quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A pequena semente

Nunca viste numa estrada abandonada, mas acariciada pela primavera, despontar a tenra erva e reflorescer, sem cessar, a vida?

Assim acontece com a humanidade que te circunda, se deixas de enxergá-la com o olhar da terra e a revigoras com o raio divino da caridade.

O amor sobrenatural em tua alma é um sol, que não admite trégua ao reflorescer da vida.
É uma vida, que é a pedra angular no teu ângulo de vida. Nada mais é preciso para soerguer o mundo, para restitui-lo a Deus.

O dom da palavra, a fineza do trato, o lampejo da arte, o cabedal de cultura, a experiência dos anos, são dotes, certamente, que não se devem descurar. Mas, para o Reino eterno vale o que tem mais vida.

É linda, e boa, e saborosa, e colorida, a fatia perfumada da maçã, mas, enterrada, morre e não deixa traço.

A pequena semente, que não agrada ao paladar, insípida e insulsa, enterrada, produz novas maçãs.

Assim a vida em Deus, a vida do cristão, o caminho incandescente da Igreja. Ela, alta e solene, apóia-se em colunas que os séculos disseram insensatas, idiotas, loucas...; sobre as quais investiu a fúria do príncipe do mundo, para destruir até o último rebento. Resistiram.
O Pai as podou para que, presas à videira, dessem frutos abundantes; e as exaltou, gloriosas, no Reino da vida.

Tu, eu, o leiteiro, o agricultor, o porteiro, o pescador, o operário, o camelô... E os outros todos, idealistas desiludidos, mães carregadas de pesos, noivos em vésperas de núpcias, velhinhas sem brilho à espera da morte, jovens vibrantes, todos... Todos são matéria-prima para a sociedade de Deus. Basta que haja neles um coração que mantenha alta, ereta, direcionada a Deus, a chama do amor.


Chiara Lubich

Um comentário:

Dennys Silva-Reis disse...

Que as palavras do Senhor sejam sempre aquilo que precisarmos para nos sustentar.