sábado, 30 de maio de 2009

A FLOR DE MARACUJÁ



A palavra maracujá é de origem tupi e significa alimento em forma de cuia. Os índios já a conheciam muito antes dos colonizadores chegarem ao Brasil.

Os jesuítas foram os responsáveis pelo seu descobrimento e catalogação, bem como a divulgação do seu sabor e propriedades calmantes.

Todavia ainda não haviam vislumbrado o que o maracujá, a fruta da paixão, tem de mais belo, a sua flor.

Missionários espanhóis do século XVI viram a flor do maracujá e ficaram em êxtase. Acharam que sua estrutura representava a Paixão de Cristo. As pétalas e sépalas representavam os apóstolos, as anteras simbolizavam as chagas de Cristo, os três estigmas faziam referência aos três pregos na cruz, e os filamentos a coroa de espinhos....As flores seriam manchadas de roxo em virtude do sangue de Cristo.

A flor do maracujá é mesmo mágica, foi cantada em verso e prosa ao redor do mundo. Quando a vi pela primeira vez tive uma sensação de tristeza e alegria ao mesmo tempo, algo que me provou que sentimentos opostos podem sim conviver num mesmo corpo. (André Luiz Aquino)

O nosso Catulo da Paixão Cearense, cantou em versos, na ingenuidade da linguagem sertaneja, toda a beleza e sim-plicidade dessa mística religiosa, como veremos a seguir:

A FLOR DO MARACUJÁ
Catulo da Paixão Cearense

Encontrando-me com um sertanejo,
perto de um pé de maracujá,
eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo...
Porque razão nasce roxa
A flor do maracujá?

Ah, pois então eu lhi conto,
a istória que ouvi contá...
A razão pru que nasci roxa,
a frô do maracujá.

Maracujá já foi branco,
eu posso inté lhe ajurá...
Mais branco qui caridadi,
mais branco do que o lua...

Quando a frô brotava nele,
lá pros cunfim do sertão,
maracujá inté parecia
um ninho de argodão

Mais um dia, há muito tempo,
num meis que inté num mi alembro,
si foi maio, si foi junho,
si foi janero ou dezembro...

Nosso sinhô Jesus Cristo,
foi condenado a morrê...
Numa cruis crucificado,
longe daqui como o quê...

Pregaro Cristo a martelo...
E ao vê tamanha crueza,
a natureza inteirinha,
Poisse a chorá di tristeza...

Chorava us campu,
as foia, as ribera...
Sabiá também chorava
Nus gaio da laranjera...

E havia junto da cruis,
um pé de maracujá...
Carregadinho di frô,
aos pé de nosso Sinhô...

I o sangui de Jesus Cristo,
sangui pisado di dô,
nus pé du maracujá,
tingia todas frô...

Eis aqui seu moço,
a istoria que eu vi contá,
a razão pruque nasce roxa...
A frô do maracujá
.

LOR DO MARACUJÁ
Catulo da Paixão Cearense


Um comentário:

Luna disse...

Com tanta beleza, só pode mesmo estar conectada com o Divino

Namastê