segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Conversão de Paulo

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo
e pregai o Evangelho a toda criatura.”

(Mc 16, 15)

Comemoramos ontem a conversão de S. Paulo. Paulo foi perseguidor da Igreja, levando os cristãos à prisão e aprovando o assassinato deles como no caso de S. Estevão. Fazia tudo isto motivado pelo zelo ao judaísmo, porque julgava que Jesus abolira a Lei, e seus seguidores, assim como Ele, eram subversivos. Mas o encontro pessoal que teve com Jesus na entrada de Damasco fez com que se convertesse e se tornasse apóstolo e missionário anunciando a mensagem de Cristo até aos confins do mundo.

O nosso mundo padece do mesmo mal de Paulo. Desconhece o Cristo ou possue uma visão destorcida de quem é Ele, o que gera certo receio em perder o que se tem, mas Cristo não tira nada, aliás, Ele nos dá tudo, nos dá a vida. Tiremos as escamas dos olhos que nos impede de ver a Luz. Tenhamos este encontro pessoal com Cristo. Nossa vida, como a de Paulo, não será mais a mesma.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Invasão de amor

O mundo está cheio de insatisfeitos, porque o homem não acertou na fonte de sua felicidade, o astro brilha no céu e a Terra subsiste porque eles se movem; o movimento é a vida do universo, o homem só é plenamente feliz quando aciona e não deixa morrer o motor de sua vida: o amor.

Mesmo quem se julga feliz porque contraiu um bom matrimônio, porque recebeu uma herança, porque vive de luxo, de esporte, de divertimentos, cedo ou tarde sente vazios na alma, infalíveis. Por outro lado, o infeliz, a quem a vida tudo parece negar, se começa a amar, possui mais do que o rico e goza, na terra, a plenitude do Reino dos Céus.

É uma verdade. E uma realidade. A humanidade enlanguesce em busca de paz; espera, constrói para poder usufruir, mas, quando seria o tempo, se entristece com a perspectiva da morte que desejaria jamais chegasse.

Os filhos de Deus são os filhos do amor! Combatem com uma arma que é a vida mesma do homem. A sua luta está em recompor na ordem pessoas e sociedades, para que aquelas brilhem mais do que as estrelas, e estas componham constelações imorredouras, nos paramos eternos do Deus dos vivos.

Se o homem visse como Deus vê os homens, teria uma sensação de horror. Porque até os melhores, os que se elevaram com a arte ou a ciência acima do comum, cultivaram apenas uma parte do espírito, deixando o resto atrofiado.

Só o amor em uma alma, só Deus em uma alma pode nela dilatar o fulgor, com equilíbrio de partes. Uma alma que ama é, no mundo, um pequeno sol que transmite Deus. Uma alma que não ama, vegeta, é pouco da Igreja, nada de Maria, antítese de Cristo. O mundo precisa de uma invasão de amor, e isto depende de cada um. É o homem, o homem na graça de Deus, o depositário desse precioso elemento.

Morre todo dia um número incontável de homens: inclusive os grandes, e deles pouco resta. Passa um santo para a Vida eterna — despertando, quando o Senhor o chama, para a idêntica vida de antes, transformada — e dele todos falam. Sua memória passa de geração em geração e seu exemplo é seguido por muitíssima gente. Diante daquele leito onde jaz um corpo e não mais uma pessoa, ninguém consegue entender a morte; mas, ao contrário, todos sentem o que é a Vida. O amor não morre e, porque serve, faz ser rei.

Chiara Lubich

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A pequena semente

Nunca viste numa estrada abandonada, mas acariciada pela primavera, despontar a tenra erva e reflorescer, sem cessar, a vida?

Assim acontece com a humanidade que te circunda, se deixas de enxergá-la com o olhar da terra e a revigoras com o raio divino da caridade.

O amor sobrenatural em tua alma é um sol, que não admite trégua ao reflorescer da vida.
É uma vida, que é a pedra angular no teu ângulo de vida. Nada mais é preciso para soerguer o mundo, para restitui-lo a Deus.

O dom da palavra, a fineza do trato, o lampejo da arte, o cabedal de cultura, a experiência dos anos, são dotes, certamente, que não se devem descurar. Mas, para o Reino eterno vale o que tem mais vida.

É linda, e boa, e saborosa, e colorida, a fatia perfumada da maçã, mas, enterrada, morre e não deixa traço.

A pequena semente, que não agrada ao paladar, insípida e insulsa, enterrada, produz novas maçãs.

Assim a vida em Deus, a vida do cristão, o caminho incandescente da Igreja. Ela, alta e solene, apóia-se em colunas que os séculos disseram insensatas, idiotas, loucas...; sobre as quais investiu a fúria do príncipe do mundo, para destruir até o último rebento. Resistiram.
O Pai as podou para que, presas à videira, dessem frutos abundantes; e as exaltou, gloriosas, no Reino da vida.

Tu, eu, o leiteiro, o agricultor, o porteiro, o pescador, o operário, o camelô... E os outros todos, idealistas desiludidos, mães carregadas de pesos, noivos em vésperas de núpcias, velhinhas sem brilho à espera da morte, jovens vibrantes, todos... Todos são matéria-prima para a sociedade de Deus. Basta que haja neles um coração que mantenha alta, ereta, direcionada a Deus, a chama do amor.


Chiara Lubich

domingo, 11 de janeiro de 2009

Batismo do Senhor

É no batismo que recebe de João Batista que Jesus inicia Sua vida pública. Sendo o Filho, como foi testificado por Deus Pai, e, com Ele e o Espírito Santo que aparece em forma de pomba, são um, Jesus não tinha pecado e, portanto, não tinha nada a se arrepender para que recebesse o batismo. Mas, no batismo, Jesus demonstra que Sua missão é colocar-Se entre os pecadores, assumir seus pecados.

Assumindo nossa carne, Jesus vem em nosso socorro, Se faz um de nós, exceto no pecado e sendo Deus, pode nos resgatar em Seu sacrifício perfeito. O batismo de Jesus que começa no Jordão se consumará na cruz, onde Jesus será batizado no Seu sangue e assim nos redimirá. Da cruz brota o sacramento do batismo, o batismo no Espírito Santo que João diz, pois por meio dele somos justificados, lavados dos nossos pecados em Seu sangue, simbolizado pela água.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Muitos membros, um só corpo


Você já visitou alguma vez uma comunidade viva de cristãos realmente autênticos? Já participou de um encontro entre eles, ou conheceu mais de perto a vida de uma comunidade assim?
Se isso aconteceu, você terá percebido que as pessoas que a compõem desempenham funções diferentes; por exemplo: há quem tem o dom de falar e lhe comunica realidades espirituais que penetram profundamente na alma; há quem tem o dom de ajudar, de atender às necessidades dos outros e deixa você maravilhado diante dos sucessos alcançados em benefício daqueles que sofrem.

Há também quem ensina com tamanha sabedoria, a ponto de reforçar a fé que você já possui, ou ainda quem tem o dom de organizar ou de governar; há quem sabe entender todo próximo que encontra e é distribuidor de consolações aos necessitados.
É verdade, tudo isso você poderá experimentar; porém, aquilo que mais impressiona numa comunidade tão viva é o único espírito que a todos anima e que se tem a impressão de sentir pairar. Espírito esse que faz da comunidade uma única realidade, um só corpo.

“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”

Também Paulo – e ele de um modo todo especial – se encontrou diante de comunidades cristãs vivíssimas, que nasceram justamente por causa da sua extraordinária palavra.
Uma dessas – ainda jovem – era a de Corinto, na qual o Espírito Santo tinha sido generoso em distribuir os seus dons, ou melhor, os carismas, como são chamados. Por sinal, naquele tempo se manifestavam carismas extraordinários, devido à vocação especial da Igreja nascente.

Aconteceu, porém, que depois de ter feito a maravilhosa experiência da diversidade de dons distribuídos pelo Espírito Santo, essa comunidade conheceu também rivalidades ou desordens, justamente entre aqueles que tinham sido beneficiados por esses dons.
Foi necessário, então, dirigir-se a Paulo, que estava em Éfeso, para pedir esclarecimentos.

Paulo não hesita e responde numa das suas importantes cartas, explicando como devem ser usadas essas graças especiais.
Ele explica que existe diversidade de carismas, diversidade de ministérios, como o dos apóstolos ou o dos profetas ou ainda o dos mestres, mas que um só é o Senhor do qual eles provêm. Diz ainda que, na comunidade, existem operadores de milagres e de curas, pessoas com o dom excepcional para o atendimento aos necessitados, outras para o governo, como também há quem sabe falar línguas e quem sabe interpretá-las. Mas acrescenta que um só é Deus, onde têm origem esses dons.

Portanto, como os diversos dons são expressões do mesmo Espírito Santo, que os distribui livremente, não podem deixar de estar em harmonia entre si, não podem deixar de ser complementares. Esses dons não servem para uma simples realização pessoal, não podem ser motivo de vanglória, ou de afirmação de si, mas foram dados para uma finalidade comum: construir a comunidade. A finalidade deles é o serviço. Por isso, não podem causar rivalidades ou confusão.

Paulo, mesmo pensando em dons particulares que diziam respeito diretamente à vida da comunidade, é do parecer que cada membro dessa comunidade tem a sua capacidade, o seu talento, que deve ser usado para o bem de todos, e que cada um deve ficar satisfeito com aquilo que tem.
Ele apresenta a comunidade como um corpo, e se pergunta: “Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato? Realmente, Deus dispôs os membros, e cada um deles, no corpo, conforme quis. Se houvesse apenas um membro, onde estaria o corpo?” (cf. 1Cor 12,17-19) Mas, de fato,

“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”

Se cada um é diferente dos outros, cada um pode então ser um dom para os outros; sendo, portanto, aquilo que deve ser e realizar o desígnio que Deus tem para ele em função dos outros.
Paulo vê na comunidade, onde os diversos dons funcionam, uma realidade à qual dá um nome esplêndido: Cristo. E com razão, pois este corpo tão original, composto pelos membros da comunidade, é realmente o Corpo de Cristo. Com efeito, Cristo continua a viver na sua Igreja, e a Igreja é o seu corpo. De fato, no batismo o Espírito Santo incorpora o batizando em Cristo, tornando-o assim membro da comunidade. Nela, todos foram transformados em Cristo, toda divisão é cancelada, toda discriminação é superada.

“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”

Se o corpo é um só, os membros da comunidade cristã só atuam bem esse novo modo de viver se realizarem a unidade entre si; unidade que supõe a diversidade, o pluralismo. A comunidade não é como um bloco de matéria inerte, mas como um organismo vivo, composto por vários membros.
Para os cristãos, portanto, provocar divisões é o contrário do que devem fazer.

“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”

Como, então, você viverá essa nova Palavra que a Escritura lhe propõe?
É necessário que você tenha um grande respeito pelas diversas funções, pelos dons e talentos da comunidade cristã.

Você deve abrir o seu coração para acolher toda a rica variedade da Igreja, e não só da pequena Igreja que você freqüenta e bem conhece, como a comunidade paroquial ou a associação cristã da qual participa, ou ainda o movimento eclesial do qual você é membro, mas de toda a Igreja universal, nas suas múltiplas formas e expressões.

Deve sentir que tudo lhe pertence, pois você faz parte desse único corpo.
E da mesma forma como você cuida de cada membro do seu corpo físico e o protege, deve cuidar e proteger cada membro do corpo espiritual. (...) Você deve estimar a todos e também fazer tudo o que está ao seu alcance para que possam tornar-se úteis à Igreja do melhor modo possível. (...)
Você não deve desprezar aquilo que Deus lhe pede, no lugar em que você se encontra – por mais que o trabalho cotidiano possa lhe parecer monótono e sem grande sentido –, pois pertencemos todos a um mesmo corpo e, como membro dele, cada um participa da atividade de todo o corpo permanecendo no lugar que Deus escolheu para ele.

Além disso, o essencial é que você tenha aquele carisma – como anuncia Paulo – que supera todos os outros: o amor. O amor para com toda pessoa que você encontra, o amor para com todos os homens da terra. Somente com o amor, com o amor recíproco, é que os muitos membros podem ser um só corpo.

Chiara Lubich

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Epifania: A manifestação do Senhor.


"Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços. Ao vê-los, ficarás radiante, com o coração vibrando e batendo forte, pois com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão o poderio de suas nações; será uma inundação de camelos e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor".
(Isaías 60, 1-6)


Hoje comemoramos a Epifania do Senhor, isto é, a manifestação do Salvador para o mundo todo representado pelos três magos. A Tradição diz que eram reis; a Bíblia apenas afirma que eram magos, ou seja, estudiosos da natureza, observadores do céu. Assim como, seguindo a tradição das anunciações, os anjos apareceram aos pastores, que representavam os judeus, para anunciar o nascimento do Cristo Salvador, os magos, representantes dos gentios, pressentiram o fato através da observação da natureza, pois é assim que, aqueles que não conhecem o Deus verdadeiro podem reconhecer Sua existência. Não ficaram parados naquele astro. Puseram-se a caminho, foram ao encontro Daquele que é a plenitude da revelação divina e sem O qual ninguém pode se salvar, seja judeu ou gentio. Jesus põe fim a divisão dos povos chamando todos a Sua Igreja.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O Senhor é meu Pastor

"Talvez seja essa a dificuldade na vida de muitas pessoas hoje em dia. Conhecem a Palavra do Senhor, mas não conhecem o Senhor da Palavra Vivem uma vida cristã superficial e pobre de experiências com Cristo".

"Numa reunião festiva apresentou-se um jovem declamador, o qual elevou todos os presentes declamando com muita beleza e muito entusiasmo o Salmo 23 (22).
Ao terminar foi longamente aplaudido por todos, o que demonstrou que ele havia feito uma bela apresentação.

Outras partes se seguiram e, no final do programa, um Padre idoso que se encontrava presente, solicitou ao dirigente que lhe permitisse dizer algo, no que foi prontamente atendido.

Chegando à frente contemplou o grande auditório com olhar sereno. Houve um completo silêncio e ele, com voz pausada e firme, declamou com muita emoção o Salmo 23.

Ao terminar ninguém o aplaudiu, pois todos estavam emocionados e muitos choravam.

Terminada a sessão o jovem foi procurar o Padre e perguntou-lhe:
- Porque me aplaudiram tanto quando eu declamei o Salmo 23 e choraram e se emocionaram quando o senhor declamou o mesmo Salmo? Onde está a diferença?

O Padre com a mesma serenidade, respondeu-lhe:

- A diferença é muito simples, meu caro jovem.

Tu conheces o Salmo do Bom Pastor e eu conheço o Bom Pastor do Salmo. Talvez seja essa a dificuldade na vida de muitas pessoas hoje em dia. Conhecem a Palavra do Senhor, mas não conhecem o Senhor da Palavra. Falta-lhes intimidade e comunhão com o Senhor.

Vivem uma vida cristã superficial e pobre de experiências com Cristo. Cultivemos de tal maneira a nossa comunhão com Ele, de modo que possamos afirmar, como resultado de uma profunda e real experiência:

O Senhor é meu Pastor; e nada me faltará

Fonte: Eu estou Aki