segunda-feira, 12 de agosto de 2013

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Soli Deo Gloria: Espiritualidade Intrauterina

Soli Deo Gloria: Espiritualidade Intrauterina: "A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe tu és o meu Deus" (Salmo 22.10). V ocê já parou para...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

domingo, 11 de setembro de 2011

A Igreja, minha Mãe

 «Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus».

Existe na rica Tradição cristã uma afirmação de S. Cipriano, Bispo de Cartago e mártir (+ 258), que talvez surpreenda muitos cristãos de nossos dias: «Não pode ter Deus como Pai quem não tenha a Igreja por Mãe»*. Estas palavras foram escritas numa época turbulenta, em que S. Cipriano se via frente a duas tentativas de ruptura da Igreja; para ele, a fidelidade à Igreja era a fidelidade a Deus Pai; ser filho do Pai Celeste é ser filho da Igreja. Como entender isso?

O Evangelho nos diz que «ninguém vai ao Pai senão por Cristo" (Jo 14,6)... Cristo que é inseparável do seu corpo eclesial ou da sua Igreja (cf. Cl 1,24). O mistério da Encarnação não é um fato isolado, mas algo que repercute em toda a história do Cristianismo. A vida do Pai, que se derramou sobre a humanidade de Cristo, chega a cada cristão através da Santa Igreja, que, por isto, é adequadamente chamada "Mãe" na Tradição cristã.

Mãe... Este vocábulo é dos mais significativos para todo ser humano. É talvez o primeiro conceito que a criança formula, a primeira palavra que ela pronuncia. É da mãe que a criança recebe a vida e os rudimentos da educação e do saber; os ensinamentos, os exemplos, os costumes, o amor da mãe se gravam na memória dos filhos e se tornam decisivos para o futuro destes. É na sua mãe que a criança encontra o primeiro sustentáculo, o seu amparo, a sua força e alegria; é a mãe que explica o mundo ao filho e lhe mostra tudo o que há de bom e belo, como também o que há de insidioso, neste mundo.

Pois bem. A Tradição cristã é constante ao afirmar que a Igreja é nossa Mãe. Não conheço Jesus Cristo senão através dos ensinamentos multisseculares da Santa Mãe Igreja; recebi o Livro que me fala de Jesus Cristo das mãos dessa Mãe e Mestra; foi ela que ouviu, por primeiro, a Palavra de Cristo; vivenciou-a, aprofundou-a e consignou-a por escrito nos livros do Novo Testamento. Aliás, que cristão seria eu, que seria de minha fé, que seria minha oração, se eu estivesse entregue a mim mesmo e me encontrasse a sós diante da Bíblia? Talvez eu fizesse a Bíblia dizer o que eu pensasse, em vez de ouvir a genuína mensagem de Cristo recebida de viva voz pela Igreja e oportunamente redigida pelas suas mãos, que foram Mateus, Marcos, Lucas,...

Mesmo aqueles que se afastam da Igreja para ficar somente com Jesus Cristo só podem falar do Cristo que eles conhecem através da Igreja. Não há outra via de acesso a Cristo senão a Tradição viva da Igreja. Apesar disto, há aqueles que a abandonam, embora alimentados por essa Santa Mãe. Um vento de crítica amarga bate em muitas mentes e resseca os corações, impedindo-os de ouvir o sopro do Espírito. Muito sabiamente dizia S. Agostinho: «Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus». A Igreja é minha Mãe... As censuras que lhe são feitas, não carecem, todas, de fundamento. Mas o volume dessas queixas não supera a grandeza do mistério-sacramento que é a Santa Igreja, o Corpo de Cristo prolongado!


Dom Estêvão Tavares Bettencourt

(*De Catholicae Ecclesiae Unitate, c. 6)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lista dos que perderam a vida

Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Como sempre, no final do ano, a Agência Fides publica uma lista dos agentes pastorais que perderam a vida de modo violento ao longo dos últimos 12 meses. Segundo os nossos dados, foram assassinados 23 agentes pastorais em 2010: 1 Bispo, 15 sacerdotes, 1 religioso, 1 religiosa, 2 seminaristas e 3 leigos.

Analisando a lista por continente, ainda este ano com um número extremamente elevado, consta em primeiro lugar a AMÉRICA, banhada pelo sangue de 15 agentes pastorais: 10 sacerdotes, 1 religioso, 1 seminarista, 3 leigos. Segue a ÁSIA, com 1 Bispo, 4 sacerdotes e 1 religiosa mortos. Enfim, a ÁFRICA, onde um sacerdote e um seminarista perderam a vida de modo violento.

DADOS SOBRE AGENTES PASTORAIS MORTOS 2010 e NOS ÚLTIMOS ANOS:

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Castidade e o Celibato dos Padres

1 Coríntios 7: (7)"Quisera que todos os homens fossem como eu [celibatário]; mas cada um recebe de Deus o seu dom particular, um, deste modo; outro, daquele modo.". (8)"Contudo, digo às pessoas solteiras e às viúvas que é bom ficarem como eu". (27)"Estás ligado a uma mulher? Não procures romper o vínculo. Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher. (38)"Portanto, procede bem aquele que casa a sua virgem; e aquele que não a casa, procede melhor ainda".

À Nosso Senhor, perguntam os discípulos "...não convém casar? ... Não são todos que compreendem esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado"(Mt. 19,11)

"Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos ou irmãs, pai ou mãe, mulher ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá o cêntuplo e a vida eterna" (Mt 19, 29). Em S. Lucas: "Na verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo reino de Deus, casa, pais, irmãos ou mulher que não receberá... a vida eterna" (Lc 18, 29-30)

O Casamento não é obrigatório

O Concílio de Trento esclareceu um ponto muito importante. Afinal, o casamento é de preceito, é obrigatório?

A teologia ensina que o matrimônio foi uma obrigação de direito natural, para nossos primeiros pais, depois da queda; porém, este preceito não obrigava senão no caso de necessidade de propagação ou de conservação da raça humana, como o preceito de esmola não obriga senão no caso da necessidade de um indivíduo: tal é o ensino de Suárez (lib. IX, De cast. c. 1).

O catecismo do concílio de Trento diz que a raça, tendo-se multiplicado, hoje não somente não há obrigação de casar-se, mas antes a castidade é soberanamente recomendada, e aconselhada pela Sagrada Escritura (De matr. 14). Dirão, talvez, que o matrimônio é um meio de evitar as quedas. Não digo o contrário [comenta o Pe. Júlio Maria], mas faço notar que, além deste meio, há muitos outros meios de evitar as fraquezas. Suárez é do mesmo sentimento: Não acredito, diz ele, que um homem possa estar exposto a um tal perigo moral de cair em falta contra a castidade, que seja obrigado a casar-se, pois restam-lhe sempre os meios de fugir das ocasiões, de vencer as tentações pela oração, o jejum e outros remédios deste gênero. (lib. IX, c. 2).

S. Afonso diz que um pai não pode, de nenhum modo, obrigar um filho a casar-se, se este filho pretende escolher um estado mais elevado, como são a castidade no mundo ou a vida religiosa (Theol. Mor. 1. 6 - tr. 6).

S. Pedro era Celibatário - provas da Sagrada Escritura

Os protestantes se arvoram em intérpretes da Bíblia, insinuando, que conhecem-na muito melhor que os católicos. Então, vamos procurar demonstrar - com a mesma Bíblia que eles dizem seguir - que S. Pedro era Celibatário. Eles utilizam o seguinte trecho para tentar provar que S. Pedro não podia ser celibatário: "E a sogra de Simão estava enferma" (Lc 4, 38).

Primeiramente, cabe distinguir entre celibato e castidade. A castidade pressupõe o celibato, mas este não pressupõe aquele. Uma pessoa celibatária pode ter sido casada, por exemplo. Enquanto uma pessoa que guardou a castidade a vida inteira, de regra, nunca foi casada. A não ser que tivesse feito um voto de castidade dentro do casamento, como foi o caso de Nossa Senhora.

S. Pedro, segundo ensina a tradição e segundo vou procurar demonstrar com a Bíblia, foi casado, mas era viúvo ou tinha deixado sua mulher.

Afirmar que S. Pedro era casado por ter uma sogra é um argumento precipitado. Há muitas pessoas que tem sogra mas já não tem mulher. Da Sagrada Escritura, a única coisa de certo que se pode afirmar é que S. Pedro tinha uma sogra e que, portanto, podia ser casado, podia ser viúvo, ou podia ter deixado a esposa.

De qualquer forma, estando viva ou não sua mulher, S. Pedro a tinha deixado, segundo o conselho do Mestre: "Todo aquele que tiver deixado, por amor de mim, casa, irmãos, pais, ou mãe, ou mulher, ou filhos... receberá a vida eterna" (Mt 19, 29).

Eis um conselho do divino Mestre dirigido aos Apóstolos e, na pessoa deles, aos séculos vindouros. Nosso Senhor os convida a deixar tudo, por seu amor... até a própria mulher.

Os Apóstolos compreenderam o convite de Nosso Senhor. E compreenderam tão bem que ficaram admirados, e disseram: "logo quem poderá salvar-se?" (Lc 18, 26).

S. Pedro, sem hesitação, sem embaraço, como quem fala com completa certeza, dirige-se ao divino Mestre, e exclama: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos" (Lc 18, 28).

E o Senhor aprova e apóia esta exclamação de Pedro, respondendo: "Na verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo reino de Deus, casa, pais, irmãos ou mulher que não receberá... a vida eterna" (Lc 18, 29-30)

S. Pedro exclama ter deixado tudo... O Mestre o confirma, e promete-lhe o céu em recompensa.

É, pois, claro e irrefutável que S. Pedro, embora tivesse sogra, não tinha, ou tinha deixado a mulher; era pois celibatário como os outros apóstolos. Se assim não fosse, S. Pedro não podia dizer ter deixado tudo, visto não ter deixado a mulher, embora fosse incluída a mulher na enumeração, feita pelo Mestre, daquilo que se pode deixar por seu amor.

Os Padres não se casam seguindo o conselho de Nosso Senhor

O celibato não é obrigação imposta por Deus, mas um conselho de Nosso Senhor transformado em preceito pela Igreja.

S. Paulo, como visto, deixa claro que quem casa faz bem e quem não casa faz melhor (1 Cor 7, 8-40).

O Padre, portanto, escolhe para si o estado de vida mais perfeito, de acordo com sua vocação religiosa e seguindo o exemplo de Nosso Senhor e seus Apóstolos.

Nosso Senhor era Virgem, era a pureza perfeita. O sacerdote católico, que é o seu ministro, procura, o melhor possível, imitar o seu modelo divino, que disse: "Eu vos darei o exemplo para que façais como eu fiz" (Jo 13, 15). E S. Paulo acrescenta: "Sede os imitadores de Deus como filhos queridos" (Ef 5, 1).

Um escolhido para ser o "pastor" do "Povo de Deus" deve procurar, em tudo, o que aconselhou Nosso Senhor (Mt 19, 10 - 20 e 29) e S. Paulo (1 Coríntios 7, 7-38).

Como que para deixar claro a posição do sacerdote ou da pessoa que tem uma vocação mais alta, Cristo afirma: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga" (Mt 16, 24), e ainda: "Se quiseres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá o valor aos pobres" (Mt. 19, 21).

Um pastor protestante tem obrigações com sua esposa e com seus filhos. Obrigações de sustento, de proteção, de amparo, de educação, etc. Portanto, o seu desprendimento das coisas desse mundo acaba ficando tolhido, pelo menos em parte.

A lei eclesiástica que preceitua o celibato, mesmo tendo sido estabelecida posteriormente, era seguida pelos sacerdotes católicos desde os Apóstolos. No começo da Igreja, a própria Bíblia deixa claro o celibato.

Tertuliano, falecido pelo ano 222, diz que "os clérigos são celibatários voluntários".

Eis a lei do celibato, que é uma grande e bela instituição derivada do exemplo e do conselho do próprio Messias.

Resposta a uma objeção comum dos protestantes

Para querer provar que um padre deve se casar, os protestantes, segundo seu costumeiro "Livre Exame", utilizam-se de um texto de S. Paulo. É claro que, segundo a interpretação de cada um, um mesmo texto acaba levando a conclusões diametralmente opostas...

Diz S. Paulo: "Se alguém deseja o episcopado, deseja uma boa obra. Importa que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, sóbrio, prudente, conciliador, modesto, hospitaleiro, capaz de ensinar" (1 Tim 3, 1-2).

Segundo a interpretação corrente que fazem os protestantes desse texto, o padre deve casar-se. Ora, se o próprio Cristo deixou a cada um a liberdade de casar-se ou de ficar celibatário, será que ele recusaria esse direito ao padre?

O que prova esse trecho? Prova apenas o que a Igreja sempre ensinou, ou seja, que o celibato não é uma obrigação divina, mas sim um conselho de Nosso Senhor e do próprio S. Paulo (1 Cor 7, 7 - 38). O Apóstolo não diz: "é preciso que o bispo seja casado!"; mas diz: "Sendo ele casado, deve sê-lo com uma mulher só", excluindo, deste modo, a tal "bigamia" pública ou oculta...

Ora, nunca a Igreja ensinou que o celibato era de ordem divina, mas sim de ordem eclesiástica.

O padre deve ser "pai espiritual" de todos; e para isso, não deve ser pai carnal de ninguém. Seu tempo não lhe pertence e não poderia pertencer à sua família carnal, pois ele deve viver para a Igreja e para a religião, e não para mulher e filhos. Ele deve renunciar ao conforto do lar e à família, para consagrar-se ao serviço de Deus. "Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim. Aquele que acha a sua vida, vai perdê-la, mas quem perde a sua vida por causa de mim, vai achá-la". (Mt 10, 37-39)

O famoso texto de S. Paulo, longe de contradizer, confirma a doutrina católica mostrando o que sempre foi repetido: que o celibato não foi exigido por Cristo; porém foi aconselhado, pela palavra e pelo exemplo, deixando Jesus Cristo à sua Igreja o cuidado de regular estes pormenores, conforme os tempos e os lugares.

Ninguém é obrigado a ser padre, sendo, deve conformar-se com as decisões da Igreja de Cristo, pois "quem vos escuta, escuta a mim e quem vos despreza, despreza a mim", disse Nosso Senhor aos seus Apóstolos, à sua Igreja (Lc 10, 16).

Aliás, como tudo isso é diferente do protestantismo, que nasceu e foi impulsionado por pessoas que desejavam o adultério e a fornicação: Calvino, Henrique VIII, Lutero e Zwinglio!

Agora, querendo justificar sua posição, protestantes procuram lançar pedras contra o sacerdócio católico... Ignoram a Bíblia, os conselhos de Cristo e os preceitos da Igreja. Mais deveriam tentar limpar a imagem de seus 'fundadores' do que atacar a Igreja fundada por Cristo!

Fonte: Curiosidades Católicas

domingo, 5 de dezembro de 2010

Segundo domingo do Advento: Façam penitência



“Naqueles dias, João Batista apareceu pregando no deserto da Judéia. Dizia ele: Façam penitência porque está próximo o Reino dos céus.” (Mt. 3, 1-2)

O Advento é tempo de conversão e penitência. Enquanto nos preparamos para comemorar o nascimento de Jesus, a Igreja nos recorda que o Senhor voltará em toda a Sua glória para reunir a humanidade e julgar a cada um conforme suas obras. Hoje, o apelo de São João Batista ressoa em nossos ouvidos dizendo para nos converter, voltarmos para Deus. Tal como o Precursor do Senhor, escutamos a voz da Igreja que denuncia os pecados e hipocrisias dos homens e mulheres de nosso tempo em plena aridez espiritual pela qual passa o mundo. Aproveitemos este tempo da graça para aplainar os caminhos do Senhor em nossas vidas, abandonar tudo aquilo que nos afasta da graça de Deus.

São João Batista afirma aos fariseus e saduceus que não basta serem filhos de Abraão para alcançar a salvação assim como criam os antigos judeus. Este alerta também é válido aos cristãos. Não temos certeza da salvação e sim esperança nela e trabalhemos com a graça divina para alcançá-la. Não há pessoas predestinadas ao inferno e outras ao céu. Não basta apenas praticarmos os mandamentos de Deus e da Igreja de forma legalista para sermos salvos. Ser cristão não é seguir um manual de instruções mecanicamente, mas o encontro real com Jesus Cristo, que está no meio de nós desde Sua encarnação, e que dá sentido e valor a toda a nossa existência e que a coloca a serviço de Deus e dos irmãos. Que apresentemos, neste Advento, verdadeiros frutos de conversão. Neste Natal, reencontremos-nos novamente com Cristo Jesus.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ave Maria, Rainha pura e ditosa

Esta oração é bem antiga. Lembro-me, quando ainda era criança, escutava-a na rádio. Depois de muito tempo voltei a ouví-la, então gravei e copiei, mas a cópia e a gravação se perderam. Recentemente voltei a ouví-la e isso me trouxe boas recordações. Sempre que possível escuto a Ave Maria nas rádios, que graças a Deus, ainda divulgam esta bela oração que o tempo não conseguiu apagar da memória daqueles que ainda amam a Mãe Santíssima. Dentre as que ouço nas emissoras, creio que esta é a mais antiga e também, penso eu, que seja a única recitada. Pena que não tenha o áudio para colocar aqui.

Ei-la:


Ave Maria
Rainha pura e ditosa dos homens pecadores
Santa radiosa dos céus.
hora doce e emocionante
Entre o dia que morre e a noite que surge.
As criaturas perdidas na inquietação que invade a Terra,
Olham o firmamento ansiosas pela luz das estrelas
Que começam a invadir a imensidade

Ave Maria
Paz e recolhimento para os Espíritos
Conforto e esperança para as almas
O homem dobra os joelhos, abranda a sua ira, esquece os seus sofrimentos
E abre o seu coração nesta hora terna de piedade e de recolhimento
O seu pensamento voa para o céu
Qual gigantesco pássaro audacioso
Que soltasse na amplidão as suas asas douradas

Ave Maria
As catedrais e as capelas humildes entoam ao mesmo tempo a sua oração
Qual o bronze secular que cobre de sons divinos
Enchendo o espaço de harmonias nefáveis

Ave Maria
Hora da prece e do perdão
Hora dos fidalgos e dos plebeus
Hora dos cristãos de todas as idades e dos filhos de Deus de ambos os hemisférios

Ave Maria
Hora grandiosa de Deus
Traço de união divina entre a criatura e o criador
Hora mágica da humanidade
Que abre um dourado caminho de luz
Entre a Terra angustiada e o Céu bendito

Ave Maria...

domingo, 28 de novembro de 2010

1º Domingo do Advento: Estejam preparados


“Por isso, estejam também preparados porque o Filho do homem virá numa hora em que menos pensarem.” (Mt. 24, 44)

Tenhamos a certeza que a cada dia fica mais próximo o nosso encontro definitivo com Jesus, seja por Sua volta gloriosa, seja por nossa morte. Devemos, portanto, nos converter e vivermos na graça de Deus para não sermos pegos de surpresa. Quantas vezes não ficamos sabendo ou conhecemos pessoas que morreram repentinamente? Definitivamente, não sabemos o momento que nos apresentaremos diante de Deus. Santa Teresinha, cada vez que ouvia o sino badalar, agradecia a Deus por uma hora a menos.
.
Nestes tempos de progresso e certo conforto que a vida moderna nos trouxe - até para os mais pobres - pensamos cada vez menos em Deus. Deus foi dispensado. Parece que construímos nós mesmos o Paraíso e que esquecemos que a nossa verdadeira vida não é essa, mas aquela que está escondida em Cristo, infinitamente melhor do que esta vida efêmera que levamos. Mas não nos enganemos. Nosso encontro com o Eterno Juiz está marcado, mas Seu veredicto depende de nós: se fizermos a vontade de Deus, amando-O sobre tudo e amando o próximo, seremos julgados pelo amor. Se amamos, nada tememos. Se vivermos uma vida dissoluta, no pecado, longe de Deus e de Seus mandamentos, seremos condenados por nossos próprios atos.

A hora é essa. Não deixemos para amanhã a nossa conversão. Olhemos, por exemplo, para a imagem pedagógica de Santo Expedito: diante da decisão de converter-se, levanta a cruz com os dizeres: HOJE (em latim, hodie) e esmaga com o pé o tentador representado no corvo que o aconselha deixar a conversão para AMANHÃ (em latim, cras). Amanhã pode ser tarde. Que arrependamo-nos hoje mesmo, voltemos para a Igreja, procuremos um padre para nos confessar e seremos perdoados por Deus. Daí em diante, tenhamos uma vida nova que será confirmada no maravilhoso encontro com nosso Senhor.

Rodrigo Castellani

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Confiemo-nos ao Senhor



Som: Confitemini Domino - Taizé - Albúm Aleluia - Paulinas
Texto: Isaias 53
Ícone Ortodoxo
(sugestão: assista de forma devocional, em silêncio, concentrado no ícone, e meditando no que Cristo fez por ti na cruz).


Por Carlos Seino
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terça-feira, 9 de novembro de 2010

A amizade, segundo João Cassiano




Este homem de Deus que viveu em meados do século IV, e teve grande contato com homens como Evágrio Pôntico, João Crisóstomo e Leão Magno, tinha na amizade uma das mais belas experiências da vida cristã, deixando-nos consignado alguns princípios quanto a este assunto que vale a pena serem meditados :


1) a amizade é um bem tão precioso que deve ser preferido a qualquer bem material.


A amizade entre as pessoas não será duradoura se cada qual preferir seu conforto, suas riquezas ou sua saúde à felicidade do outro.

A posse ou a apropriação de bens materiais pode ser um obstáculo ao bom entendimento. A regra poderia ser a seguinte: “tudo o que é meu é teu”, e nunca “tudo o que é teu é meu”, a não ser que me faças dom ou compartilhes o que te pertence.


2) Nunca impor a sua vontade

Entre amigos, em vez de formulações do tipo “você deve” ou “está obrigado a”, são utilizadas expressões como “se você deseja”, “se você puder”.


3) Tudo o que é útil e necessário deve ceder lugar ao amor e a paz


A única razão de ser de uma comunidade cristã consiste em vivenciar o amor no mundo e mostrar que é possível viver juntos sem que as pessoas se dilacerem, tenham inveja, ciúmes e se destruam...


4) Seja qual for o motivo, nunca ficar com raiva

A ira pode transformar um homem em um demônio. A ira nos afasta de Deus e nos torna incapazes de efetuar nossa tarefa que é orar. Não é possível viver uma vida em comum entre pessoas que, mutuamente, não param de se julgar, avaliar e comparar.


5) Considerar os defeitos e pecados dos outros como seus.

Nunca acusar os outros, mas sempre se auto-acusar, não por sórdido sentimento de culpa ou masoquismo, e sim para descobrir a eficácia não violenta de tal método. Empreender a mudança em si mesmo, antes de pretender mudar os outros.

Lutar contra as injustiças existentes no mundo é começar a combater tudo o que há de injustiça em nós mesmos.... A santidade de um só incrementa a santidade de todos.


6) Pensar que, em qualquer instante, podemos emigrar deste mundo.

... o pensamento da proximidade da nossa morte que pode avivar nosso desejo de amar. A vida é curta, resta-nos o dia de hoje para amar; a proximidade da morte dá sentido, também, ao momento presente.

... o demônio é aquele que nos rouba o instante presente, ou seja, o instante favorável (kairos); cada instante é, efetivamente, uma oportunidade única, insubstituível, de amar e ter consciência de nossa atitude.

Mas há uma condição para que esta amizade se cumpra em nossas vidas:

“Entre dois seres, o que é indissolúvel é o Outro, o grande Terceiro, o Amor que existe ‘entre nós’ e, felizmente, não é nós, não depende de nossos humores, nem de nossas idéias. Sem esta referência comum a uma transcendência, nenhum casal, nenhuma comunidade, nenhuma Igreja, nenhum povo, nenhuma nação poderiam subsistir”.


Os trechos desta postagem foram retirados da obra de Jean-Yves Leloup, “Introdução aos Verdadeiros Filósofos”, Editora Vozes, 2ª edição, pág. 157-164.

Por Carlos Seino.
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domingo, 7 de novembro de 2010

Sede Santos

"Sede santos, porque eu sou santo. É o Senhor quem fala assim. Qualquer que seja o nosso modo de vida ou o hábito que nos cobre, cada um de nós deve ser o santo de Deus. Quem é, pois, o mais santo? É aquele que mais ama, aquele que mais olha para Deus e aquele que atende mais plenamente às exigências de seu olhar. Como satisfazer as exigências do olhar de Deus, senão mantendo-se simples e amorosamente voltado para ele, a fim de que ele possa espelhar sua própria imagem, como o sol se espelha através de um puro cristal".

(PHILIPON, M. Doutrina Espiritual de Elisabete da Trindade. Ed. Paulus. p. 275)


Não temos brilho próprio. Todo o nosso brilho vem do Pai das luzes, e nós refletimos sua imagem como que por um espelho. Quanto mais limpo este espelho, menos distorcida será a imagem refletida. Quem é limpo, limpe-se ainda mais; quem é sujo, suje-se ainda mais, disse-nos o apóstolo. Santidade não é o cumprir de preceitos morais, regras inflexíveis e impossíveis, mas é colocar-se em uma posição tal que a luz de Deus possa brilhar em nossas vidas, para que vejam as nossas boas obras e glorifiquem ao Pai que esta nos céus. 

Por Carlos Seino
http://blogdoseino.blogspot.com/

terça-feira, 20 de julho de 2010

No mundo de hoje o que diria Jesus?

Sabemos que Deus, ser espiritual por excelência, é amor. Portanto, o amor é o elemento espiritual mais desejado: aquele amor que Deus, ao fazer-se homem, trouxe à terra.
Imaginemos ver passar diante dos nossos olhos algumas cenas sintomáticas do mundo de hoje. (…) E nos perguntemos: o que diria Jesus se aparecesse no meio delas? Estamos certos de que hoje, como no seu tempo, falaria novamente de amor. «Amai-vos — diria — como eu vos amei». Somente juntos, na concórdia e no perdão, é que podemos construir um futuro sólido.

Como em uma seqüência de projeções que se dissolvem uma na outra, imaginemos transferir-nos para outros lugares, como um país da América Latina, por exemplo. De um lado, arranha-céus, muitas vezes como modernas catedrais erigidas ao deus-consumo, e, do outro, barracos, favelas e miséria: miséria física e moral; e doenças de toda espécie.

O que diria Jesus diante desta visão desoladora? «Eu vos tinha dito que vos amásseis. Não o fizestes e eis as conseqüências.»

E se outros quadros, como numa colagem, nos oferecessem visões de cidades, conhecidas como as mais ricas do mundo, ou com as mais avançadas tecnologias e, simultaneamente, panoramas de ambientes desérticos com homens, mulheres e crianças morrendo de fome. Que diria Jesus se aparecesse bem ali no meio? «Amai-vos.» Ou se víssemos imagens de lutas raciais com flagelos e violações de direitos humanos… Ou intermináveis conflitos armados…

Que diria Jesus diante de tantos dramas? «Eu vos tinha dito que é preciso querer-se bem. Amai-vos como eu vos amei.» Sim, diria isso diante destas e das mais graves situações do mundo atual.

(…) E o que Jesus diz é de uma importância enorme, porque este «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» é a chave principal para a solução de todo problema, é a resposta fundamental para todo mal que atinge o homem.

(…) Jesus definiu o mandamento do amor como “meu” e “novo”: é um mandamento tipicamente seu, visto que lhe deu um conteúdo único e novíssimo. «Amai-vos — disse Ele — como eu vos amei». E Ele deu a vida por nós.

Por conseguinte, o que está em jogo neste amor é a vida. E um amor para com os irmãos, disposto a dar a vida, é o que Ele pede também de nós.

Para Jesus não é suficiente a amizade ou a benevolência para com os outros; não lhe basta a filantropia, nem a mera solidariedade. O amor que ele pede não se resume na não-violência. É algo ativo, ativíssimo. Exige que não se viva mais em função de si mesmo, para viver pelos outros. E isso requer sacrifício, esforço. Exige que todos se transformem de pessoas covardes e egoístas, concentradas nos seus próprios interesses e nas suas próprias coisas, em pequenos heróis da vida cotidiana: pessoas que dia após dia estão a serviço dos irmãos, prontos a dar até mesmo a vida por eles.

E este é o chamado da vocação de vocês, se não quiserem ver seus ideais dissiparem-se em meras utopias.
Vocês devem amar desse modo, viver o amor mútuo desse modo, começando a dar testemunho deste amor antes de propô-lo aos outros.

Testemunhas, modelos, para que o mundo veja como vocês se amam e possa repetir aquilo que foi dito a respeito dos primeiros cristãos: «Vede como se amam e estão prontos a morrer uns pelos outros».
Deste modo teremos colocado bases sólidas; estará plantada a raiz da árvore que queremos ver florescer.
De fato, este amor recíproco entre vocês terá conseqüências de um valor — diríamos — infinito, porque onde existe o amor, lá está Deus; e como disse Jesus: «Onde dois ou três estão reunidos em meu nome (ou seja, no seu amor), ali estou eu no meio deles».

Vocês terão então Cristo entre vocês, o próprio Cristo, o Onipotente; e dele vocês podem esperar tudo.
Será Ele mesmo a trabalhar com vocês porque Ele de certa forma voltará ao mundo, a todos os lugares onde vocês estiverem, através do amor recíproco, da unidade vivida entre vocês.
Ele os iluminará a respeito de tudo o que deve ser feito, será o seu guia e sustento; Ele será a força, o ardor, a alegria de vocês.

Por meio dele o mundo que os rodeia se converterá à concórdia, e toda divisão será sanada. Foi Ele quem disse: «Que sejam um a fim de que o mundo creia».

Vocês assumiram um compromisso grandioso. Não pode ser outro, senão Ele, o líder nessa luta. Portanto, amor entre vocês e amor semeado em muitos cantos da terra, entre as pessoas, entre os grupos, entre as nações, com todos os meios, para que se torne realidade a “invasão de amor” da qual sempre falamos, e tome consistência — também mediante a contribuição de vocês — a civilização do amor que todos desejamos.

É isto que vocês são chamados a viver. E haverão de ver grandes coisas.
(…) Sigam em frente sem hesitação. A vida que vocês devem irradiar não deve conhecer meias medidas, é generosa. Não a desperdicem!

Todos, de mãos dadas, tenham certeza: a vitória será nossa.

Chiara Lubich

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quando alguém passa ao nosso lado

Quando alguém passa ao nosso lado durante o dia, no trabalho ou na escola, nossa tarefa consiste sempre e unicamente em amar.

Mas devemos amar como Jesus.

Para tanto, é necessário ouvir sempre a sua voz que nos fala através da consciência, para que, ao amarmos, não erremos por excesso ou por falta. 0 Evangelho nos adverte, por exemplo, de que não se deve dar as coisas santas aos cães; e nós, mesmo podendo e devendo nos julgar inferiores a todos, porque só Deus sabe as graças que nos proporcionou e que não aproveitamos suficientemente, devemos estar vigilantes para não falarmos de "coisas santas , num ambiente não preparado para recebê‑las.

Aconteceria, como diz o Evangelho, que seriam desprezadas, "calcadas", e nós, ridicularizados, "despedaçados".

Ao mesmo tempo, devemos lembrar que o próprio Evangelho ensina também a amar o próximo como a si mesmo e portanto, a comunicar os bens espirituais que possamos ter e a luz que Deus nos dá, a quem estiver disposto a recebê‑los.

No primeiro caso, devemos testemunhar Jesus somente com a nossa vida, no segundo, também com a palavra. Um erro, por excesso, pode ser o que cometem certos cristãos que procuram apresentar a vida evangélica do lado aventuroso, poético, romântico, tentando atrair as pessoas com uma pseudomensagem evangélica que estimula a fantasia e o amor próprio, fazendo sentir‑se portadores de uma suposta missão.

Não se pode excluir da vida evangélica o que ela possui de mais esplêndido: a normalidade de uma vida sobrenatural límpida, harmoniosa, nem artificial, nem excessiva, mas simples como a natureza.

Maria, mãe do Criador e mãe de todas as criaturas, viveu entre seus contemporâneos que eram também filhos seus; no entanto, nada se conhece do seu apostolado entre eles. Ela fez só a vontade de Deus: amava a Jesus e assistia aos apóstolos.

E creio que ninguém melhor do que ela viveu o Evangelho.

Um erro de omissão pode ser notado nos cristãos exageradamente ligados a seus deveres e que vêem unicamente nestes a vontade de Deus, fechando‑se então, à manifestação da vontade de Deus através das circunstâncias. Terminam, por isso, não amando quem lhes passa ao lado. Estas pessoas vivem em pouca intimidade com Deus, porque não ouvem a sua voz em cada momento presente do dia. Não obstante pensem estar cumprindo justamente seus melhores deveres, na verdade estão apegados também a si mesmas. Não conhecem a poesia do Evangelho, a divina aventura que ele encerra, porque não sabem ver a linha traçada pela providencial mão de Deus que ilumina a vida de cada homem, mesmo o mais simples e desconhecido.

Enquanto os que pecam por excesso podem parecer exaltados, estes são sombrios e enfadonhos. A presença deles é inexpressiva e afasta os outros.

0 verdadeiro cristão é uma pessoa em quem vive sempre Cristo e dele todos se aproximam com amor e temor, porque irradia, como Jesus, o amor e a verdade: oVerdadeiro cristão é luz no mundo.

Chiara Lubich

domingo, 13 de junho de 2010

Se teu olhar é simples

Em todos os próximos que encontrares durante o dia - de manhã até a noite - procura ver neles Jesus. Se o teu olhar é simples, quem por ele olha é Deus. E Deus é amor, e o amor deseja unir, conquistando.

Quanta gente, equivocando-se, olha as criaturas e as coisas para possuí-las! E o seu olhar fala de egoísmo, ou de inveja, ou em todo caso, de pecado. Ou então olham para dentro de si para se possuírem, para possuírem suas próprias almas, e têm o olhar apagado, porque turbado ou cheio de tédio.

A alma, por ser imagem de Deus, é Amor, e o amor fechado em si mesmo é como a chama que, não alimentada, se apaga.

Olha para fora de ti, não em ti, não nas coisas, não nas criaturas: olha a Deus fora de ti para unir-te a ele. Ele está no íntimo de cada alma que "vive" e, se "morta", é o tabernáculo que espera Deus para a alegria e expressão da própria existência.

Olha, portanto, cada irmão com olhar de amor, e amar é doar. Mas amor chama amor, e então serás por ele amado.

Chiara Lubich

sábado, 24 de abril de 2010

Desafios ao ser cristão nos dias de hoje

Por Maria Aparecida de Cicco
Fonte: http://www.blogdateo.blogspot.com/


[este texto nasceu das anotações feitas na palestra proferida pelo monge beneditino Anselm Grün, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo – SP - Brasil – em 12/04/2010]

Para ser cristão é preciso, antes de tudo, ser “humano”.

Para nos salvar Jesus assume a humanidade e a vive integralmente, mostrando que não se pode fazer a vontade de Deus na terra a não ser através da humanidade. Olhar para a humanidade de Jesus é olhar para o que Deus espera de nós, seres humanos.

Para compreender o sentido de ser “humano” é necessária a calma, a tranqüilidade para mergulhar no próprio interior e descobrir “quem somos”, sem qualquer sombra de julgamento. Pois assim como Deus estava em Jesus, assim também está em nós.

Quem procura Deus tem que procurar a si mesmo, à sua verdade.

Nos dias atuais, o ser humano é assombrado por três medos fundamentais:

Medo de ser determinado pelos outros:

– isto é, agir segundo a vontade de outras pessoas abrindo mão do seu livre arbítrio. Quando a Bíblia nos diz que Jesus foi obediente a Deus (Fl 2,8) não significa que agiu contra a própria vontade, mas que ouvindo a Deus que falava em seu íntimo aceitou e assumiu o projeto do Pai como seu próprio projeto e determinou-se a ser fiel a esse projeto, mesmo diante da morte tramada pelos que detinham o poder.

No mundo atual, onde impera o individualismo, muitos vêem a vontade de Deus como empecilho à liberdade individual. No entanto, Deus não está em nós para quebrar a nossa própria vontade, ao contrário Ele vem dar o sentido da nossa existência humana. A vontade de cada um tem diferentes dimensões, mas a base será sempre a manifestação da vontade de Deus, que também se manifesta nos anseios do povo e nos clamores da sociedade. Quando Jesus, no Horto das Oliveiras, pede ao Pai que afaste o cálice do sofrimento (Mt 26,39), no mesmo instante Ele reafirma a sua base ao pedir que se faça a vontade de Deus. Jesus sabe que o Pai não deseja seu sofrimento, mas apenas a fidelidade ao seu projeto de amor. O sofrimento pelo qual Jesus passará é fruto da maldade do homem e não da vontade de Deus. Assim, a obediência evangélica é aquela que nos leva a agir sendo fiéis a Deus, ao que somos e aos valores humanos.

Medo da fome:

– de não ter o necessário para sobreviver. “Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas?” (Mt 6,26). Ser pobre é não ter nada, não pensar nada e não querer nada. Não ter nada não significa não possuir bens, mas também não querer possuir Deus. A pobreza evangélica é aquela que nos leva a não considerar os bens como propriedade exclusiva, e mais ainda não considerar Deus como nossa propriedade.

A riqueza não é ruim em si, mas tem a capacidade de reforçar em nós o apego e a induzir as pessoas a usar máscaras, o que provoca o vazio interior. Quem não consegue renunciar às coisas, jamais conseguirá fortalecer o próprio “EU”. Somos chamados a viver a generosidade da partilha total, conscientes de que o que possuímos é temporário e jamais deverá ser estocado, mas deve servir para o bem de todos; “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13).

Medo da solidão:

– de não ser amado, ser abandonado. Empreendemos uma busca desesperada de agradar os outros passando por cima dos nossos próprios valores e anseios esperando com isso a atenção desses. Com isso perdemos a própria identidade. “Amai ao próximo como a ti mesmo” (Mt 19,19) – aqui Jesus deixa claro que só podemos amar aos outros se nos amarmos primeiro, e quem se ama se respeita e procura se conhecer. Assim, devemos descobrir quem somos no mais profundo do nosso íntimo e nos amarmos. E quando isso acontece, nos encontramos com Deus que nos ama do modo mais profundo e descobrimos que jamais estaremos sozinhos. A partir daí, construiremos a base da nossa vida no próprio Deus. A castidade evangélica é fruto de uma vida construída sobre alicerces de integração da sexualidade e não da sua negação, identificando para onde ela nos leva.

Encontramos na Bíblia belíssimos relatos impregnados de sexualidade que nos falam do amor de Deus pela humanidade, o “Cântico dos Cânticos” é um exemplo disso.

Para desenvolver a integração da sexualidade é necessário:

• Desenvolver uma cultura de vida saudável. Hoje há um movimento de destruição da vida, é preciso cultivar a vida saudável, a própria casa e o próprio ser como lugar onde se habita com paz e bem estar.

• Cultivar a amizade sincera, deixando que as pessoas cheguem ao coração, deixando-se cativar.

• Cultivar a criatividade, usando-a como meio de expressão pessoal e até mesmo da própria sexualidade.

• Cultivar a espiritualidade mística, que tem a ver com experimentar Deus, com silêncio e meditação. A espiritualidade mística não leva a perder o contato com a realidade, nem a ficar girando em torno de si mesmo na busca pelo próprio bem estar e a própria salvação, mas induz ao questionamento pessoal do que pensamos, sentimos e fazemos na busca da comunhão e do bem comum.

Cada pessoa tem o desejo de amar e ser amado que leva à experiência de sentir-se pleno ou vazio, acolhido ou rejeitado. É essa experiência que nos leva a compreender que permanecer no amor é permanecer em Deus.

Desafios são vencidos quando se vive o Batismo

O batismo nos confere o ser rei, sacerdote e profeta; e cada um desses selos tem um significado próprio que nos identifica com Jesus.

• Ser rei ou rainha é ter a capacidade de viver por si mesmo, sem se deixar levar pelos outros, é ser soberano de si mesmo e da própria dignidade.

• Ser sacerdote é ser guardião do sagrado, é guardar em si o espaço sagrado interior. Jesus afirmou que o Reino de Deus está em nós (cf. Lc 17, 20-24). O sagrado está livre do mundo e dá liberdade para que possamos estar no mundo sem nos deixarmos prender por ele ou por seus julgamentos. O espaço sagrado é o espaço da autenticidade, da originalidade; é o lugar da entrega, onde não há espaço para o sentimento de culpa.

• Ser profeta é dizer algo de Deus a partir da própria experiência que se tem dele e da sua presença em nossa vida. É ter sensibilidade para falar sobre coisas que ferem o ser humano e clamam contra Deus.

O desejo de controle absoluto, de si e do outro, nos coloca na contramão da caminhada cristã e impede as pessoas de serem “humanas”; quanto mais nos entregamos ao amor de Deus e nos deixamos guiar e transformar por esse amor, mais nos aproximamos da humanidade perfeita, perfeição a que Jesus nos chamou (Mt 5,48).

sábado, 17 de abril de 2010

Anselm Grün no Brasil


Pois é, pessoal.

A convite de uma amiga minha, tive a graça e a oportunidade de estar em uma palestra do renomado mestre e teólogo em espiritualidade Anselm Grün nesta última segunda feira.

O evento ocorreu na Paróquia de São Judas Tadeu, em São Paulo (perto do metrô São Judas), e o auditório estava lotado.

O referido teólogo, que é monge alemão, logo que entrou percorreu toda a nave da paróquia, cumprimentando o maior número possível de pessoas. Após, proferiu uma palestra sob o tema "Espiritualidade Contemporânea" e depois de um rápido intervalo, resondeu à várias perguntas (tudo, traduzido do alemão para o português).

Vou postar um resumo da palestra (resumo mesmo - paróquias muito grandes costumam dar eco, e as vezes, não dava para entender o tradutor). Vai no estilo "anotador biônico...rsrsr).

Grun começou falando sobre o significado do termo espiritualidade, sustentando, a grosso modo, que a espiritualidade é viver conforme o Espírito de Deus. Que é um desvio muito grande na espiritualidade a idéia de perfeição absoluta e ausência de erros. Explicou que o Espírito, em nós, é uma fonte inesgotável de vida, que tem pelo menos cinco características: esta fonte refresca; é saudável; fortifica; é fértil e purifica. Explicou, com rápidas palavras, cada uma destas características.

Após, também falou das virtudes espirituais como fontes de espiritualidade, notadamente as chamadas virtudes teologais (fé, esperança e amor).

A fé, entre outras definições, é saber-se carregado por Deus. Que tudo o quanto precismos decidir deve ser colocado com fé diante de Deus. É uma confiança de que sou abençoado e de que sou também uma benção. Viver pela fé também me ensina a ter fé nas pessoas, esperando delas o que de melhor podem dar para Deus e para o próximo. Ver em cada pessoa a imagem do Deus vivo. Citou um teólogo judeu que diz que não há linguagem sem fé, nem fé sem linguagem. A linguagem da fé é uma linguagem que aquece o coração de quem fala e de quem ouve.

Uma imagem muito viva do que ele disse é que na relação de confiança é como se construíssemos uma casa em que o outro pode se sentir a vontade e se abrir. A relação como um lugar de conforto, de transparência. A palavra permeada pela fé constrói uma casa.

A outra virtude teologal é a esperança (que é diferente de expectativa). Discorreu sobre a esperança em diversos aspectos da vida. Não ter esperança é o inferno (Dante). A esperança valoriza o nosso fazer; tudo o que faz sentido na vida deve ser feito com esperança.

A terceira virtude teologal, que é fonte de espiritualidade, é o amor, a caridade, que não é moralizante, mas sim uma fonte de vida, de confiança. Falou sobre o aspecto esvaziante e preenchedor do amor, que confia mesmo quando sabe que não dará certo. Que é um desafio nos tornarmos todo amor, assim como Deus é amor.

Depois, Grün falou sobre os caminhos concretos da espiritualidade, ou seja, os rituais.

Discorreu sobre o "acender de uma vela", sobre o criar um espaço sagrado que nos mantém retirados do poder do mundo.

Lembrou-nos de que sagrado também tem a ver com "sanar", com cura.

Também discorreu sobre o nosso "tempo sagrado", ou seja, o momento em que eu sou absolutamente senhor do meu tempo, não importa o quão pequeno ele possa ser. Um momento para eu afirmar, juntamente com Deus, que eu estou vivendo, e não simplesmente sendo vivido. Quem vive somente para preencher as expectativas alheias vive uma vida amarga.

Grün também falou dos rituais que nos ligam aos nossos antepassados, dando o exemplo de sua própria família que há mais de um século, no Natal, realiza os mesmos rituais. Que uma alma que perdeu suas raízes pode se tornar uma alma deprimida. Enfatizou que os rituais nos levam ao encontro.

Enfatizou a importãncia de rituais que abram as portas e que fechem as portas, tanto no início como no fim de ciclos, sejam eles diários, ou por maior período de tempo. A idéia é que eu esteja completamente presente no momento. Rituais simples de saída do trabalho, chegada no lar, etc.

Os rituais que transformam o mundo trazem Deus para dentro de nossa vida, e nossa vida leva Deus para as pessoas.

Também ensinou que a celebraçáo litúrgica tem uma dimensão um tanto quanto terapêutica.

Sobre a oração, falou desta como um sinal de relacionamento, que me põe em contato com Deus e me prepara para a relação com o meu próximo. Na oração, não sou deixado sozinho com meus problemas, com minhas crises, com minhas questões. Na oração, abro-me do jeito que eu sou. Há cura no momento de encontro com Deus.

A ascese, segundo o monge alemão, é o exercício da liberdade interior. Citando Freud, disse que, aquele que não renuncia a nada não saberá sentir o sabor das coisas.

Também falou sobre o ano litúrgico, de como ele pode se tornar um sistema terapêutico. No calendário litúrgico, entramos em contato com um ritmo. O advento, por exemplo, é o momento do desejo, da busca. O natal, é o momento litúrgico do nascimento de Deus na alma humana. Recomeça novamente a vida de Deus em nossas vidas. A Quaresma, que é o tempo da purificação, pratico o exercício da liberdade interior. A Páscoa, é o momento da vida plena, onde a vida floresce em nós.

Observou também que todos os sacramentos da igreja (no catolicismo, são sete) remetem o ser à uma maior qualidade de vida espiritual, visto que os tais acompanham os fiéis por toda a vida. Que na eucarístia, por exemplo, além de todas as outras figuras, celebramos a nossa própria transformação interior. Que no cálice, transformamos as nossas amarguras na vida de um doce amor. A morte e a ressurreição do Cristo opera uma transformação em nós onde não há dureza de coração que não possa mudar-nos, onde o errado recomeça, onde não há túmulo em que a vida não possa ressurgir, onde nossa vida é preenchida de esperança... E assim foi.

Foi, portanto, uma palestra em linguagem simples, em que ele expôs um pouco daquilo que com mais prufundidade trata em seus livros (vários títulos traduzidos no Brasil). Penso que cristãos de todas as denominações podem se beneficiar da leitura do referido monge. De modo geral, ele escreve em linguagem simples. Alguns o acham, as vezes, mais psicólogo do que um teólogo da igreja, e, de fato, talvez tal impressão seja verdadeira em alguns de seus escritos. Particularmente, já me beneficiei e continuo me beneficiando com a leitura de algumas de suas obras, entre elas "O céu começa em você", "Espiritualidade a partir de si mesmo", "As exigências do silêncio", entre outras.

No final da palestra, após um rápido intervalo, ele abriu para perguntas. Foi bem legal. Eu perguntei (meio que representando os, às vezes, chatos da teologia da libertação) se o caminho da espiritualidade proposto não poderia conduzir a um certo individualismo frente ás questões, aos problemas sociais. Não é pra me gabar não (já me gabando) ele deu bastante atenção a esta questão, e, resumindo, disse que de fato, há sempre tal risco, mas que uma espiritualidade que não me abra para o sofrimento alheio é uma espiritualidade narcisista e doente. Em uma pergunta anterior, sobre como ser espiritual em um contexto miserável, ele contou a história de um jovem que frente a tais questões se sentia tão angustiado que não mais conseguia orar, não conseguia expressar alegria, felicidade, e que portanto é de bom tom não se perder o contato com Deus, a fonte da vida, mas sem deixar de olhar para o sofrimento alheio (enfim, propôs um certo equilíbrio).

Foi isso.

Por Carlos Seino.
http://blogdoseino.blogspot.com/

sábado, 3 de abril de 2010

Porque buscais entre os mortos aquele que está vivo?

Porque buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou
 (Lc 24, 5-6)

Cristo Ressuscitou Aleluia!
Venceu a morte Aleluia!
E com Ele, renascemos para uma vida nova!

Votos de uma Santa Páscoa ,
cheia de Paz, Amor, Vida e Luz de Jesus Ressuscitado

O abandono da cruz


Na cruz, Deus disse ao mundo: "te amo"! Na cruz o mundo disse a Deus: "te odeio"!



Nossa distãncia, nosso desvio, nossa indiferença.

Implicou na ação de Deus, na atitude divina em nos buscar.

O auto-esvaziamento divino, em estar entre nós.

Em encarnar, em conosco andar.

Esteve entre nós, como luz no mundo.

Implantando o Reino, ensinando a paz.

Confrontando quando necessário, consolando boa parte do tempo.

Aproximando-se de mulheres, de publicanos, de samaritanos, de leprosos, de gentios...

Subvertendo os valores dos que se consideravam no topo da hierarquia religiosa e política do país.

Mas ainda assim, sem violência.

Somente o discurso profético.

O dar a outra face. O caminhar outra milha. O largar a capa.

A exortação.

Cuidai dos pobres.

Quando fazeres a um destes, a mim o fizestes.

A determinação.

Ensinem como eu ensinei.

Uma vida de milagres.

A graça... de graça recebestes, de graça dai...

Mas enfim.

Os seus não o entenderam.

Não o receberam.

Não obstante um ato que estava no coração de Deus desde antes dos tempos eternos.

A cruz.

Ainda assim ela ocorreu por livre deliberação humana.

Profundo e grandioso mistério.

Profunda soberania divina.

Profunda liberdade humana.

E ele foi, caminhou voluntariamente até a cruz.

Pois na cruz, expressou todo o amor divino pela humanidade.

Deus amou o mundo de tal maneira...

Na cruz, Deus disse ao mundo: "Te amo!"

Na cruz, o mundo disse à Deus: "Te odeio!"

E ali....

Deus abandona Deus....

A única coisa de que Jesus talvez temesse...

O abandono do Pai...

Mas ali, foi feito algo maior...

Algo por nós...

Foi ali que ele se fez maldição por nós...


sexta-feira, 12 de março de 2010

Fazer a Vontade de Deus

Existe um grande fenômeno que passa despercebido por muita gente.
Fazendo a vontade de Deus com todo o nosso ser, tornamo-nos um outro Jesus. Humanamente não é possível, mas somos Jesus porque continuamos a sua ação no mundo. Somos Jesus porque difundimos o seu modo de agir e de se relacionar com todos. Somos Jesus porque nos tornamos UM entre nós, quando aderimos ao seu ensinamento.

No momento em que conseguimos fazer com todo o nosso ser a vontade de Deus, Ele, o próprio Deus Pai, reconhece-nos como a si próprio, ou melhor, Ele nos reconhece como um outro Jesus. E, olhando para cada um de nós, repete: "Este é o meu filho amado, no qual eu ponho a minha alegria."
Não pensem que isso é coisa de "grandes santos". Isso é o quotidiano da vida cristã, é o nosso dia a dia, a começar pelas pequenas coisas.

terça-feira, 9 de março de 2010

Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda...

“Em verdade vos digo: se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’, e ela irá. Nada vos será impossível.” (Mt 17,20)

Quantas vezes na vida você gostaria de ser ajudado por alguém e ao mesmo tempo percebe que nenhuma pessoa pode resolver o seu problema! Então, quase sem perceber, você se dirige a Alguém que sabe tornar possível as coisas impossíveis. Esse Alguém tem um nome: é Jesus.
Ouça o que Ele diz a você:

“Em verdade vos digo: se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’, e ela irá. Nada vos será impossível.”

É evidente que a imagem de “transportar montanhas” não deve ser tomada ao pé da letra. Jesus não prometeu aos discípulos o poder de realizar milagres espetaculares para impressionar o povo. De fato, se você investigar toda a história da Igreja, não encontrará nenhum santo, que eu saiba, que tenha transportado montanhas com a fé. “Transportar montanhas” é uma hipérbole – ou seja, um modo de dizer propositalmente exagerado – para incutir na mente dos discípulos a convicção de que, para a fé, nada é impossível.
Com efeito, todos os milagres que Jesus realizou, diretamente ou por meio de seus discípulos, sempre foram feitos em vista do Reino de Deus, ou do Evangelho, ou da salvação dos homens. Para esse fim, de nada serviria transportar uma montanha. 

A comparação com “o grão de mostarda” indica que Jesus pede a você não uma fé maior ou menor, mas sim uma fé autêntica. E a característica da fé autêntica é apoiar-se unicamente em Deus e não nas próprias capacidades. Se você for tomado pela dúvida ou pela hesitação na fé, significa que a sua confiança em Deus ainda não é plena. Sua fé ainda é fraca e pouco eficaz, ainda se apoia nas suas forças e na lógica humana. Ao passo que a pessoa que se confia inteiramente a Deus deixa que seja Ele mesmo a agir e... para Deus nada é impossível. 

A fé que Jesus pede aos discípulos é justamente essa atitude cheia de confiança que permite ao próprio Deus manifestar o seu poder.
E essa fé – esta sim, capaz de transportar montanhas – não está reservada a uma ou outra pessoa extraordinária. Ela é possível e obrigatória para todos os que creem.

“Em verdade vos digo: se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘Vai daqui para lá’, e ela irá. Nada vos será impossível.”

Supõe-se que Jesus tenha dirigido essas palavras aos seus discípulos quando estava para enviá-los a pregar. É fácil desanimar e assustar-se quando se tem a consciência de ser um “pequeno rebanho” despreparado, sem talentos especiais, diante de multidões incalculáveis às quais se deve levar a verdade do Evangelho. É fácil desanimar diante de pessoas cujos interesses nada têm a ver com o Reino de Deus. Parece uma missão impossível. 

É então que Jesus garante aos seus que, com a fé, “transportarão as montanhas” da indiferença, do desinteresse do mundo. Se eles tiverem fé, nada lhes será impossível.
Além disso, essa frase pode ser aplicada a todas as demais circunstâncias da vida, desde que estejam orientadas ao progresso do Evangelho e à salvação das pessoas. Às vezes, diante de dificuldades insuperáveis, pode surgir a tentação de não se dirigir nem sequer a Deus. A lógica humana sugere que não vale a pena, pois é inútil. Eis então a exortação de Jesus a não desanimar e a se dirigir a Deus com muita confiança. Ele, de um modo ou de outro, haverá de atender.

Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em setembro de 1979

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cristãos dormentes.

Antigamente ensinava-se que os membros da Igreja Católica formavam três grandes grupos: o militante, que “peregrina” na Terra, trabalhando pelo Reino; o padecente, formado por aqueles que, depois da morte, estão purificando-se para poder entrar na Vida Eterna; e o triunfante, formado por aqueles bem-aventurados que já estão na presença do Pai. 

Pois bem, hoje poderíamos acrescentar outra categoria a mais: a Igreja dos cristãos dormentes.

Pertencem a este grupo os que batizam seus filhos na Igreja e gostam de convocar um montão de sacerdotes para celebrar o funeral do pai ou da mãe (pois até isto quantificam e tomam por critério de distinção e classe), mas passam o resto de sua vida ignorando a Igreja a que dizem pertencer. Espiritualistas no domingo, de meio-dia a meio-dia e meio, e materialistas no resto da semana, vivem com desânimo tudo o que soe a religioso.

Mudam ritos por segurança, buscam precauções, prudências, virtudes adornadas de soníferos. Falsos crentes, sua tibieza levou-os a considerar virtuoso que não é senão uma dimensão de si mesmos. E assim, acabam por chamar mansidão à debilidade de caráter, humildade à sua impotência, resignação à sua covardia. E são os que, no final, acabam por protestar e enfadar-se quando Deus não se rende à sua vontade: Faça-se a minha vontade assim no céu como em minhas terras.

Lembram-se da Igreja-instituição só para criticá-la. E nisto, andam bem atentos em destruir. São especialistas em criticar o Papa: se viaja, porque viaja; se não, porque não viaja. Se é velho, porque é velho. E se é velho e viaja, pior ainda. E criticam o bispo, o pároco da paróquia, a este ou aquele movimento. Só eles, para além do bem ou do mal, parecem estar com a verdade sobre o que a Igreja deveria ser. Mas, enquanto criticam, não movem um dedo sequer par fazer bem as coisas. E nem para fazê-las mal. E a quem faz, alvejam-no, submetem-no a todo o tipo de críticas, reprimendas, corretivos e sermões. Nem fazem, nem deixam fazer. Não querem compromissos, mas não suportam o compromisso dos outros. E a partir do seu espelho, criticam, queixam-se, exigem e apontam ex catehedra.

Acordam só para assistir, entediadamente, a alguma procissão, à celebração de algumas bodas, ou à “Primeira Comunhão” da criança (que consiste cada vez mais na copiosa festa pós-sacramental do que no mesmo sacramento, não faltando nunca quem aconselhe ao pároco que termine rapidinho, pois há pessoas que os esperam no restaurante).

Assistem “religiosamente” à partida de futebol do sábado e do domingo, mas à Eucaristia, participarão se estiverem com vontade, e se tudo estiver bem. Sonolentos no sábado e no domingo, e estressados durante a semana, colocarão todos os tipos de desculpas para não assistirem a alguma reunião de formação. Mas sempre terão tempo para alguma viagenzinha de fim de semana, para conseguir descontos ou para fazer alguma hora extra na empresa. Dinheiro é dinheiro.

Recusam toda opinião que venha da “hierarquia católica” como “imposição intolerável”, mas se abrirão de par em par, a crítica e tolamente a qualquer opinião alheia, dita por qualquer pessoa em qualquer lugar, especialmente a aqueles que atacam sua própria Igreja, sem fazer o mínimo esforço para buscar nas fontes a verdade do que se disse. Sempre atentos aos desmandos do pároco de tal ou qual cidade, nunca terão olhos nem ouvidos para reconhecer o trabalho intenso e fecundo feito pelos católicos militantes.

Cristãos tíbios, sem fascinação, tristes, porque já não crêem em nada, não conhecem a alegria da Salvação, porque nada querem saber de salvação nem de “kerigmas”.

Esta Igreja dormente perdeu seu primeiro impulso, seu entusiasmo, seu vigor. Não é nem fria, nem quente. Já não sabe quem é, nem se recorda do que recebeu. É uma Igreja de corações covardes e mãos débeis. Não luta, nem faz penitência, nem se alegra. 

José Manuel Domínguez Prieto
In: Almudi.org

És Tu Senhor, meu único bem

Diante de uma dor física ou espiritual, diante de um imprevisto, de urna desgraça, de uma incompreensão familiar ou social, diante de tudo aquilo que nos incomoda e nos sentimos mal é necessário concentrar-se e, com a alma, pôr-se diante de Deus que está em nós e dizer-lhe: “Esta dor não é aquilo que parece, isto é, falta de paz, de luz, de alegria, de compreensão, de companhia, não é aquele Pecado, aquela traição etc., esta realidade és Tu”. 

De fato todo o negativo de cada homem, todo o negativo do mundo, Jesus tomou sobre si, revestiu-se disso, compenetrou este negativo e a tudo redimiu. O Filho, transformado naquele horror, pareceu não ser reconhecido pelo Pai e Jesus não sentiu mais o amoroso olhar paterno sobre si e não mais gritou: “Meu Pai”, mas: “Meu Deus”. Aquelas palavras de Jesus parecem um grito de revolta, de desespero. Ele é Deus que sabe tudo e, no entanto, pergunta: “Por que?!" Queria doar-nos o Pai e por isso, num certo momento, não mais o viu, não sentiu sua presença. Por isso nós, apenas reconhecemos precisamente a sua realidade naquela nossa dor, depois de dizer-lhe “Es Tu”, o amávamos. 

Todo sofrimento e toda dor era, portanto, um encontro com ele. Era como se Jesus naquele particular sofrimento se manifestasse a nossa alma e nos perguntasse: “Você me ama também nesta circunstância?”. Então lhe dizíamos: “Eu não quero a saúde, a paz, a alegria, a solução, a luz etc., mas eu quero o que me faz sofrer porque és tu”. E, tendo abraçado Jesus Abandonado, voltávamos ao trabalho, ao descanso, as atividades daquele dia, ancorados nele, projetados nele, sem considerar aquele nosso pequeno sofrimento que talvez tinha atingido a todos. E depois de um pouco víamos clarear-se o céu de nossa alma.

Doriana Zamboni

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.

“E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.” (Lc. 4, 23)

Após Sua pregação na cidade de Nazaré, onde cresceu e viveu a maior parte de Sua vida, Jesus é rejeitado pelo povo. A familiaridade com Jesus, o conhecimento de Suas origens, vida simples e de Sua família fizeram com que o povo nazareno não acreditasse que Ele era o Messias. A rejeição foi tamanha e se indignaram tanto que resolveram matar Jesus. Era uma pequena amostra da grande rejeição da maioria do povo judaico – rejeição que perdura até hoje. Jesus cita exemplos de como o povo de Israel rejeitou e desacreditou nos profetas enviados por Deus e como estes se voltaram para os gentios. A rejeição do povo de Israel abriu as portas da Igreja e da salvação aos outros povos. Diante do processo de descristianização do Ocidente e aumento da rejeição de Cristo não estamos tomando o mesmo caminho dos judeus? (Lucas 4, 21-30)

domingo, 17 de janeiro de 2010

As Bodas de Caná



“Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galileia, e achava-se ali a mãe de Jesus.” 
(Jo. 12, 1)

A Aliança entre Deus e os homens sempre foi representada como um casamento. No Antigo Testamento, Deus é apresentado como o esposo e o povo de Israel, a esposa. Na Nova Aliança realizada em Jesus Cristo, é continuada a imagem das bodas, agora entre Deus e a Igreja. Nas bodas de Caná, os noivos não recebem destaque. Nem sabemos quem são. Os personagens que se destacam são Jesus e Maria.

As bodas entre Deus e a humanidade teve seu ápice em Maria. Nossa Senhora foi a esposa do Espírito Santo. Nela foi gerado o Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Tomando nossa carne no ventre de Maria, Deus estabelece com a humanidade a Sua nova e eterna Aliança que será selada por seu sangue, o vinho novo que nos é dado. A Igreja se torna a Esposa imaculada de Jesus Cristo, uma só carne com Ele. Portanto, mantenhamo-nos na Una e única Igreja de Cristo.(João 2, 1-12)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jesus e a Samaritana - surpreendente aproximação


"Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?"



Será que ele se esqueceu de onde estava?

Será que ninguém contou para ele?

Será que ele é um alienado e não conhece o básico da história desta gente?

Esta gente de Samaria.

Descendentes dos desviados israelitas, que sucumbiram, por castigo de Deus, nas mãos dos assírios incircuncisos...

De como foram levados em cativeiro e nunca mais voltaram?

Que, dos miseráveis que restaram, foram misturados com outros gentios.

Que, além de mestiços, sua religião é misturada, e ainda têm a audácia de competir conosco no que se refere aos lugares sagrados?

Que eles nós não cumprimentamos...

Que para eles não vendemos...

Não nos misturamos...

Não lhes damos nossas filhas em casamento?...

Vosso Rabi não sabe nada disso?

A religião desta mulher é maldita; herética, desviada...

Até ela se espantou...

Mas estava ele lá...

Pedindo, justamente a ela... a ela...

Água para beber...

Tão antigo.

Tão moderno.

Tão próximo.

Mas tão distante.

Surpreendentes são...

Os passos de Jesus...

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Batismo de Jesus


“Quando todo o povo ia sendo batizado, Jesus o foi. E estando a orar, o céu se abriu.”
(Lc. 3, 21)

Jesus não tinha pecado, portanto, não era necessário ser batizado, nem mesmo no batismo de arrependimento de João Batista. Assumindo nossa carne, Jesus quer se colocar entre os pecadores, e, já em Seu batismo, começa a receber sobre Si todos os nossos pecados para nossa salvação, a qual será consumada no batismo de sangue no alto da cruz.

Ao ser batizado, o céu se abriu. O paraíso que estava fechado graças ao pecado de Adão, o que impedia de o homem entrar na glória de Deus é aberto pelo segundo Adão, Jesus Cristo. Pela Sua morte e ressurreição, Jesus nos restituiu a justificação e a graça que nos é dada em nosso batismo. Em nosso batismo, nos tornamos templos de Deus, ungidos pelo Espírito, filhos do Pai. Façamos, então, a vontade de Deus, crendo no Seu Filho amado para mantermos a graça que recebemos no santo batismo.
(Lucas 3, 15-16.21-22)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Não há espinhos sem rosas


É doloroso pensar que a vida de tantos homens não é vivida! Não vivem porque não vêem. E não vêem porque olham o mundo, as coisas os familiares, os homens, com seu próprios olhos.

Para ver bastaria seguir cada acontecimento, cada coisa, cada homem com os olhos de Deus.
Vê quem se insere em Deus, quem sabendo ser Ele "Amor", crê nesse amor e raciocina como os santos: "Tudo o que Deus quer e permite é para minha santificação".

Por isto, alegria e dor, nascimento e morte, angústia e júbilo, fracasso e vitória, encontros, amizades, trabalho, doença e desemprego, guerras e flagelos, sorrisos de criança, carinhos de mãe, tudo, tudo é matéria-prima de nossa santificação.

Em torno do nosso ser, gira um mundo de valores de toda espécie, mundo divino, mundo angélico, mundo fraterno, mundo amável e também mundo adverso, dispostos por Deus para nossa divinização, que é nosso verdadeiro fim. E neste mundo, cada um é o centro, porque a lei de tudo é o amor.

E, se para o equilíbrio divino e humano de nossa vida nós temos, por vontade do Altíssimo, de amar, amar sempre o Senhor e os irmãos, a vontade e a permissão de Deus, os demais seres - quer saibam, quer não - servem, movem-se em sua existência, por nosso amor. De fato, para aqueles que amam, tudo concorre para o bem. Com os olhos enevoados e incrédulos, não vemos, freqüentemente, que cada um e todos foram criados como um dom para nós e nós como um dom para os outros.

Entretanto, é assim. E um misterioso vínculo de amor liga homens e coisas, conduz a história, dispões o fim dos povos e de cada ser, no respeito a mais alta liberdade. Mas, depois de algum tempo que a alma, abandonada em Deus, escolheu como lei de sua vida: "crer no amor", Deus se manifesta, e ela, adquirindo nova visão, vê que de cada prova colhe novos frutos; que a cada batalha segue-se uma vitória, que de cada lágrima desabrocha um novo sorriso; sempre novo, porque Deus é a Vida, que permite o tormento, o mal, por um bem maior.

Compreende que o Caminho de Jesus não culmina na paixão e na morte, mas na ressurreição e na ascensão ao Céu.

Então, o modo de observar as coisas "humanamente" perde cor e sentido, e o amargor não turva mais as breves alegrias de sua vida terrena. Para ela, nada exprime o provérbio cheio de melancolia: "Não há rosas sem espinhos", mas, pela onda da revolução de amor em que Deus a envolveu, dá-se precisamente o contrário: "Não há espinhos sem rosas".

Chiara Lubich

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Jesus e a Samaritana - Rompendo Paradigmas


"Neste ponto, chegaram os seus discípulos e se adiraram de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Porque falas com ela?..." (João 4.27)

Jesus...

Um mestre...

Um rabi...

Falando com uma mulher?...

Mas não diz uma velha oração...

Graças a Deus, Senhor, porque não nasci...

...nem gentio...

...nem cachorro...

...nem mulher?

Os rabinos não ensinaram que era pecado ensinar uma mulher?....

E ainda uma samaritana!....

Ai já é demaiis!!!

E ele chega tão perto dela...

Mas quem ousa lhe fazer pergunta?

Quem ousa tomar lhe satisfações?

Mas isso é estranho...

Muito estranho...

Algo talvez diferentemente novo estava ocorrendo ali...

Jesus quebrou paradigmas... Talvez mais do que muitos poderiam suportar...

E, nós? Quebramos também?

Ou repetimos os mesmos atos sedimentados pela cultura, e pelo costume?

Seria Jesus muito "moderno"? Muito "inovador" para o seu tempo? Muito ousado?...

(...)

Precisamos sempre meditar...

...nos passos de Jesus...