada um de nós, e os coloca a serviço dos outros.

Sim, porque a palavra “dom” (ou “carisma” como se costuma dizer, usando a palavra de origem grega) não exprime somente as graças com as quais Deus favorece aqueles que devem governar a Igreja. Nem tampouco se refere somente àqueles dons extraordinários que ele julga oportuno mandar diretamente a algum fiel, para o bem de todos, quando pensa ser necessário remediar situações extraordinárias na Igreja ou evitar perigos graves, para os quais não são suficientes as instituições eclesiásticas.

Esses dons podem ser a sabedoria, a ciência, o dom dos milagres, ou o de falar línguas, o carisma de suscitar uma nova espiritualidade na Igreja e outros mais.

Os dons ou carismas não são apenas esses, mas também outros, mais simples, que muitas pessoas possuem e que se manifestam através do bem que realizam. O Espírito Santo trabalha.
Além disso, podem ser chamados de dons ou carismas também os talentos naturais. Todo mundo, portanto, os possui. Também você.

Como usá-los, então? Você deve pensar em como fazê-los render.
Eles lhe foram dados não só para você, mas, justamente, para o bem de todos.

“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu” .

É imensa a variedade dos dons. Cada um de nós possui o seu e, portanto, tem a sua função específica na comunidade.

Vejamos, então, qual é o seu caso?

Você tem algum diploma? Nunca pensou em colocar à disposição algumas horas da semana para ensinar a quem precisa de ajuda, ou não tem os meios para estudar?
Você é particularmente generoso? Nunca pensou em mobilizar forças sociais ainda sadias em benefício de pessoas pobres e marginalizadas, despertando assim no coração de muita gente o senso da dignidade humana?

Você tem um jeito todo especial para consolar as pessoas? Ou então para cuidar da casa, para cozinhar, para confeccionar de modo econômico roupas úteis ou para fazer trabalhos manuais? Olhe ao seu redor e veja quem precisa de você.

Para mim é doloroso ver que existe gente que se ocupa em descobrir e ensinar maneiras de preencher o tempo livre. Nós, cristãos, não teremos tempo livre enquanto houver na terra um doente, um faminto, um encarcerado, um ignorante, um desorientado, um triste, um drogado, um órfão, uma viúva...

E você também não acha que a oração é um dom formidável a ser utilizado, uma vez que em cada momento você pode dirigir-se a Deus, presente em toda parte?

“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu”

Você já imaginou uma Igreja em que todos os cristãos, desde as crianças até os adultos, fizessem todo o possível para colocar à disposição dos outros os seus dons?

O amor mútuo haveria de adquirir uma tamanha consistência, uma tão grande amplitude e relevo, que poderia levar os outros a reconhecer nisso quem são os discípulos de Cristo.
E então, se é esse o resultado, por que não fazer de tudo para alcançá-lo?

Chiara Lubich

terça-feira, 12 de maio de 2009

“Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em Mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer.” (Jo. 15, 5)

Jesus é a videira verdadeira e não mais o povo judeu. É Nele que, pela fé e pelo batismo, somos incorporados e formamos a Igreja. Neste mundo relativista, é comum ouvirmos que o importante é ser bom, fazer coisas boas, ajudar o próximo independentemente da religião.

Porém, nosso Mestre ensina que sem Ele nada podemos fazer, ou seja, sem estarmos unidos a Cristo não conquistamos mérito nenhum diante de Deus por mais que façamos boas obras. E os cristãos que são os ramos desta videira que é Cristo, precisam produzir frutos, perseverando na fé e na caridade, vivendo na graça de Deus.

Mesmo sendo cristãos, se formos estéreis, vivendo no pecado e na falta de amor ao próximo, nos separamos de Jesus Cristo. Resumindo: aqueles que não são cristãos não podem se salvar pelas obras; e os cristãos, sem obras, não se salvam.