sábado, 15 de agosto de 2009

A Assunção da Santíssima Virgem Maria

“E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva.” (Lc 1, 46-48)

Hoje celebramos a Assunção da Santíssima Virgem Maria. Aquela que foi escolhida por Deus desde todos os tempos para ser a mãe do Cristo Salvador, Deus feito homem, após sua vida terrena, foi levada ao céu, por Seu Filho, em corpo e alma. A Imaculada não podia ficar entregue à corrupção. Seu Filho, cumpridor de toda a Lei, honrou Sua mãe até o fim, entronizando-a no Reino de Deus, coroando-a como Rainha.

Se um dos primeiros atos de Salomão foi colocar a sua direita, um trono para sua mãe, e sendo ela uma adúltera, foi coroada rainha do Povo de Deus, quanto mais a incomparável Virgem Maria, cujo trono, “Aquele que é maior que Salomão”, não é infinitamente mais digna de tal honra. Ela é a imagem da Igreja gloriosa. Todas as promessas de Deus se cumpriram primeiramente em Maria. É a ela que devemos imitar.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eu sou o pão vivo descido do céu

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.”
(Jo 6, 51)

Diante do discurso de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, o povo começa a criticá-Lo, por não compreender a profundidade do ensinamento sobre a Eucaristia. Para crer no grande mistério do Santíssimo Sacramento é preciso crer na encarnação do Verbo. Deus fez-se homem em Jesus Cristo, no seio da Virgem Maria. Os judeus não conseguiram acreditar no Deus encarnado. A toda menção de Sua origem divina, argumentam citando Seus pais e parentes. E fica difícil entender como alguém se considera cristão, crê na encarnação, mas não crê na Eucaristia.

Em Seus ensinamentos, Jesus deixa claro que este Pão que Ele nos dá é Seu corpo entregue em sacrifício. Portanto, a Santa Missa não é somente um banquete ou ceia, mas é o sacrifício de Cristo no calvário que se faz presente pelo Espírito Santo e pelas palavras do sacerdote. Participemos da Missa com profundo respeito e reverência. Que recebamos o Corpo e o Sangue do Senhor com adoração.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tendo amado os seus, amou-os até o fim

(Jo 13,1)

Você sabe em que contexto o Evangelho traz essa frase? João o apresenta no momento em que Jesus estava para lavar os pés dos seus discípulos, preparando-se para a sua paixão.
Nas últimas horas de convivência com os seus, Jesus manifesta de maneira suprema e mais explícita o amor que, desde sempre, nutria por eles.

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.”

As palavras “até o fim” significam até o fim de sua vida, até o último respiro. Elas porém encerram também a idéia da perfeição. Querem dizer: amou-os completamente, totalmente, com uma intensidade extrema, até a medida máxima.

Os discípulos de Jesus permanecerão no mundo, ao passo que Jesus estará na glória. Vão sentir-se sozinhos, terão de superar muitas provações. Justamente em vista desses momentos, Jesus quer que eles estejam certos do seu amor.

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.”

Você não percebe nessa frase o estilo de vida do Cristo, o seu modo de amar? Ele lava os pés dos discípulos. O seu amor o leva a fazer também esse serviço, numa época em que essa tarefa era só dos escravos. Jesus está se preparando para a tragédia do Calvário, a fim de dar aos “seus” e a todos – além de suas extraordinárias palavras, além mesmo de seus milagres, além de todas as suas obras – também a vida. Eles tinham necessidade disso, a maior necessidade de toda pessoa: ser libertada do pecado, ou seja, da morte, e poder entrar no Reino dos Céus. Eles deviam ter paz e alegria na Vida que não tem fim. E Jesus se entrega à morte, com seu grito de abandono do Pai, até o ponto de poder dizer, no fim: “Tudo está consumado”.

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.”

Essas palavras revelam a firmeza do amor de um Deus e a ternura do afeto de um irmão.
E também nós, cristãos, podemos amar assim, uma vez que Cristo está em nós.
Agora, porém, não quero tanto propor que você imite Jesus no gesto de morrer pelos outros (quando chegou a hora dele); não quero lhe oferecer, como únicos modelos, o Frei Maximiliano Kolbe, que morreu no lugar de um companheiro de prisão; nem o Padre Damião de Molokai que, tornando-se leproso com os leprosos, morreu com eles e por eles.

Pode ser que, no decorrer dos anos, nunca seja pedido a você que ofereça a sua vida física pelos irmãos. Todavia, o que Deus certamente lhe pede é que ame esses irmãos até as últimas consequências, até o fim, até o ponto de também poder dizer: “Tudo está consumado”.

Foi o que fez a pequena Susete, uma menina italiana de 11 anos. Ela viu a sua amiguinha Georgina, da mesma idade, muito triste. Quis consolá-la, mas não conseguiu. Decidiu, então, ir até o fim e saber o motivo da sua angústia. O pai tinha morrido, e a mãe a deixara sozinha com a avó, indo morar com outro homem. Susete intuiu a tragédia e começou a fazer a própria parte. Apesar de ser pequena, pediu à amiga para falar com a mãe dela. Mas Georgina lhe pediu que fosse primeiro com ela visitar o túmulo do pai. Susete a acompanhou com grande amor e, lá, ouviu Georgina implorar, em lágrimas, que ele viesse buscá-la.

Isso cortou o coração de Susete. Havia no cemitério uma capelinha meio em ruínas. Elas entraram. Só restava um pequeno sacrário e um crucifixo. Susete disse: “Veja, nesse mundo tudo vai acabar, mas aquele crucifixo e aquele sacrário vão ficar!” Georgina, enxugando as lágrimas, respondeu: “É mesmo, você tem razão!” Depois, com delicadeza, Susete tomou Georgina pela mão e foram juntas à casa da mãe da garota.

Chegando lá, com firmeza, Susete lhe disse: “Não quero me intrometer na sua vida, mas a senhora deixou sua filha sem o afeto materno de que ela precisa. E tem mais: a senhora nunca vai ficar em paz enquanto não se arrepender e não levar Georgina para casa”.

No dia seguinte, na escola, Susete ficou ao lado de Georgina, com amor. Mas, na saída, uma surpresa: um carro veio buscar Georgina, e sua mãe estava ao volante. A partir daquele dia, o carro voltou sempre, porque Georgina já estava vivendo com sua a mãe, que abandonou, de uma vez por todas, a relação com aquele homem. Realmente, dessa pequena e grande iniciativa, pode-se dizer de Susete: “Tudo está consumado”. Ela fez bem cada coisa. Foi até o fim. E conseguiu.

Pense um pouco: quantas vezes você começou a cuidar de alguém e, depois, o abandonou, tranquilizando a sua consciência com mil e uma desculpas?
Quantas ações você começou com entusiasmo e, depois, não continuou, diante das dificuldades que pareciam superiores às suas forças? A lição que Jesus dá hoje a você é esta:

“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”.

Faça o mesmo.
E se um dia, Deus, lhe pedir realmente a vida, você não hesitará. Os mártires iam para a morte cantando. O prêmio será a maior das glórias, pois Jesus disse que ninguém no mundo tem maior amor do que aquele que derrama o próprio sangue pelos seus amigos.

Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em abril de 1979.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Milagre da multiplicação

"Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, tornou a retirar-se sozinho para o monte.”
(Jo. 6, 15)


Jesus faz o milagre da multiplicação dos pães, alimentando, com apenas cinco pães e dois peixes, uma multidão de mais de cinco mil pessoas que O seguia e ouvia Seus ensinamentos. Estas pessoas não tinham onde comer e nem comprar o alimento. Jesus, contando com a generosidade de um menino que lhe doou os pães e os peixes, pôde alimentá-las e ainda sobraram doze cestos cheios.

Diante deste maravilhoso milagre, a multidão queria coroá-lo rei, o que Ele rejeita imediatamente. Aquelas pessoas não haviam compreendido o significado profundo de tal milagre. Não era o fato de tê-los alimentado que contava. Jesus, no dia seguinte, faz Seu discurso sobre o Pão da Vida, a Eucaristia. Ele mesmo daria Sua carne e Seu sangue como alimento, o verdadeiro alimento que não mantém a vida do corpo, mas dá a vida eterna. É

Seu corpo, único pão, que se multiplica nos altares de Sua Igreja e alimenta Seu povo. A sobra de doze cestos cheios significa exatamente isto: seus doze apóstolos foram encarregados de distribuir os pães e em seus doze cestos sobraram aquele pão que era destinado a alimentar outras pessoas que não estavam ali. Estas pessoas somos nós que recebemos o Pão das mãos dos sucessores dos apóstolos, os bispos e seus colaboradores, os padres.

A incompreensão do povo que presenciou este milagre continua quando quer coroar Jesus como rei. De fato, Jesus é rei, mas Seu Reino não é deste mundo e queriam que fosse seu rei somente porque se saciaram. O Reino de Deus é mais do que bem-estar. Aliás, Jesus nunca prometeu isto para quem quer segui-Lo. Hoje, vemos muitos líderes que surgem em duas áreas, atraindo o povo prometendo exatamente isto. Uma das áreas é na religião. Proliferam-se igrejas e pastores prometendo bem-estar, vida confortável.

Há casos, como nas áreas mais pobres ou como aconteceu na Guatemala após a passagem de um furacão, que estes pastores e missionários evangélicos, mostram e oferecem alimento aos necessitados para que se convertam à suas igrejas. Isto contraria a caridade que deve ser desinteressada. A caridade pode atrair as pessoas que reconhecem em quem a pratica, a bondade de Deus. Boas obras – se é que tais atitudes podem ser consideradas boas – jamais podem ser moeda de troca. Jesus nunca coagiu ninguém a se converter, nem antes nem depois de um milagre.

Outra área que tais líderes aparecem, é na política. O populismo que avança, principalmente nos países da América Latina, é uma prova disto. Aqueles governos que prometem ou dão dinheiro em forma de bolsa disso, bolsa daquilo, de maneira puramente assistencialista, são os mais populares. São estes presidentes que são aclamados “reis”. E usam esta popularidade para manipular o povo, chantageá-lo – caso saiam do governo, a mamata acaba – para se perpetuarem no poder. E, por detrás destes governos, há ações imorais e anticristãs.

Devemos combater a fome no mundo e, sem dúvida, a Igreja é a principal instituição que a faz. Deus nos deu alimento suficiente para alimentar satisfatoriamente toda a população do planeta. As técnicas agrícolas inovadoras que aumentaram e baratearam a produção de alimentos contrariaram todas as previsões catastróficas que apontavam para uma carestia em níveis nunca vistos.

O que nos falta é distribuir este alimento, não desperdiçá-lo e os mais ricos colaborarem com tecnologia e planos de desenvolvimento agrícola nas áreas mais pobres do planeta. Ou seja, o que nos falta é conversão, é deixarmo-nos guiar pela caridade de Cristo aumentada em nós pela eucaristia. E lembremos sempre que "não só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus". E que Palavra é essa senão Aquela que se fez carne por nós?