segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Mistério do Sangue

“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade, vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós”. (Jo 6,53).

Também para nós cristãos, já habituados à realidade da Igreja e freqüentando regularmente os santos sacramentos, estas palavras são muito fortes. Nós, diferentemente dos fariseus e dos discípulos vacilantes, acreditamos firmemente na presença de Jesus na Eucaristia. Mas inconscientemente, talvez, temos atenuado na nossa psicologia a realidade que ela encerra.

Tem-se procurado exprimir a presença de Jesus com outras palavras, como: o santo sacramento, a Eucaristia, a sagrada espécie, o sagrado banquete, etc., palavras certamente verdadeiras, mas que, sem uma explicação adequada nos levam a fixar a atenção em aspectos marginais ou secundários. Jesus é mais claro quando, ainda antes da última ceia, revela este mistério: “Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue...” Ele nos põe em contato direto com as verdades divinas, sem abstrações nem metáforas.

A sua realidade é dura porque nos arrebata do plano natural, do plano das filosofias, para se apresentar a Si mesmo como mistério de salvação, com a sua carne e com o seu sangue.
Também nós cristãos somos tentados a perguntar como é possível que a carne e o sangue de Cristo produzam em nós a vida. Se a Eucaristia é considerada só como um símbolo, estes problemas não surgem, porque, deste modo, temo-la reduzida às nossas categorias humanas.

Mas a santa Eucaristia não é um símbolo, é uma realidade. A explicação das suas palavras no-la dá Jesus mais adiante ao dizer: “E o espírito que vivifica; a carne não serve para nada” (Jo.6,63). Ou seja, a carne de Jesus tornar-se-á vivificante quando penetrada no Espírito Santo, depois da sua paixão.

A Eucaristia está, por isso, essencialmente ligada ao mistério da crucificação: ela o renova e o torna realidade sempre presente.
E por isso que Jesus nos fala de si, da sua verdadeira carne e do seu verdadeiro sangue, mas enquanto virão a ser imolados sobre a cruz e exaltados com a ressurreição dos mortos, quando o corpo de Jesus tiver sido dotado da capacidade de transformar os fiéis em membros seus.

Por tais motivos Jesus disse: “Quem come a minha carne e bebe do meu sangue fica em mim e eu nele” (Jo 6,56). Começa a vislumbrar de que modo o próprio mistério da Igreja se identifica com o mistério eucarístico. Disse S. João Crisóstomo: “Ao comermos o seu corpo unimo-nos a Ele e tornamo-nos um só corpo de Cristo e uma só carne”. Por estes mesmos motivos, participando da Eucaristia, encontramos a unidade também entre nós, pois tornamo-nos mais plenamente membros do seu corpo. A comunhão com Cristo não pode deixar de realizar uma comunhão espiritual entre os membros.

A Eucaristia é o ponto de convergência de toda a realidade cristã. Disse Santo Tomás: “A eucaristia é a consumação da vida espiritual e o fim de cada sacramento”.

(Pe. Foresi, “Palavras de Vida’)

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