domingo, 11 de setembro de 2011

A Igreja, minha Mãe

 «Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus».

Existe na rica Tradição cristã uma afirmação de S. Cipriano, Bispo de Cartago e mártir (+ 258), que talvez surpreenda muitos cristãos de nossos dias: «Não pode ter Deus como Pai quem não tenha a Igreja por Mãe»*. Estas palavras foram escritas numa época turbulenta, em que S. Cipriano se via frente a duas tentativas de ruptura da Igreja; para ele, a fidelidade à Igreja era a fidelidade a Deus Pai; ser filho do Pai Celeste é ser filho da Igreja. Como entender isso?

O Evangelho nos diz que «ninguém vai ao Pai senão por Cristo" (Jo 14,6)... Cristo que é inseparável do seu corpo eclesial ou da sua Igreja (cf. Cl 1,24). O mistério da Encarnação não é um fato isolado, mas algo que repercute em toda a história do Cristianismo. A vida do Pai, que se derramou sobre a humanidade de Cristo, chega a cada cristão através da Santa Igreja, que, por isto, é adequadamente chamada "Mãe" na Tradição cristã.

Mãe... Este vocábulo é dos mais significativos para todo ser humano. É talvez o primeiro conceito que a criança formula, a primeira palavra que ela pronuncia. É da mãe que a criança recebe a vida e os rudimentos da educação e do saber; os ensinamentos, os exemplos, os costumes, o amor da mãe se gravam na memória dos filhos e se tornam decisivos para o futuro destes. É na sua mãe que a criança encontra o primeiro sustentáculo, o seu amparo, a sua força e alegria; é a mãe que explica o mundo ao filho e lhe mostra tudo o que há de bom e belo, como também o que há de insidioso, neste mundo.

Pois bem. A Tradição cristã é constante ao afirmar que a Igreja é nossa Mãe. Não conheço Jesus Cristo senão através dos ensinamentos multisseculares da Santa Mãe Igreja; recebi o Livro que me fala de Jesus Cristo das mãos dessa Mãe e Mestra; foi ela que ouviu, por primeiro, a Palavra de Cristo; vivenciou-a, aprofundou-a e consignou-a por escrito nos livros do Novo Testamento. Aliás, que cristão seria eu, que seria de minha fé, que seria minha oração, se eu estivesse entregue a mim mesmo e me encontrasse a sós diante da Bíblia? Talvez eu fizesse a Bíblia dizer o que eu pensasse, em vez de ouvir a genuína mensagem de Cristo recebida de viva voz pela Igreja e oportunamente redigida pelas suas mãos, que foram Mateus, Marcos, Lucas,...

Mesmo aqueles que se afastam da Igreja para ficar somente com Jesus Cristo só podem falar do Cristo que eles conhecem através da Igreja. Não há outra via de acesso a Cristo senão a Tradição viva da Igreja. Apesar disto, há aqueles que a abandonam, embora alimentados por essa Santa Mãe. Um vento de crítica amarga bate em muitas mentes e resseca os corações, impedindo-os de ouvir o sopro do Espírito. Muito sabiamente dizia S. Agostinho: «Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus». A Igreja é minha Mãe... As censuras que lhe são feitas, não carecem, todas, de fundamento. Mas o volume dessas queixas não supera a grandeza do mistério-sacramento que é a Santa Igreja, o Corpo de Cristo prolongado!


Dom Estêvão Tavares Bettencourt

(*De Catholicae Ecclesiae Unitate, c. 6)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lista dos que perderam a vida

Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Como sempre, no final do ano, a Agência Fides publica uma lista dos agentes pastorais que perderam a vida de modo violento ao longo dos últimos 12 meses. Segundo os nossos dados, foram assassinados 23 agentes pastorais em 2010: 1 Bispo, 15 sacerdotes, 1 religioso, 1 religiosa, 2 seminaristas e 3 leigos.

Analisando a lista por continente, ainda este ano com um número extremamente elevado, consta em primeiro lugar a AMÉRICA, banhada pelo sangue de 15 agentes pastorais: 10 sacerdotes, 1 religioso, 1 seminarista, 3 leigos. Segue a ÁSIA, com 1 Bispo, 4 sacerdotes e 1 religiosa mortos. Enfim, a ÁFRICA, onde um sacerdote e um seminarista perderam a vida de modo violento.

DADOS SOBRE AGENTES PASTORAIS MORTOS 2010 e NOS ÚLTIMOS ANOS:

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Castidade e o Celibato dos Padres

1 Coríntios 7: (7)"Quisera que todos os homens fossem como eu [celibatário]; mas cada um recebe de Deus o seu dom particular, um, deste modo; outro, daquele modo.". (8)"Contudo, digo às pessoas solteiras e às viúvas que é bom ficarem como eu". (27)"Estás ligado a uma mulher? Não procures romper o vínculo. Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher. (38)"Portanto, procede bem aquele que casa a sua virgem; e aquele que não a casa, procede melhor ainda".

À Nosso Senhor, perguntam os discípulos "...não convém casar? ... Não são todos que compreendem esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado"(Mt. 19,11)

"Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos ou irmãs, pai ou mãe, mulher ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá o cêntuplo e a vida eterna" (Mt 19, 29). Em S. Lucas: "Na verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo reino de Deus, casa, pais, irmãos ou mulher que não receberá... a vida eterna" (Lc 18, 29-30)

O Casamento não é obrigatório

O Concílio de Trento esclareceu um ponto muito importante. Afinal, o casamento é de preceito, é obrigatório?

A teologia ensina que o matrimônio foi uma obrigação de direito natural, para nossos primeiros pais, depois da queda; porém, este preceito não obrigava senão no caso de necessidade de propagação ou de conservação da raça humana, como o preceito de esmola não obriga senão no caso da necessidade de um indivíduo: tal é o ensino de Suárez (lib. IX, De cast. c. 1).

O catecismo do concílio de Trento diz que a raça, tendo-se multiplicado, hoje não somente não há obrigação de casar-se, mas antes a castidade é soberanamente recomendada, e aconselhada pela Sagrada Escritura (De matr. 14). Dirão, talvez, que o matrimônio é um meio de evitar as quedas. Não digo o contrário [comenta o Pe. Júlio Maria], mas faço notar que, além deste meio, há muitos outros meios de evitar as fraquezas. Suárez é do mesmo sentimento: Não acredito, diz ele, que um homem possa estar exposto a um tal perigo moral de cair em falta contra a castidade, que seja obrigado a casar-se, pois restam-lhe sempre os meios de fugir das ocasiões, de vencer as tentações pela oração, o jejum e outros remédios deste gênero. (lib. IX, c. 2).

S. Afonso diz que um pai não pode, de nenhum modo, obrigar um filho a casar-se, se este filho pretende escolher um estado mais elevado, como são a castidade no mundo ou a vida religiosa (Theol. Mor. 1. 6 - tr. 6).

S. Pedro era Celibatário - provas da Sagrada Escritura

Os protestantes se arvoram em intérpretes da Bíblia, insinuando, que conhecem-na muito melhor que os católicos. Então, vamos procurar demonstrar - com a mesma Bíblia que eles dizem seguir - que S. Pedro era Celibatário. Eles utilizam o seguinte trecho para tentar provar que S. Pedro não podia ser celibatário: "E a sogra de Simão estava enferma" (Lc 4, 38).

Primeiramente, cabe distinguir entre celibato e castidade. A castidade pressupõe o celibato, mas este não pressupõe aquele. Uma pessoa celibatária pode ter sido casada, por exemplo. Enquanto uma pessoa que guardou a castidade a vida inteira, de regra, nunca foi casada. A não ser que tivesse feito um voto de castidade dentro do casamento, como foi o caso de Nossa Senhora.

S. Pedro, segundo ensina a tradição e segundo vou procurar demonstrar com a Bíblia, foi casado, mas era viúvo ou tinha deixado sua mulher.

Afirmar que S. Pedro era casado por ter uma sogra é um argumento precipitado. Há muitas pessoas que tem sogra mas já não tem mulher. Da Sagrada Escritura, a única coisa de certo que se pode afirmar é que S. Pedro tinha uma sogra e que, portanto, podia ser casado, podia ser viúvo, ou podia ter deixado a esposa.

De qualquer forma, estando viva ou não sua mulher, S. Pedro a tinha deixado, segundo o conselho do Mestre: "Todo aquele que tiver deixado, por amor de mim, casa, irmãos, pais, ou mãe, ou mulher, ou filhos... receberá a vida eterna" (Mt 19, 29).

Eis um conselho do divino Mestre dirigido aos Apóstolos e, na pessoa deles, aos séculos vindouros. Nosso Senhor os convida a deixar tudo, por seu amor... até a própria mulher.

Os Apóstolos compreenderam o convite de Nosso Senhor. E compreenderam tão bem que ficaram admirados, e disseram: "logo quem poderá salvar-se?" (Lc 18, 26).

S. Pedro, sem hesitação, sem embaraço, como quem fala com completa certeza, dirige-se ao divino Mestre, e exclama: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos" (Lc 18, 28).

E o Senhor aprova e apóia esta exclamação de Pedro, respondendo: "Na verdade vos digo, que não há quem deixe, pelo reino de Deus, casa, pais, irmãos ou mulher que não receberá... a vida eterna" (Lc 18, 29-30)

S. Pedro exclama ter deixado tudo... O Mestre o confirma, e promete-lhe o céu em recompensa.

É, pois, claro e irrefutável que S. Pedro, embora tivesse sogra, não tinha, ou tinha deixado a mulher; era pois celibatário como os outros apóstolos. Se assim não fosse, S. Pedro não podia dizer ter deixado tudo, visto não ter deixado a mulher, embora fosse incluída a mulher na enumeração, feita pelo Mestre, daquilo que se pode deixar por seu amor.

Os Padres não se casam seguindo o conselho de Nosso Senhor

O celibato não é obrigação imposta por Deus, mas um conselho de Nosso Senhor transformado em preceito pela Igreja.

S. Paulo, como visto, deixa claro que quem casa faz bem e quem não casa faz melhor (1 Cor 7, 8-40).

O Padre, portanto, escolhe para si o estado de vida mais perfeito, de acordo com sua vocação religiosa e seguindo o exemplo de Nosso Senhor e seus Apóstolos.

Nosso Senhor era Virgem, era a pureza perfeita. O sacerdote católico, que é o seu ministro, procura, o melhor possível, imitar o seu modelo divino, que disse: "Eu vos darei o exemplo para que façais como eu fiz" (Jo 13, 15). E S. Paulo acrescenta: "Sede os imitadores de Deus como filhos queridos" (Ef 5, 1).

Um escolhido para ser o "pastor" do "Povo de Deus" deve procurar, em tudo, o que aconselhou Nosso Senhor (Mt 19, 10 - 20 e 29) e S. Paulo (1 Coríntios 7, 7-38).

Como que para deixar claro a posição do sacerdote ou da pessoa que tem uma vocação mais alta, Cristo afirma: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga" (Mt 16, 24), e ainda: "Se quiseres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá o valor aos pobres" (Mt. 19, 21).

Um pastor protestante tem obrigações com sua esposa e com seus filhos. Obrigações de sustento, de proteção, de amparo, de educação, etc. Portanto, o seu desprendimento das coisas desse mundo acaba ficando tolhido, pelo menos em parte.

A lei eclesiástica que preceitua o celibato, mesmo tendo sido estabelecida posteriormente, era seguida pelos sacerdotes católicos desde os Apóstolos. No começo da Igreja, a própria Bíblia deixa claro o celibato.

Tertuliano, falecido pelo ano 222, diz que "os clérigos são celibatários voluntários".

Eis a lei do celibato, que é uma grande e bela instituição derivada do exemplo e do conselho do próprio Messias.

Resposta a uma objeção comum dos protestantes

Para querer provar que um padre deve se casar, os protestantes, segundo seu costumeiro "Livre Exame", utilizam-se de um texto de S. Paulo. É claro que, segundo a interpretação de cada um, um mesmo texto acaba levando a conclusões diametralmente opostas...

Diz S. Paulo: "Se alguém deseja o episcopado, deseja uma boa obra. Importa que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, sóbrio, prudente, conciliador, modesto, hospitaleiro, capaz de ensinar" (1 Tim 3, 1-2).

Segundo a interpretação corrente que fazem os protestantes desse texto, o padre deve casar-se. Ora, se o próprio Cristo deixou a cada um a liberdade de casar-se ou de ficar celibatário, será que ele recusaria esse direito ao padre?

O que prova esse trecho? Prova apenas o que a Igreja sempre ensinou, ou seja, que o celibato não é uma obrigação divina, mas sim um conselho de Nosso Senhor e do próprio S. Paulo (1 Cor 7, 7 - 38). O Apóstolo não diz: "é preciso que o bispo seja casado!"; mas diz: "Sendo ele casado, deve sê-lo com uma mulher só", excluindo, deste modo, a tal "bigamia" pública ou oculta...

Ora, nunca a Igreja ensinou que o celibato era de ordem divina, mas sim de ordem eclesiástica.

O padre deve ser "pai espiritual" de todos; e para isso, não deve ser pai carnal de ninguém. Seu tempo não lhe pertence e não poderia pertencer à sua família carnal, pois ele deve viver para a Igreja e para a religião, e não para mulher e filhos. Ele deve renunciar ao conforto do lar e à família, para consagrar-se ao serviço de Deus. "Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e me segue não é digno de mim. Aquele que acha a sua vida, vai perdê-la, mas quem perde a sua vida por causa de mim, vai achá-la". (Mt 10, 37-39)

O famoso texto de S. Paulo, longe de contradizer, confirma a doutrina católica mostrando o que sempre foi repetido: que o celibato não foi exigido por Cristo; porém foi aconselhado, pela palavra e pelo exemplo, deixando Jesus Cristo à sua Igreja o cuidado de regular estes pormenores, conforme os tempos e os lugares.

Ninguém é obrigado a ser padre, sendo, deve conformar-se com as decisões da Igreja de Cristo, pois "quem vos escuta, escuta a mim e quem vos despreza, despreza a mim", disse Nosso Senhor aos seus Apóstolos, à sua Igreja (Lc 10, 16).

Aliás, como tudo isso é diferente do protestantismo, que nasceu e foi impulsionado por pessoas que desejavam o adultério e a fornicação: Calvino, Henrique VIII, Lutero e Zwinglio!

Agora, querendo justificar sua posição, protestantes procuram lançar pedras contra o sacerdócio católico... Ignoram a Bíblia, os conselhos de Cristo e os preceitos da Igreja. Mais deveriam tentar limpar a imagem de seus 'fundadores' do que atacar a Igreja fundada por Cristo!

Fonte: Curiosidades Católicas