segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

És Tu Senhor, meu único bem

Diante de uma dor física ou espiritual, diante de um imprevisto, de urna desgraça, de uma incompreensão familiar ou social, diante de tudo aquilo que nos incomoda e nos sentimos mal é necessário concentrar-se e, com a alma, pôr-se diante de Deus que está em nós e dizer-lhe: “Esta dor não é aquilo que parece, isto é, falta de paz, de luz, de alegria, de compreensão, de companhia, não é aquele Pecado, aquela traição etc., esta realidade és Tu”. 

De fato todo o negativo de cada homem, todo o negativo do mundo, Jesus tomou sobre si, revestiu-se disso, compenetrou este negativo e a tudo redimiu. O Filho, transformado naquele horror, pareceu não ser reconhecido pelo Pai e Jesus não sentiu mais o amoroso olhar paterno sobre si e não mais gritou: “Meu Pai”, mas: “Meu Deus”. Aquelas palavras de Jesus parecem um grito de revolta, de desespero. Ele é Deus que sabe tudo e, no entanto, pergunta: “Por que?!" Queria doar-nos o Pai e por isso, num certo momento, não mais o viu, não sentiu sua presença. Por isso nós, apenas reconhecemos precisamente a sua realidade naquela nossa dor, depois de dizer-lhe “Es Tu”, o amávamos. 

Todo sofrimento e toda dor era, portanto, um encontro com ele. Era como se Jesus naquele particular sofrimento se manifestasse a nossa alma e nos perguntasse: “Você me ama também nesta circunstância?”. Então lhe dizíamos: “Eu não quero a saúde, a paz, a alegria, a solução, a luz etc., mas eu quero o que me faz sofrer porque és tu”. E, tendo abraçado Jesus Abandonado, voltávamos ao trabalho, ao descanso, as atividades daquele dia, ancorados nele, projetados nele, sem considerar aquele nosso pequeno sofrimento que talvez tinha atingido a todos. E depois de um pouco víamos clarear-se o céu de nossa alma.

Doriana Zamboni

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