sexta-feira, 4 de julho de 2008

Regra de ouro

“Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas.”
(Mt 7,12)

Você já sentiu alguma vez uma sede de infinito? Já sentiu alguma vez em seu coração o desejo ardente de abraçar a imensidão? Ou, então: já percebeu alguma vez em seu íntimo a insatisfação por aquilo que faz, pelo que você é?

Se assim for, ficará feliz por encontrar uma fórmula que lhe dê a plenitude com que tanto você sonha: algo que não deixe remorsos pelos dias que se vão semivazios...
Há uma frase no Evangelho que faz pensar e que, se entendida nem que seja um pouco, faz vibrar de alegria. Nela está condensado o que devemos fazer na vida. Ela resume cada lei que Deus imprimiu no fundo do coração de cada homem. Ouça esta frase:

“Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas.”

Ela se chama “regra de ouro”.
Foi Cristo quem a trouxe, mas já era universalmente conhecida. O Antigo Testamento a trazia. Sêneca a conhecia, e o chinês Confúcio, no Oriente, a repetia. E outros ainda. Isso mostra o quanto ela importa a Deus: ele quer que todos os homens façam dela a norma de suas vidas.
É linda de ler e ecoa como um slogan. Ouça-a novamente:

“Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas.”

Amemos assim cada próximo que encontramos no correr do dia. Imaginemos estar na sua situação e tratemo-lo como gostaríamos de ser tratados em seu lugar. A voz de Deus que mora dentro de nós haverá de nos sugerir a expressão de amor adequada a cada circunstância.

Ele está com fome? Estou com fome eu – pensemos. E demos a ele de comer.
Sofre injustiça? Sou eu que a sofro! Está nas trevas e na dúvida? Sou eu que estou. E lhe digamos palavras de conforto, e dividamos com ele suas angústias, e não sosseguemos enquanto ele não se sentir iluminado e aliviado. Nós quereríamos ser tratados assim.
É alguém com deficiência física? Quero amá-lo até quase sentir em meu corpo e em meu coração a sua deficiência, e o amor haverá de me sugerir o recurso certo para fazer que se sinta igual aos outros, aliás, com uma graça a mais, pois nós cristãos sabemos o valor do sofrimento.

E assim com todos, sem discriminação alguma entre simpático e antipático, entre jovem e ancião, entre amigo e inimigo, entre compatriota e estrangeiro, entre bonito e feio... O Evangelho quer realmente dizer todos.

Tenho a impressão de ouvir um murmúrio geral...
Compreendo... Talvez essas minhas palavras pareçam simples, mas quanta mudança elas exigem! Quão longe estão do nosso modo costumeiro de pensar e de agir!
Mas, coragem! Tentemos.

Um dia passado assim vale uma vida. E, à noite, não nos reconheceremos mais a nós mesmos. Uma alegria jamais sentida nos invadirá. Uma força se apoderará de nós. Deus estará conosco, porque está com aqueles que amam. Os dias se seguirão plenos.

Às vezes, pode ser que reduzamos a marcha, que sejamos tentados a desanimar, a largar tudo. E queiramos voltar à vida de antes… Mas não! Coragem! Deus nos dá a graça. Recomecemos sempre. Perseverando, veremos lentamente o mundo mudar à nossa volta.

Entenderemos que o Evangelho é portador da vida mais fascinante, acende a luz no mundo, dá sabor à nossa existência, tem em si o princípio da resolução de todos os problemas. E não teremos paz enquanto não comunicarmos a nossa extraordinária experiência a outros: aos amigos que nos podem entender, aos parentes, a quem quer que nos sintamos impelidos a transmiti-la. A esperança renascerá.

“Tudo, portanto, quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles. Isto é a Lei e os Profetas.”

Chiara Lubich


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