quarta-feira, 10 de junho de 2009

Eu sou a videira e vós, os ramos


“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”
(Jo 15,5)

Você já imaginou um ramo separado da videira? Não tem futuro, não tem mais nenhuma esperança, não tem fecundidade e o seu fim não pode ser outro senão secar e ser queimado.
Pense a que morte espiritual você está destinado, como cristão, se não permanecer unido a Cristo. É assustador! É a esterilidade completa, mesmo que você trabalhe o dia inteiro ou que se considere útil à humanidade, mesmo que os amigos o elogiem e que os seus bens terrenos aumentem, ou até que faça sacrifícios consideráveis. Tudo isso pode ter um sentido para você aqui na terra, mas não tem nenhum significado para Cristo e para a vida eterna. E é essa a vida que mais importa.

“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”

De que modo você pode permanecer em Cristo e Cristo permanecer em você? Antes de mais nada é preciso que você acredite em Cristo. Contudo, isso não basta. A sua fé deve influir na realidade concreta de sua vida. Ou seja, você deve viver em conformidade com essa fé, colocando em prática as palavras de Jesus.

Ainda assim, Cristo não sentirá sua união com ele, se você não se esforçar para estar inserido na sua comunidade eclesial, na sua Igreja local.

“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”

“Aquele que permanece em mim, como eu nele”. Percebeu como Cristo fala de uma unidade sua com ele, mas também de uma unidade dele com você? Se você está unido a ele, ele está em você, está presente no íntimo do seu coração. E daí nasce um relacionamento e um diálogo de amor mútuo, uma colaboração entre Jesus e você, discípulo dele.

E eis a consequência: dar muito fruto, exatamente como um ramo bem unido à videira que produz saborosos cachos de uva.

“Muito fruto” significa que você será dotado de uma verdadeira fecundidade apostólica, ou seja, da capacidade de abrir os olhos de muitas pessoas para as palavras incomparáveis e revolucionárias de Cristo, e estará em condições de dar a essas pessoas a força de se nortear por elas.

“Muito fruto” significa ainda que você saberá suscitar, ou mesmo desenvolver, obras pequenas ou grandes para atender às mais variadas necessidades do mundo, de acordo com os dons que Deus lhe deu.

“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”

Todavia, “muito fruto” não significa apenas o bem espiritual ou material dos outros, mas também o seu bem pessoal.
Também o crescimento interior, também a sua santificação pessoal depende da sua união com Cristo.

Santificar-se. Nos tempos em que vivemos, talvez essa expressão lhe parecerá um anacronismo, uma coisa inútil, ou uma utopia.

Mas não é assim. O tempo presente passa e, com ele, passam também as visões parciais, errôneas, contingentes. Permanece a verdade. Dois mil anos atrás, Paulo, o Apóstolo, dizia claramente que a santificação é vontade de Deus para todos os cristãos. O Concílio Vaticano II disse que todo o povo de Deus é chamado à santidade.
Trata-se de opiniões abalizadas.
Portanto, procure colher, na sua vida, também o “muito fruto” da santificação, que será possível somente se você estiver unido a Cristo.

“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”

Você notou que Jesus não lhe pede diretamente o fruto, mas que o considera uma consequência do fato de “permanecer” unido a ele?
Pode ser que também você caia no erro em que se encontram muitos cristãos: ativismo, ativismo, obras, obras para o bem dos outros, sem terem o tempo de verificar se estão em tudo e por tudo unidos a Cristo.

É um erro. Tem-se a ilusão de produzir frutos, mas não são esses os que Cristo em você, Cristo com você poderia produzir. Para produzir o fruto duradouro, o que tem a marca de Deus, é preciso permanecer unido a Cristo. E, quanto mais você permanecer unido a ele, mais frutos produzirá.

De fato, se você conhece pessoas que vivem dessa maneira, vê que elas, talvez com um simples sorriso, com uma palavra, com o habitual comportamento cotidiano, com sua atitude diante das diversas situações da vida, tocam os corações, levando-os até mesmo a encontrar Deus.

E foi o que aconteceu com os santos. Nós também não devemos desanimar. Também os cristãos comuns podem produzir fruto. Veja, por exemplo, esse fato:

Estamos em Portugal. Maria do Socorro entrou na faculdade, após terminar o ensino médio. O ambiente é difícil. Muitos de seus colegas lutam, conforme a própria ideologia, e cada um quer levar consigo os estudantes que ainda não assumiram nenhuma posição política.

Socorro sabe muito bem qual é o seu caminho, embora seja difícil explicá-lo: seguir Jesus e permanecer unida a ele. É tachada de sem posição e sem ideais pelos seus colegas, que não conhecem nada de suas convicções. Algumas vezes, ela sente respeito humano, sobretudo quando entra na igreja. Mas não se desencoraja, porque sabe que deve permanecer unida a Jesus.

Aproxima-se o Natal. Socorro percebe que alguns dos colegas não podem ir festejar essa data com os familiares, pois moram muito longe, e então propõe aos demais colegas que ofereçam juntos um presente aos que não podem viajar. Surpreendetemente, todos aceitam a proposta.
Algum tempo depois acontecem as eleições para representante de curso e, para sua grande surpresa, justamente Socorro é eleita. Mas a surpresa é ainda maior quando lhe dizem: “É lógico que a eleita tenha sido você! É a única que tem uma posição bem definida, que sabe o que quer e o que fazer para realizá-la”. Alguns de seus colegas se interessaram pelo seu ideal e decidem viver da mesma forma.

Um bom fruto da perseverança de Maria do Socorro em permanecer unida a Jesus.

Chiara Lubich

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