quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Não há espinhos sem rosas


É doloroso pensar que a vida de tantos homens não é vivida! Não vivem porque não vêem. E não vêem porque olham o mundo, as coisas os familiares, os homens, com seu próprios olhos.

Para ver bastaria seguir cada acontecimento, cada coisa, cada homem com os olhos de Deus.
Vê quem se insere em Deus, quem sabendo ser Ele "Amor", crê nesse amor e raciocina como os santos: "Tudo o que Deus quer e permite é para minha santificação".

Por isto, alegria e dor, nascimento e morte, angústia e júbilo, fracasso e vitória, encontros, amizades, trabalho, doença e desemprego, guerras e flagelos, sorrisos de criança, carinhos de mãe, tudo, tudo é matéria-prima de nossa santificação.

Em torno do nosso ser, gira um mundo de valores de toda espécie, mundo divino, mundo angélico, mundo fraterno, mundo amável e também mundo adverso, dispostos por Deus para nossa divinização, que é nosso verdadeiro fim. E neste mundo, cada um é o centro, porque a lei de tudo é o amor.

E, se para o equilíbrio divino e humano de nossa vida nós temos, por vontade do Altíssimo, de amar, amar sempre o Senhor e os irmãos, a vontade e a permissão de Deus, os demais seres - quer saibam, quer não - servem, movem-se em sua existência, por nosso amor. De fato, para aqueles que amam, tudo concorre para o bem. Com os olhos enevoados e incrédulos, não vemos, freqüentemente, que cada um e todos foram criados como um dom para nós e nós como um dom para os outros.

Entretanto, é assim. E um misterioso vínculo de amor liga homens e coisas, conduz a história, dispões o fim dos povos e de cada ser, no respeito a mais alta liberdade. Mas, depois de algum tempo que a alma, abandonada em Deus, escolheu como lei de sua vida: "crer no amor", Deus se manifesta, e ela, adquirindo nova visão, vê que de cada prova colhe novos frutos; que a cada batalha segue-se uma vitória, que de cada lágrima desabrocha um novo sorriso; sempre novo, porque Deus é a Vida, que permite o tormento, o mal, por um bem maior.

Compreende que o Caminho de Jesus não culmina na paixão e na morte, mas na ressurreição e na ascensão ao Céu.

Então, o modo de observar as coisas "humanamente" perde cor e sentido, e o amargor não turva mais as breves alegrias de sua vida terrena. Para ela, nada exprime o provérbio cheio de melancolia: "Não há rosas sem espinhos", mas, pela onda da revolução de amor em que Deus a envolveu, dá-se precisamente o contrário: "Não há espinhos sem rosas".

Chiara Lubich

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